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Por O Globo e agências internacionais — Kiev e Moscou

A Ucrânia afirmou nesta terça-feira ter interceptado seis mísseis hipersônicos Kinjal, uma das armas de tecnologia mais avançada do Kremlin — algo que, se confirmado, reforçaria a capacidade ucraniana de fazer frente a uma das armas convencionais russas mais sofisticadas. O país de Vladimir Putin, por sua vez, diz que os intensos bombardeios durante a madrugada foram bem-sucedidos ao destruir um moderno sistema de de defesa aérea Patriot, doado pelos Estados Unidos.

A veracidade das informações russas não puderam ser verificadas, mas fontes no governo americano disseram ao New York Times que Kiev de fato abateu os Kinjals — algo que analistas independentes hesitam em fazer. A disputa narrativa, contudo, coincide com um dos maiores assaltos aéreos contra o território ucraniano desde o início de março.

A Ucrânia afirma ter derrubado 18 mísseis russos — os seis Kinjals, nove mísseis de cruzeiro Kalibr disparados de navios no Mar Negro e três mísseis de curto alcance lançados da terra. O ataque também incluiu diversos drones, instrumentos cada vez mais corriqueiros na guerra. Em Kharkiv há relatos de duas mortes, além de outras quatro em Donestk.

Defesa aérea ucraniana derruba drones e mísseis russos na noite de Kiev

Defesa aérea ucraniana derruba drones e mísseis russos na noite de Kiev

Não está claro quantos mísseis miraram Kiev, onde autoridades afirmaram durante a madrugada terem enfrentado uma onda "excepcional" de ataques por volta das 3h (22h de segunda no Brasil). Foi o oitavo assalto de ampla dimensão contra a cidade neste mês. As explosões clarearam os céus e explosões foram ouvidas durante a capital conforme os artefatos eram interceptados. Destroços deixaram ao menos três feridos, caindo também sobre o zoológico da cidade.

As declarações da Força Aérea da Ucrânia sobre os seis Kinjals interceptados vieram rápido, com o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov, tuitando que houve um "outro êxito incrível da Força Aérea ucraniana". Há uma semana, o país afirmou pela primeira vez ter interceptado o armamento russo, usando os Patriots americanos, algo recebido como um triunfo pelos aliados ocidentais.

"Na noite passada, nossos defensores dos céus derrubaram seis mísseis hipersônicos russos Kinjal e 12 outros mísseis", escreveu Reznikov.

O próprio presidente russo, Vladimir Putin, apresentou o Kinjal — nome que em português significa "punhal" ou "adaga" — em 2018, descrevendo-o como uma "arma ideal" devido à dificuldade de ser interceptado e facilidade de manobra. Ele alcança velocidade hipersônica e tem alcance de mais de 1,5 mil km. Os mísseis hipersônicos recebem esse nome por conseguirem atingir velocidades até mais de cinco vezes superiores à velocidade do som.

Misseis supersônicos Kinjal, algumas das armas convencionais mais modernas da Rússia — Foto: Arte O Globo
Misseis supersônicos Kinjal, algumas das armas convencionais mais modernas da Rússia — Foto: Arte O Globo

Os russos não confirmaram especificamente o uso do armamento de alta tecnologia, mas disse por meio do seu Ministério de Defesa ter atingido "todos os objetivos", com seus projéteis alcançando "posições móveis do Exército ucraniano", armazéns de munições e armas Ocidentais. Afirmaram também ter destruído o poderoso sistema Patriot e sete mísseis britânicos de longo alcance Storm Shadow, entregues na semana passada.

Kiev não afirmou dessa vez com qual sistema interceptou os artefatos hipersônicos russos, mas há uma semana disse que o primeiro abate dos Kinjals ocorreu com um Patriot. Kiev recebeu as primeiras peças desses sistema de defesa — os mais avançados que os EUA possuem — em meados de abril, após intensos pedidos do presidente Volodymyr Zelensky.

O Patriot é um míssil superfície-ar móvel e um sistema de míssil antibalístico que pode interceptar outros mísseis antes que estes atinjam os seus alvos, além de aeronaves. Montados em caminhões para serem transportados facilmente, cada sistema é capaz de conter quatro interceptadores de mísseis. Além disso, é capaz de projetar defesas a cerca de 965 km.

Os ataques vieram dois dias após o jornal americano Washington Post noticiar, a partir de documentos vazados do Pentágono, que Zelensky planeja a porta fechadas ataques ambiciosos contra o território russo — algo que pode ameaçar o bilionário apoio militar que recebe do Ocidente. Desde que a guerra eclodiu no ano passado, os Estados Unidos e seus aliados ocidentais calculam seu auxílio para que não dê margem para acusações de cobeligerância, o que poderia acirrar ainda mais a guerra.

Materiais vazados na mesma leva apontam preocupações americanas com a capacidade de Kiev de ser bem-sucedida na sua contraofensiva esperada para esta primavera boreal, em meio a relatos dissonantes sobre o real estado dos preparativos. Zelensky disse na semana passada que um pouco mais de tempo é necessário, mas novas doações ocidentais nos últimos dias parecem ter favorecido o país do Leste Europeu em meio a um tour de seu presidente pelas potências continentais.

Encabeçados pelos americanos e pela União Europeia, o grupo de aliados fornece não só ajuda militar e humanitária a Kiev, mas também aplica uma enxurrada de sanções econômicas contra a Rússia para tentar minar suas capacidades de financiar a guerra. Os impactos, contudo, ficam aquém do esperado, com as exportações de petróleo de Moscou em abril batendo recorde desde o início da guerra.

Cerca de 80% do combustível vendido pelos russos neste intervalo foram para a China e a Índia, segundo a Agência Internacional de Energia. Ambos países adotam posição de neutralidade no conflito, por vezes equiparada a um apoio tácito às ações do Kremlin, e aproveitam os descontos no combustível russo que antes ia para a Europa para abastecer seus tanques.

A receita obtida por Moscou, contudo, foi 27% menor que em abril do ano passado, segundo estimativas da agência internacional. A queda deve-se à redução do preço do barril, mas também ao teto no preço do petróleo e refinados russos, com o qual o G7 concordou respectivamente em dezembro e fevereiro.

A China, em particular, é criticada por seu alinhamento tácito a Kiev — o presidente Xi Jinping só conversou com Zelensky no mês passado, em uma conversa telefônica, após meses se consolidando como o principal aliado de Putin. Os russos se escoram em Pequim para ter maior credibilidade e driblar o isolamento ocidental.

Para os chineses, o Kremlin é um aliado-chave contra o que considera ser um cerco ocidental a seus interesses estratégicos, em especial na Ásia, e no desejo de fazer frente à hegemonia americana com a defesa de uma ordem multipolar. Com relações complicadas durante a Guerra Fria, China e Rússia se aproximaram nos últimos anos em meio ao acirramento das tensões sino-americanas.

A guerra também é vista por Xi como uma possibilidade de se consolidar como estadista, com seu plano de 12 pontos para a paz na Ucrânia, apresentado em 24 de fevereiro, aniversário de um ano do conflito. O documento pede um cessar-fogo, defende a integridade territorial — sem esclarecer como isso se aplicaria aos territórios ucranianos anexados por Moscou — e oferece benefícios à Rússia com a suspensão das sanções internacionais.

O Ocidente crê que Pequim é peça-chave para tentar convencer Putin a cessar as agressões, demandando que Xi fosse mais pró-ativo também com relação a Kiev. Após a conversa com Zelensky, algo que por meses foi pressionado a fazer, o presidente chinês enviou altos representantes à Ucrânia nesta semana.

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