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Por O Globo, AFP — Bakhmut, Ucrânia

Os ucranianos afirmam ter recuperado 20 km² de territórios ocupados pela Rússia nos arredores de Bakhmut, palco da batalha mais longa e mais sangrenta nos quase 15 meses da invasão do presidente Vladimir Putin. Se confirmadas, as alegações ucranianas indicariam um triunfo significativo após semanas sem grandes mudanças na configuração das forças no Leste ucraniano.

Em um comunicado postado nas redes sociais, a vice-ministra da Defesa, Ganna Malyar, afirmou:

"Nos últimos dias, nossos soldados liberaram 20 km² ao norte e ao sul dos subúrbios de Bakhmut. Ao mesmo tempo, o inimigo avança dentro da própria cidade e a destrói completamente com sua artilharia", escreveu ela.

As afirmações não puderam ser imediatamente confirmadas, mas há relatos de que há de fato movimentos na linha de frente na cidade, que antes da guerra tinha 80 mil habitantes. Os ucranianos afirmam que conseguem seguir em frente apesar da forte resistência russa no norte e no sul, forçando Moscou a alocar recursos para proteger a região enquanto se prepara para a aguardada contraofensiva de Kiev prevista para as próximas semanas.

Se confirmados, os avanços serão um impulso para Kiev em meio a dúvidas sobre suas condições de recapturar territórios, explicitadas por especialistas e por documentos do Pentágono vazados no mês passado. O próprio presidente Volodymyr Zelensky disse crer que mais tempo seria necessário para que a operação ocorresse com o menor número possível de fatalidades.

Novas levas de armas prometidas por aliados europeus no fim de semana, contudo, oxigenaram os ânimos em Kiev. Chegou-se a especular que os triunfos em Bakhmut poderiam ser o início da contraofensiva, mas autoridades negaram que este seja o caso.

Sob ataques desde maio do ano passado, apesar da situação ter se agravado em agosto, Bakhmut causa enormes perdas humanas para ambos os lados. As forças russas conseguiram o controle de cerca de 90% da região, mas, após meses na defensiva, a Ucrânia começou na semana passada uma série de ataques coordenados que possibilitaram a reconquista de territórios nas adjacências.

Nos últimos dois dias, os ucranianos conseguiram ampliar a vantagem sobre os avanços da semana passada. Na segunda, um porta-voz das forças ucranianas no leste, Serhiy Cherevaty, havia dito que tinham conseguido caminhar cerca de 2 km em algumas direções.

Ele não deu mais detalhes, mas disse que a situação foi melhor em alguns pontos do que em outros, com batalhas disputadas em áreas equivalentes a até três campos de futebol. Cherevaty confirmou que há represália russas em alguns pontos.

Moscou não confirmou qual é a real situação no local, mas blogueiros pró-Rússia reconheceram nas redes sociais que houve ganhos ucranianos. Os avanços ainda são pequenos, mas representam um momento importante para Kiev às vésperas da contraofensiva, para qual os russos parecem ter se preparado melhor desta vez.

Há notícias de que a linha de defesa russa se estende por entre 800 km e 900 km, e a situação em Bakhmut força o Kremlin a recalcular sua divisão de forças. Os supostos sucessos adversários apresentam a Moscou a necessidade de ponderar até que ponto desejará proteger a cidade ou se preparar para a onda iminente de contra-ataques.

Comandantes militares e analistas ocidentais creem que a operação ucraniana não deve se limitar a um único evento. Os pormenores da estratégia não vieram à tona, mas especula-se que Kiev tentará liberar Zaporíjia, no Sul, além de isolar a Península da Crimeia, anexada em 2014.

Mesmo com a bilionária ajuda militar do Ocidente, a Ucrânia deve ter dificuldades. Andriy Biletsky, comandante da Terceira Brigada de Assalto da Ucrânia, que supostamente fez os avanços iniciais em Bakhmut, afirmou em uma entrevista na semana passada que "tanques [russos] e novas unidades estão sendo deslocadas".

A situação é fluida, mas os militares ucranianos e blogueiros russos mostram como está o cenário. No sul, soldados de Kiev relatam um avanço em bosques no sul de Ivanivske, seguindo em direção a Klishchiivka, pequeno vilarejo que o grupo paramilitar Wagner afirmou ter capturado em janeiro — a área é vista como estrategicamente importante porque está em uma região elevada ao leste das estradas que chegam a Bakhmut, possíveis rotas de abastecimento.

No fim de semana, o jornal americano Washington Post noticiou que o líder do Wagner, Yegveny Prigojin, teria oferecido aos ucranianos detalhes sobre as posições de soldados russos em Bakhmut em troca da retirada dos soldados de Kiev dos arredores da cidade. O chefe dos mercenários, na segunda, negou que a proposta tenha sido feita.

Prigojin tem uma relação conturbada com as Forças Armadas russas, cujo alto escalão vê com maus olhos o protagonismo que os paramilitares vêm assumindo. Neste mês, chegou a ameaçar abandonar Bakhmut caso os russos não mandassem munições para seus soldados, algo que aconteceu depois.

Associado ao Wagner, o blogueiro militar russo Gray Zone disse na sexta-feira que as novas posições ucranianas dão a Kiev uma "posição tática vantajosa, que permite a realização de [missões de] reconhecimento e efetivamente usar qualquer tipo de arma" contra os russos. Dentro da cidade, contudo, o relato é de o massacre dos soldados de Zelensky se intensificou:

— O inimigo, acima de tudo, tenta capturar a cidade em si, realizando esforços desesperados para tal fim — disse Cherevaty. (Com New York Times)

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