Quatro israelenses morreram e outros quatro ficaram feridos em um ataque a tiros nesta terça-feira em um posto de gasolina no assentamento de Eli, no centro da Cisjordânia. Entre os sobreviventes do atentado, três apresentaram ferimentos leves e um quarto está em estado grave. Um dos suspeitos foi baleado no local por civis e o outro, que estava foragido, foi morto pelo Exército israelense durante as buscas.
De acordo com uma fonte do Exército, dois atiradores entraram em um restaurante no posto de gasolina atirando. Os disparos atingiram três pessoas, que morreram na hora. Ao saírem, eles atiraram contra outro israelense, que também morreu. Dois civis israelenses que estavam próximos ao local mataram um dos atiradores a tiros, enquanto o segundo conseguiu escapar em um carro e partiu em direção ao assentamento de Tapuach.
A principal estrada que cruza a Cisjordânia, a Highway 60, foi bloqueada pelas autoridades israelenses durante as buscas pelo foragido. Horas depois, o Exército anunciou que atirou no veículo e matou o segundo suspeito.
Um dos atiradores foi identificado como Mohannad Falah, de 25 anos. Ele era um estudante e ativista de um grupo pró-Hamas que deixou uma prisão israelense há dois anos e meio. Após o ataque, o Hamas elogiou a ação, mas não a reivindicou. Segundo o porta-voz do grupo, "o [tiroteio] em Eli é uma resposta aos crimes cometidos por Israel [na segunda-feira] no campo de refugiados de Jenin e à agressão contra a Mesquita de Al-Aqsa. A luta não vai parar até que nosso povo seja livre e independente".
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu enviou condolências às vítimas do ataque e reforçou sua dura política de segurança em uma postagem no Twitter.
"Hoje, perto do assentamento de Eli, foi realizado um ataque criminoso e chocante. Do fundo do meu coração, envio minhas condolências às famílias dos assassinados, que Deus restaure seu sangue, e envio, em nome de toda a nação, votos de melhoras aos feridos. Nossas forças estão agora operando no campo para lidar com os assassinos. Já provamos nos últimos meses que vamos lidar com todos os assassinos, sem exceção. Todos que nos machucam estão na sepultura ou na prisão. Será o mesmo aqui", escreveu o premier.
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O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, anunciou que realizará uma avaliação de segurança ainda nesta terça-feira final junto a autoridades como o chefe do Estado-Maior do Exército, Herzl Halevi. O Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, cancelou uma reunião de Gabinete para visitar o local do ataque.
Após o atentado, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, enfatizou em um comunicado a necessidade de dar início a uma ampla operação militar e "retomar a política de assassinatos direcionados na Cisjordânia".
"Precisamos derrubar seus prédios e impor a pena de morte aos condenados por terrorismo contra cidadãos israelenses", reforçou Ben-Gvir.
Escalada da violência
O ataque desta terça-feira acontece um dia depois de uma operação do Exército israelense — que incluiu disparos de mísseis feitos de helicóptero — deixar seis palestinos mortos e 91 feridos em Jenin, no norte da Cisjordânia. Uma das vítimas fatais tinha 15 anos. Entre os sobreviventes, 17 estão em estado grave. Do lado de fora do hospital onde os palestinos foram levados, uma multidão protestava, enquanto os funerais estavam sendo preparados. O Exército de Israel informou que sete membros das forças de segurança também estão entre as pessoas hospitalizadas.
A violência no conflito israelense-palestino escalou desde o início do ano, causando preocupação da comunidade internacional. As tensões se intensificaram ainda mais em abril, quando forças israelenses invadiram violentamente a mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, para expulsar fiéis palestinos. Mais de 350 pessoas foram presas durante a operação, que ocorreu às vésperas da Páscoa judaica e durante o mês do Ramadã muçulmano. O local é o terceiro lugar mais sagrado do Islã e o mais importante do judaísmo, conhecido como Monte do Templo.
Após a invasão, grupos armados promoveram o maior ataque de foguetes contra Israel desde 2006, quando o país travou uma guerra contra o Hezbollah, partido político libanês que tem um braço armado. Autoridades israelenses responderam com bombardeios no sul do Líbano e na Faixa de Gaza e mobilizaram unidades policiais da reserva e reforços militares. A tensão permanece desde então, com promessas da coalizão de extrema-direita israelense, liderada por Netanyahu, de "restaurar a segurança".
A Cisjordânia é um território palestino ocupado ilegalmente por Israel desde 1967, logo após a Guerra dos Seis Dias. A expansão de assentamentos israelenses na região é condenada pela comunidade internacional, mas vem avançando significativamente. Estima-se que, nas últimas duas décadas, o número de colonos no território e no setor árabe de Jerusalém mais que dobrou, chegando a 475 mil.
Segundo a ONU, a expansão dos assentamentos fere o direito dos palestinos, com violações como confisco de terras, severas restrições à liberdade de movimento e discriminação racial e étnica.