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Por Emanuelle Bordallo

A implosão do submarino da OceanGate durante uma expedição turística aos destroços do Titanic nesta semana suscitou um velho debate: afinal, o que bilionários como os tripulantes do submersível buscam em aventuras extremas? Dos homens mais ricos do mundo competindo em uma corrida espacial a exploradores dispostos a ir até as profundezas do Atlântico, a oferta de experiências perigosas tem aumentado nos últimos anos — e fatores além do dinheiro podem estar por trás do sucesso desse mercado.

Para João Felipe Domiciano, doutor em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor da sociedade psicanalítica APOLa no estado, a procura por experiências arriscadas pode representar a busca por um sentido que não se encontra na simples aquisição de bens materiais.

— É interessante o pensamento de que são pessoas que em tese 'já têm tudo' que procuram esses tipos de experiência, porque ninguém tem tudo. Em uma lógica pautada no consumo, eles podem sim comprar quase qualquer coisa, mas o que movimenta a vida é a relação com aquilo que ainda não se tem — analisa Domiciano ao GLOBO. — O desejo é movido por uma falta que está sempre em outro lugar, a grande questão é como a gente vai preencher isso.

Domiciano explica que, antes mesmo da empreitada no submarino chocar o mundo esta semana, parte da sociedade já questionava a motivação de pessoas que se aventuram em voos para o espaço ou expedições ao Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, localizada na Ásia. Segundo ele, atravessar experiências limítrofes libera uma carga de adrenalina capaz de trazer um tipo de satisfação que não é obtida mais pela acumulação de capital.

— Qualquer pessoa que passa por condições extremas sai com um sentimento de estar viva — afirma. — Se defrontar com a finitude produz como efeito a renovação dos sentidos da vida.

A análise dialoga com o que o psicólogo Scott Lyons, que atende algumas das pessoas mais ricas do mundo, disse em entrevista recente ao DailyMail sobre a alta procura por atividades perigosas por esse público.

— Eles procuram por coisas que os fazem sentir que estão vivos. Como já existe uma segurança em suas finanças, eles buscam adrenalina e um senso de aventura em atividades perigosas — aponto Lyons.— Tenho muitos clientes bilionários. É disponibilidade, mas também é exclusividade. Isso faz você se sentir importante e especial, sobretudo se houver baixa auto-estima envolvida, o que com certeza pode ser. O dinheiro não necessariamente lhe dá estima.

— Dentro de uma lógica de consumo, essas experiências também tem o status como atrativo. Quantas pessoas podem ver o Titanic? — sublinha Domiciano.

O psicólogo também explica por que, em geral, grande parte das pessoas sentem pouca empatia por vítimas de tragédias envolvendo aventuras perigosas, como o caso do submarino.

— Existe uma espécie de sensação de vingança nesses comentários pela forma como o outro conduziu ou teve menos zelo pela vida, às vezes revestida de um ressentimento pela pessoa ter tido coragem de fazer uma coisa que ela não teria — analisa.

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