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Por Rodrigo Orihuela e Macarena Munoz Montijano, Bloomberg — Madri

Há alguns meses, quando os apartamentos de um prédio luxuoso do bairro madrilenho de Salamanca foram anunciados para venda, mais da metade das unidades ficaram nas mãos de proprietários mexicanos. O projeto — com 25 apartamentos que chegam a custar o equivalente a mais de R$ 16 milhões — foi financiado, em grande parte, por investimento vindo do México e é um símbolo da presença cada vez mais visível de mexicanos na capital espanhola.

Desde 2020, eles já gastaram mais que o equivalente a R$ 3,7 bilhões no setor imobiliário e de construção da Espanha, segundo dados de investimento estrangeiro direto do governo. Assim como outros latino-americanos abastados, os mexicanos estão investindo na cidade, comprando segundas ou terceiras residências e repousando ali suas economias.

Madri é a nova Miami — disse José Manuel Ortega, um ex-banqueiro de investimento que agora assessora estrangeiros sobre o mercado imobiliário e financeiro na Espanha.

As cinco maiores economias latino-americanas registram fuga de capitais em torno do equivalente a quase R$ 690 bilhões em 2022, cerca de 41% a mais do que no ano anterior e a maior desde 2010, segundo dados preliminares do Instituto de Finanças Internacionais. Ainda que muito desse montante tenha se destinado a Miami, as afinidades linguísticas e culturais atraíram uma parte para a Espanha.

A enxurrada de dinheiro está mudando a aparência de Madri — fez disparar os preços de imóveis e fez surgir uma cena gastronômica de alto nível. Os preços dos imóveis de luxo subiram 6%, no ano passado, mais que na maioria das grandes capitais europeias, segundo a consultoria Knight Frank. Em abril, chegaram a um recorde pelo segundo mês consecutivo, segundo o portal imobiliário Idealista.

No bairro luxuoso de Salamanca de Madri, surgem novos restaurantes a um ritmo vertiginoso e que sempre estão cheios. As reservas de mesas começam às oito da noite, algo inédito em uma cidade onde as cozinhas poucas vezes começavam a abrir antes das nove da noite e na qual o almoço é servido, em grande parte, entre duas e três horas da tarde. Os madrilenhos estão tendo que se adaptar a outras mudanças, como a destinação de horários determinados para uso de mesas, comum talvez em Nova York, mas rara em um país em que as conversas demoradas depois de comer são um elemento básico da cultura. Os espanhóis inclusive têm uma palavra para isso: “sobremesa”

Para o crítico de gastronomia Gonzalo Torres, que trabalha em Madri, os recém chegados à cidade provocaram alterações na rotina dos restaurantes.

— Há uma mudança nos turnos de refeições e jantares, com muitos espanhóis terminando de comer apenas uma hora antes de estrangeiros se prepararem para jantar — diz Torres

As amplas e floridas avenidas do século XIX em Salamanca estão repletas de restaurantes requintados, como Ramon Freixa Madri e La Tasqueria, ambos detentores de uma estrela no guia Michelin. A região está repleta de lojas luxuosas. Também surgiu uma indústria de serviços especializada em quem pode gastar muito. Nos dois últimos anos, O banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) abriu dois escritórios em Madri para clientes de alto nível. O BBVA é dono do maior banco do México, onde o seu rival espanhol, o Santander, também tem uma grande presença.

O chef brasileiro Sandro Silva abriu vários restaurantes em Madri, criando uma cultura gastronômica de preços mais elevados que se estendeu por outros bairros elegantes da cidade. O grupo francês Robuchon, com seu recorde de estrelas Michelin, abriu um restaurante em Madri no fim do ano passado.

A chegada de um hotel Four Seasons e a reabertura do Villa Magna, da RLH Properties, empresa mexicana fundada pelo empresário Borja Escalada, reforçaram a onda de investimentos. Além disso, os centros de formação em negócios espanhóis, como IE e Iese, se tornaram opções populares entre filhos de famílias ricas da América Latina. Os mexicanos estão entre o segundo maior grupo de não europeus na IE este ano.

— Madri se tornou um novo destino para latino-americanos, é uma tendência que se acelerou na Pandemia da Covid-19 em 2020 — afirma Víctor Matarranz, responsável pela gestão de patrimônios do banco Santander, que explica ainda que — primeiro chegam como turistas e veem o que existe e logo desenvolvem um apetite pelo mercado imobiliário.

Os mexicanos mais abastados procuram ser discretos, mas nem sempre isso é possível. Um deles, o empresário Manuel González, comprou um palacete luxuoso, no centro de Madri, e fez uma reforma para abrigar o requintado Abya, um dos restaurantes mais chiques da cidade. Carlos Slim, o homem mais rico da América Latina, tem participação importante em empresas imobiliárias espanholas com operação em bolsa - Metrovacesa e Realia.

Mexicanos, argentinos, peruanos e colombianos estão entre os que mais procuram imóveis, de acordo com os agentes imobiliários. Os investidores se beneficiam de um programa chamado “visto de ouro”, que agiliza autorizações de residência para estrangeiros que gastem, pelo menos, € 500 mil (o equivalente a R$ 2,6 milhões) em propriedades imobiliárias e não tenham dívidas. A Espanha não implementou medidas restritivas a esse tipo de visto como ocorreu em outros países europeus.

Madri começa a competir em luxo com cidade como Paris e Berlin, mas com preços menores. Com um US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5 milhões) se consegue comprar 106 metros quadrados na capital espanhola, contra 43 em Paris e 70 em Berlim, de acordo com a Knight Frank.

Os recém chegados estão estimulando a economia madrilenha, mas também estão provocando mudanças na vida da cidade, que tinha uma jornada de trabalho que começava às 10 horas da manhã, parava para o almoço às três da tarde e tinha ainda a “siesta” e o jantar, que se estendiam pela noite.

— Antes a cidade parava por várias horas durante o dia, isso não acontece mais — reconhece Ximena Caraza, diretora da Casa do México, um centro cultural e econômico que oferece ajuda aos mexicanos interessados em negócios na Espanha.

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