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Por O Globo com agências internacionais — Bwera, Uganda

Um ataque a uma escola no oeste de Uganda por combatentes ligados ao grupo jihadista Estado Islâmico matou ao menos 37 pessoas e sequestrou outras seis, a maioria estudantes, informou um porta-voz do Exército de Uganda neste sábado. A imprensa local, porém, aponta que o número de vítimas fatais pode chegar a 41.

"37 corpos foram encontrados e levados para o necrotério do hospital de Bwera", disse o porta-voz do Exército, Felix Kulayigye, em um comunicado, referindo-se à cidade perto de onde ocorreu o ataque.

O porta-voz da polícia local, Fred Enanga, explicou que a milícia ADF (sigla para Forças Democráticas Aliadas), que tem o seu reduto no Leste da República Democrática do Congo (RDC), atacou uma escola secundária, "incendiou um dormitório e saqueou uma mercearia". A informação foi corroborada pelo general Dick Olum, que disse à AFP que os combatentes estavam na área há pelo menos dois dias coletando informações.

— Eles sabiam onde ficavam os dormitórios masculino e feminino — disse Olum. — Os rebeldes trancaram o quarto dos meninos com chave e atearam fogo. A seção das meninas não estava trancada, então elas conseguiram fugir, mas quando o fizeram, algumas foram atacadas com facões e outras baleadas — explicou o militar.

Segundo ele, alguns dos corpos estão tão carbonizados que serão necessários exames de DNA para identificá-los.

— Está confirmado que todos os mortos até agora eram alunos da escola — disse Joe Walusimbi, comissário do distrito de Kasese, onde fica a escola, situada a cerca de dois quilômetros da fronteira.

Enanga disse que oito vítimas também foram resgatadas com vida, mas que "estão em estado crítico no hospital de Bwera". Vários alunos ainda estão desaparecidos, disse Walusimbi.

O Exército e a polícia perseguem os agressores, que fugiram em direção ao Parque Nacional de Virunga, uma densa floresta na RDC que abriga gorilas ameaçados de extinção. Felix Kulayigye, porta-voz das Forças de Defesa do Povo de Uganda, nome dado às Forças Armadas do país, disse que os combatentes sequestram seis pessoas.

"Nossas forças estão perseguindo o inimigo para recuperar as pessoas sequestradas e destruir o grupo", disse Kulayigye em um comunicado.

A Escola Secundária Mpondwe Lhubiriha, alvo do ataque, é um colégio particular localizado a poucos quilômetros da movimentada fronteira com a República Democrática do Congo e 320 quilômetros da capital Kampala. Situada em uma pobre comunidade agrícola, a maior parte das famílias na região vivem do cultivo e comércio de alimentos como milho e mandioca.

Muitas das escolas em Uganda, tanto públicas quanto privadas, têm dormitórios para alunos. Fotos e vídeos do atentado neste sábado mostram as janelas e os telhados das instalações enegrecidos pela fuligem do incêndio.

Recompensa de US$ 5 milhões

O ataque é o pior da ADF em Uganda desde 2021, quando homens-bomba coordenaram uma série de explosões na capital, Kampala, deixando três mortos e alimentando temores da expansão do grupo no território. Após a tragédia, o país iniciou uma operação conjunta com a República Democrática do Congo para expulsar a milícia da região.

Os governos forneceram poucos detalhes sobre a operação militar, dizendo apenas que ataques aéreos e de artilharia enfraqueceram o grupo. Observadores regionais, no entanto, levantam dúvidas sobre o sucesso da ofensiva, já que a ADF segue espalhando terror no leste da RDC — uma região rica em minerais onde mais de 100 grupos rebeldes promovem uma onda de massacres e destruição generalizada há décadas.

Para especialistas, o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, no poder há quase quatro décadas, estaria usando a operação contra a milícia para melhorar sua imagem e proteger os campos de petróleo que estão sendo escavados perto da fronteira com o vizinho.

A milícia começou como um grupo insurgente em Uganda, de maioria muçulmana, contrários a Museven, se estabelecendo no leste da RDC em meados da década de 1990. O grupo chegou a receber apoio de outros países no passado, como Sudão e o Congo.

Desde os anos 1990, a milícia foi acusada de matar milhares de civis na RDC e em solo ugandense. Nos últimos anos, o grupo recrutou novos membros, inclusive crianças, atacou forças de paz, provocou fugas de prisões e praticou violência sexual, segundo as Nações Unidas.

Em 2019, eles juraram lealdade ao grupo Estado Islâmico, que apresenta os combatentes da ADF como um ramo local na África Central. No entanto, embora existam algumas conexões financeiras e semelhanças ideológicas entre os grupos, observadores internacionais afirmam que não há "provas conclusivas" de que o EI comande as operações da ADF.

O atentado deste fim de semana não é o primeiro ataque a uma escola em Uganda atribuído a ADF. Em junho de 1998, 80 estudantes foram queimados vivos em seus dormitórios durante um ataque do grupo ao Instituto Técnico de Kichwamba, perto da fronteira com a RDC. Mais de 100 estudantes foram sequestrados.

Os Estados Unidos classificaram o grupo como uma organização terrorista e anunciaram, no início de março, uma recompensa de até US$ 5 milhões (R$ 24 milhões) por qualquer informação que pudesse levar ao seu líder, Seka Musa Baluku. O antigo líder do grupo, Jamil Mukulu, foi capturado na Tanzânia em 2015 e depois extraditado para Uganda.

Para analistas, o recente ataque é uma evidência do uso de táticas de guerrilha pela milícia.

— A capacidade da ADF de se fundir às comunidades civis permite que ela se esconda quando necessário e reapareça quando as condições forem mais favoráveis — disse Michael Mutyaba, pesquisador e analista político de Uganda, ao New York Times. — Isso explica por que ela está se mostrando resiliente. (Com AFP e New York Times).

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