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Por Aline Rabello — Rio de Janeiro

À frente da Comissão Global para Finanças Urbanas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, defende a criação de um banco multilateral para levar financiamento internacional a projetos de sustentabilidade de cidades, municípios e estados, ao redor do mundo. Paes foi a Paris para o lançamento da comissão que preside junto à prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, e ao economista Jeffrey Sachs — um evento paralelo à Cúpula do Novo Pacto Global de Financiamento, que começa nesta quinta-feira e conta com a participação do presidente Lula. Por telefone, o prefeito conversou com o GLOBO sobre a iniciativa e sobre a expectativa com a presidência brasileira do G20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo) que começa em dezembro.

Qual é o objetivo principal da comissão da qual o senhor é copresidente junto à prefeita Hidalgo e ao economista Jeffrey Sachs?

O objetivo principal é a gente entender que boa parte dessas metas de desenvolvimento sustentável têm uma relação direta com o que acontece nas cidades. A gente deu um prazo de um ano, um ano e pouquinho. A gente acha que o G20 (com presidência) do Brasil vai ser decisivo. Nós três vamos pedir uma reunião ao Lula — eu, Jeffrey Sachs e a Hidalgo — para que o Lula traga essa questão da criação de uma instituição multilateral com recursos para os municípios, para trazer essa questão como uma questão do G20 e das principais nações.

A meta é a criação de uma instituição multilateral voltada para o financiamento de projetos nas cidades e municípios?

Criar um organismo multilateral, tipo um Banco Mundial, um Banco dos Brics, para esse financiamento específico para municípios, flexibilizando muito a legislação dos diversos países. Um exemplo concreto: se for para financiar um projeto de transporte público no Rio de Janeiro, você não precisar de prévia autorização do Senado, do Ministério da Fazenda, a burocracia toda que tem, esses avais todos que são concedidos em geral por governos nacionais. O objetivo principal é viabilizar os recursos, mas o ideal é que isso fosse feito por um organismo multilateral, mundial, que desse essa agilidade aos municípios.

O multilateralismo está na berlinda na geopolítica mundial hoje. O sr. fica otimista, depois das reuniões de hoje, em relação à capacidade de iniciativas multilaterais de cidades do mundo atingirem resultados práticos nesse tema?

O acordo de Paris é um acordo firmado por todos e com os principais “players” jogando o jogo. O (presidente dos EUA, Joe Biden) Biden entrou pesado, o (presidente da França, Emmanuel Macron) Macron está fazendo essa reunião, o Lula tem isso como uma agenda muito clara, assume a presidência do G20 agora, então eu vejo com muito otimismo. Essas instituições mundiais elas têm uma importância. Tem uma consciência de que — e é fato — que boa parte do problema das emissões assumidas pelos governos nacionais no mundo está nas cidades. O que está demonstrado, a partir do acordo de Paris é que, passados oito anos, pouco se fez. Então, municípios, governos locais, são mais ágeis, entregam mais.

Qual é a importância para uma cidade como o Rio de janeiro, por exemplo, de obter financiamentos de longo prazo para projetos de desenvolvimento sustentável?

A gente vê que as cidades de países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos têm desafios enormes. A gente ainda trata de temas como saneamento. São problemas que países desenvolvidos não enfrentam mais. Para uma cidade com as características do Rio, de um país em desenvolvimento, é fundamental.

Durante o discurso em Paris, o sr. mencionou que o Rio tem uma agenda ambiental, mas que ainda falta financiamento suficiente para levá-la adiante. Quais são os principais desafios dessa agenda?

Mobilidade e saneamento. Até o Jeffrey Sacks elogiou nosso plano de sustentabilidade (lançado pela prefeitura do Rio, em 2021) disse que se todas as cidades do mundo tivessem isso seria uma maravilha, porque você faz um olhar de longo prazo, independente de quem é o prefeito, de quem é o líder político do momento.

Desde os dois primeiros mandatos como prefeito do Rio até agora, no terceiro mandato, o sr. acha que a questão ambiental e o tema do desenvolvimento sustentável ganharam mais força?

Eu acho que não, acho que isso já era uma realidade. Eu tinha sido, inclusive, presidente do C40 (grupo de liderança climática das cidades). Esse é um tema que a gente está discutindo há muito tempo. Eu diria que o problema que tem hoje é que você tem muito menos financiamento. O governo Bolsonaro teve zero recurso para investimento de grande porte.

E quais são os maiores desafios para o Rio de Janeiro hoje nesse tema?

Eu diria que é transporte, saneamento e cobertura vegetal. É uma cidade muito marcada por cobertura vegetal, mas é a manutenção dessa cobertura vegetal e recuperação do bioma da Mata Atlântica, esse é um esforço permanente. É dizer, a agenda urbana ambiental é fundamental, não é só a Amazônia pro Brasil, nós vivemos no continente mais urbano do mundo que é a América Latina.

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