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Por O Globo e agências internacionais — Washington

As relações entre a Índia e os Estados Unidos vão definir o século, afirmou o presidente americano, Joe Biden, durante encontro com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, nesta quinta-feira. A reunião foi destinada ao fortalecimento de laços com a nação mais populosa do mundo, ao mesmo tempo em que pontos de atrito sobre violações de direitos humanos e a guerra na Ucrânia foram evitados. Em um avanço modesto, mas notável, no entanto, Biden persuadiu o indiano a responder a perguntas de repórteres em uma coletiva de imprensa, a primeira vez que Modi o fez em seu mandato de quase uma década.

— Há muito tempo acredito que a relação entre os Estados Unidos e a Índia será uma das mais decisivas do século XXI — disse Biden. — Os desafios e oportunidades que o mundo enfrenta neste século requerem que a Índia e os EUA trabalhem e liderem juntos.

Modi disse, por sua vez, que a visita trouxe uma "nova direção e uma nova energia" para a "associação estratégica global" com os EUA.

O premier indiano foi recebido com honras militares e tapete vermelho em sua visita aos EUA — a sexta viagem ao país como chefe de governo, mas a primeira oficial de Estado —, na qual foram definidos acordos importantes de defesa e comerciais — como motores para aviões de combate, investimentos em semicondutores e cooperação espacial —, destinados a melhorar os laços militares e econômicos entre as duas nações. A visita ilustra o desejo de Washington de aprofundar a parceria com a Índia, enquanto intensifica os esforços para manter Nova Délhi ao seu lado em sua crescente rivalidade com a China.

Não foi feito, contudo, nenhum grande avanço em áreas de desacordo que prejudicaram o relacionamento entre EUA e Índia nos últimos meses, principalmente sobre a guerra. Considerada por Washington um "Estado indeciso" — isto é, potências que não tomaram partido no conflito —, a Índia tem relutado em impor sanções à Rússia desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, sendo uma das principais compradoras de petróleo russo.

Entretanto, a respeito deste tema que sabe ser sensível a Washington, Modi declarou que a Índia está "completamente pronta para contribuir de qualquer forma para restaurar a paz" na Ucrânia. Em comunicado conjunto, os líderes também fizeram "um apelo de respeito ao direito internacional, aos princípios da Carta da ONU e à integridade e soberania territoriais" da Ucrânia.

A esperança tanto em Nova Délhi quanto em Washington é que o encontro entre os líderes seja um presságio de relações mais profundas e duradouras, sobretudo porque as duas nações têm uma longa história de anunciar acordos de cooperação que não se concretizam.

'Democracia está em nosso DNA'

A recepção cheia de pompa ao líder indiano também gerou críticas de que a equipe de Biden, que há muito enfatiza os direitos humanos na política externa, está ignorando o controverso histórico de Modi. No cargo de primeiro-ministro desde 2014, Modi é acusado de reprimir dissidentes, perseguir oponentes e criar um ambiente hostil para as minorias, especialmente muçulmanos, o que gera temores de uma virada autoritária não vista no país desde a década de 1970 — quando a Índia viveu sob o regime de exceção de Indira Gandhi, que governou por decreto, cancelou eleições e suspendeu os direitos civis.

Quando pressionado sobre intolerância religiosa e liberdade de expressão durante a coletiva de imprensa conjunta com o americano, Modi defendeu amplamente a democracia indiana, em um raro caso de fuga do script para responder a perguntas de repórteres. O premier insistiu que a democracia estava "no DNA da Índia" e negou que seu governo tenha se envolvido em discriminação baseada em raça, fé ou outras distinções semelhantes.

— Em ambos os países, a democracia está em nosso DNA. Independentemente da casta, credo, religião, gênero, não há absolutamente nenhum espaço para discriminação — disse Modi, em fala corroborada por Biden.

A abordagem do governo americano sobre o tema já havia sido prevista pelo conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, às vésperas da visita, em um exemplo de como o foco de Biden nos direitos humanos colidiu com as realidades estratégicas de um mundo onde rivais como China e Rússia estão disputando maior controle.

O contraste é ainda maior depois que Biden comparou o presidente chinês Xi Jinping a ditadores nesta semana, algo que o americano não julgou ser tão sério em um comentário sobre o assunto nesta quinta-feira. A fala de Biden sobre Xi ocorreu logo após a viagem do secretário de Estado, Antony Blinken, para tentar melhorar as relações entre Pequim e Washington. (Com New York Times e Bloomberg.)

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