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Por O Globo e agências internacionais — São Petersburgo

O presidente Vladimir Putin disse nesta sexta-feira que a Rússia transferiu suas primeiras armas nucleares táticas para a Bielorrússia, três meses depois de anunciar o plano, que ameaça elevar as tensões com os EUA e seus aliados sobre a guerra na Ucrânia. Essa é a primeira vez que Moscou aloca artefatos atômicos fora do território russo desde o colapso soviético, em 1991.

– As primeiras cargas nucleares foram enviadas ao território da Bielorrússia. Mas apenas as primeiras – disse Putin durante o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo. – Essa é a primeira parte. Mas, até o fim do verão, até o fim do ano, completaremos o trabalho.

Putin anunciou em março que a Rússia posicionaria armas nucleares táticas no território de seu aliado. Ele insistiu que a Rússia respeitava suas obrigações de não proliferação ao reter o controle das armas, embora tenha treinado as tropas bielorrussas no "estoque e uso de munições especiais táticas".

Apesar de as armas táticas terem ogivas menos potentes e de menor alcance que as demais, a perspectiva de que o Kremlin possa usá-las causa imensa preocupação no Ocidente. Tais artefatos fazem parte de uma subcategoria das chamadas armas nucleares não estratégicas. Na prática, seriam usadas para vencer uma batalha, enquanto as estratégicas têm capacidade para encerrar guerras — e, possivelmente, levar consigo a Humanidade. Nenhuma delas, contudo, foi usada desde as lançadas pelos EUA contra Hiroshima e Nagasaki, em 1945.

No entanto, apesar das preocupações, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou em resposta ao anúncio de Putin que "não há motivos para ajustar a postura nuclear" do país.

— Não vemos nenhum indício de que a Rússia está se preparando para usar uma arma nuclear — afirmou.

Blinken, entretanto, considerou "irônica" a declaração de Putin, já que o próprio justificou a invasão da Ucrânia dizendo que era para evitar que Kiev conseguisse esse tipo de armamento. Ele também criticou o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, por aceitar armas de Moscou, chamando-o de irresponsável.

O presidente da Bielorrússia sugeriu em uma entrevista transmitida na quarta-feira que as armas já haviam chegado ao país, embora Putin previamente tenha dito que o envio só começaria no próximo mês.

— Preparativos para as instalações relevantes terminarão entre 7 e 8 de julho, e vamos começar imediatamente as atividades relacionadas à transferência dos tipos apropriados de armas para o seu território — afirmou Putin durante encontro com Lukashenko no último dia 9, sem deixar claro quantos armamentos serão deslocados ou a localização exata do espaço para armazená-los.

Em maio, Lukashenko havia declarado que "o movimento das armas nucleares [para chegar ao país] já começou".

Questionado no fórum sobre o uso potencial das armas nucleares, Putin disse que apenas aconteceria se houver uma ameaça ao Estado russo. Ele disse não ver nenhuma necessidade agora, mas acrescentou que a medida é sobre "contenção" e para lembrar a todos "que pensam em nos infligir uma derrota estratégica".

Acredita-se que a Rússia tenha ao redor de 2 mil armas táticas, que podem ser usadas em vários tipos de mísseis que habitualmente carregam explosivos convencionais. Algumas podem até ser disparadas de obuses que já são usados pelos russos no campo de batalha.

'Vergonha para o povo judeu'

Nas últimas semanas, a Rússia tem sido alvo de inúmeros ataques com drones, uma incursão armada e explosões que Moscou atribui a Kiev. Contudo, apesar dos constantes ataques, o presidente russo voltou a afirmar na reunião que a atual contraofensiva ucraniana "não tem chance" de sucesso.

— As Forças Armadas ucranianas não têm qualquer possibilidade lá, ou em qualquer outra área — disse Putin, referindo-se sobretudo à contraofensiva lançada por Kiev no Sul da Ucrânia. — [As forças ucranianas] usaram suas supostas respostas estratégicas para romper as defesas [russas], consolidar as suas próprias e avançar. Nenhum desses objetivos foi alcançado.

Putin também insistiu que a Ucrânia tem sofrido "perdas muito pesadas" e considerou que não seria capaz de lutar "por muito tempo" devido ao esgotamento de seu equipamento militar.

Sobre o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, Putin o chamou de "vergonha" para o povo judeu e voltou a justificar a ofensiva militar na Ucrânia, alegando que a ex-república soviética é governada por "neonazistas".

— Tenho muitos amigos judeus desde minha infância. E eles dizem que Zelensky não é judeu, que ele é uma vergonha para o povo judeu. Não estou brincando — declarou o presidente russo.

Medidas de segurança 'sem precedentes'

A participação de Putin no fórum de São Petesburgo, no Noroeste da Rússia, além de servir como prova de que o líder russo não está isolado internacionalmente, foi marcada por medidas de segurança "sem precedentes", segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência de notícias russa Interfax.

De acordo com a Fundação Roskongress, que organiza o evento, a comunicação via internet das operadoras móveis foi cortada devido à presença do líder russo. O uso do Wi-Fi foi recomendado, disse Peskov, justificando as medidas tomadas devido às ameaças de possíveis ataques ucranianos.

Adicionalmente, um grande número de cães farejadores patrulhava o local onde ocorreu o encontro, enquanto longas filas de veículos se formavam à espera de serem revistados, de acordo com um jornal local, Fontanka. (Com AFP.)

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