O cineasta James Cameron falou à televisão americana sobre a tragédia do submarino Titan, que implodiu durante uma descida aos destroços do Titanic, segundo revelou a Guarda Costeira americana nesta quinta-feira. Cameron é o diretor do filme de 1997 sobre o naufrágio, tendo ele mesmo realizado visitas ao local, que fica a uma profundidade de 3, 8 mil metros:
— Muitas pessoas na comunidade estavam preocupadas com esse submarino. E os top players da comunidade de engaharia submarina escreveram uma carta para a companhia falando que o que eles estavam fazendo era muito experimental — ressalta Cameron.
O diretor, que tem experiência na construção de submersíveis, afirma na entrevista que a OceanGate não seguiu os protocolos de segurança. Cameron, que se refere a atividade das viagens submarinas como uma "arte madura" , comparou a tragédia do Titan ao naufrágio do próprio Titanic:
— Estou impressionado com a semelhança do próprio desastre do Titanic, onde o capitão foi repetidamente avisado sobre o gelo à frente de seu navio e ainda assim ele navegou a toda velocidade— diz o cineasta.
Veja imagens do Titanic em 3D
Ex-funcionário denunciou falhas
Um ex-funcionário da OceanGate, dona do submarino que implodiu ao realizar uma expedição rumo ao naufrágio do Titanic, alertou a empresa ainda em 2018 sobre os riscos que seus submersíveis corriam em altas profundidades. Nesta quinta-feira, a Guarda Costeira dos EUA confirmou que o submersível Titan foi destruído devido a pressão.
Segundo as autoridades americanas, os destroços encontrados eram coerentes com uma "catastrófica implosão da câmara de pressão" do submarino Titan, que levava cinco tripulantes rumo ao naufrágio, a uma profundiade de 3,8 mil metros.
De acordo com a revista The New Republic, a Ocean Gate processou David Lochridge, então diretor de operações marítimas da empresa, após ele supostamente divulgar informações confidenciais sobre o Titan. Lochridge, por sua vez, afirma ter sido demitido injustamente da companhia após levantar preocupações sobre a "recusa da empresa em conduzir testes críticos e não destrutivos" do Titan.
Segundo com Lochridge, os passageiros do submarino correriam perigo conforme o veículo elevadas profundidades por conta da pressão sobre a estrutura do Titan. No processo, Lochridge também detalhou uma reunião da equipe de engenharia da empresa, onde diferentes funcionários expressaram preocupação quanto a segurança do submarino.
O CEO da Ocean Gate, Stockton Rush, pediu, então, a Lochridge uma inspeção no Titan, mas, no processo, o então funcionário da empresa relata ter tido dificuldades em obter documentos necessários para a realização do trabalho.
No dia 19 de janeiro, em uma segunda reunião, Lochridge foi informado que a janela de visualização do submarino tinha certificação para aguentar pressões de até 1,3 mil metros. A intenção da Ocean Gate era levar seus passageiros até o naufrágio do Titanic, 3, 8 mil metros abaixo da superfície.
Lochridge afirma ainda no processo que eventuais passageiros da Ocean Gate não seriam informados dessas e outras preocupações suas, como a de que materiais inflamáveis estavam sendo usados no veículo.
"Os passageiros pagantes não teriam conhecimento e não seriam informados sobre esse projeto experimental, a falta de testes não destrutivos do casco ou que materiais inflamáveis perigosos estavam sendo usados dentro do submersível", diz um dos documentos do processo.
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