Um submarino usado exclusivamente para transportar turistas até os destroços do Titanic desapareceu no Oceano Atlântico no domingo. A Guarda Costeira dos EUA, que faz as buscas pelo submersível nas águas dos Estados, confirmou que cinco pessoas estão a bordo, entre elas o bilionário britânico Hamish Harding. Segundo a emissora britânica Sky News, o próprio CEO da empresa que realiza a expedição pode estar entre os passageiros.
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Quanto custa passeio em submarino desaparecido?
Criada em 2009, a empresa OceanGate oferece um passeio ao ponto do naufrágio, que leva oito dias e custa cerca de US$ 250 mil, o equivalente a R$ 1,19 milhão. O pacote também pode incluir um mergulho de oito horas até os destroços da embarcação inglesa.
A missão foi feita no submarino Titan, que pode alcançar até 4 mil metros de profundidade. Com 6,7 metros de comprimento e 685 kg, o submersível conta com um sistema de monitoramento de saúde em tempo real, que analisa as mudanças de pressão conforme a navegação, e tem uma reserva de oxigênio para até 96 horas, ou quatro dias, em caso de emergência.
Submarino desaparecido perdeu contato no domingo
De acordo com a Guarda Costeira americana, o submarino está desaparecido há 24 horas. Ele perdeu contato após 1 hora e 45 minutos do início da expedição no domingo, a 1.448 km da costa de Cape Cod, no estado americano de Massachusetts.
O contra-Almirante John Mauger disse em entrevista coletiva que a área das buscas é remota e sem muita visibilidade, o que dificulta as operações. Segundo ele, o fato de o submarino não ter voltado à superfície torna o trabalho da Guarda Costeira ainda mais complexo, sendo necessário usar sonares debaixo d'água. Aviões também ajudam no trabalho de localização.
Segundo entrevista do especialista em oceanos Robert Blasiak à BBC, a luz só penetra até cerca de um quilômetro na superfície do oceano, o que significa "escuridão total e pressões da água de cerca de 400 atmosferas" nas áreas de busca.
O que levou ao desaparecimento de submarino?
O especialista em submarinos Alistair Greig, da University College London, analisou em entrevista à BBC os diferentes cenários que podem ter provocado o desaparecimento do submersível. Um deles seria uma falha de energia ou de comunicação, que levaria a embarcação a flutuar na superfície — opção até o momento descartada pela Guarda Costeira americana. Outro, mais preocupante, seria algum problema na estrutura do casco que levaria a um vazamento. "Nesse caso, o prognóstico não é bom", avaliou.
— Embora o submersível ainda possa estar intacto, se a profundidade for superior a 200 metros, há pouquíssimas embarcações que podem chegar a essa profundidade, e certamente não há mergulhadores — avaliou Greig. — Os veículos projetados para o resgate de submarinos da Marinha certamente não conseguem chegar nem perto da profundidade do Titanic. E mesmo que conseguissem, duvido muito que pudessem se prender à escotilha do submersível turístico.
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O Titanic, operado pela White Star Line, afundou em sua viagem inaugural pelo Oceano Atlântico em 1912, após colidir com um iceberg. Mais de 1.500 pessoas morreram. O famoso naufrágio fica a 3,8 mil metros no fundo do Atlântico. Os restos do navio ficam a cerca de 600 km da costa de Terra Nova, no Canadá.
OceanGate Expeditions, uma empresa privada que implanta submersíveis para expedições em alto mar, publicou recentemente nas redes sociais que uma de suas expedições estava "em andamento".
O submersível pode acomodar cinco pessoas, diz a empresa, que geralmente inclui um piloto, três convidados pagantes e um especialista. O bilionário Hamish Harding embarcou como especialista da expedição. Formado em Ciências Naturais e Engenharia Química na Universidade de Cambridge , Harding tem experiência como aventureiro, tendo um recorde do Guinness pela viagem aérea mais rápida ao redor da Terra pelos Polos Norte e Sul.
Em uma postagem no Instagram, Harding indicou que outro tripulante do submersível era Paul Henry Nargeolet, ex-comandante da Marinha Francesa e um dos maiores especialistas no Titanic. Em 1987, ele integrou a primeira expedição de mergulhadores que foi até o local do naufrágio.
A emissora britânica Sky News apontou ainda que o próprio CEO e fundador da Ocean Gate é um dos possíveis nomes presentes no submarino. No ano passado, Stockton Rush disse ao canal de televisão americano CBS que iria em uma nova expedição a Titanic em 2023.
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A empresa que opera o submersível desaparecido diz que está “explorando e mobilizando todas as opções” para trazer a tripulação de volta com segurança.
“Todo o nosso foco está nos tripulantes do submersível e suas famílias”, disse a OceanGate em um comunicado, que acrescenta ter recebido “extensa assistência” de “várias agências governamentais e empresas de alto-mar” em seus esforços para restabelecer o contato com o submersível.
“Estamos trabalhando para o retorno seguro dos tripulantes”.
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