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Por Mar Centenera, El País — Buenos Aires

Para uma candidatura, pelo menos US$ 10 mil. Para a mais cobiçada, até US$ 100 mil. A Justiça investiga se o candidato de extrema direita à presidência da Argentina, Javier Milei, vendeu vagas nas listas eleitorais do seu partido, a Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol). Empresários, advogados e políticos denunciaram que o séquito do economista ultraliberal está pedindo grandes somas da moeda americana em troca da inclusão de seus nomes nas cédulas eleitorais e foram convocados a testemunhar na investigação aberta contra ele. Milei nega todas as acusações, mas o escândalo representa um novo golpe à sua candidatura, deixando-o ainda mais atrás dos candidatos da coalizão conservadora Juntos pela Mudança (JxC) e da peronista União pela Pátria (UP) na corrida eleitoral de outubro.

— Milei criou um sistema de franquia em que ele entrega o nome, a imagem e abençoa uma fórmula, mas precisa ser pago. Os valores são muito diferentes dependendo do cargo. Uma candidatura a governador custa cerca de US$ 100 mil — disse o economista e advogado liberal Carlos Maslatón, ex-aliado político de Milei.

Maslatón ratificou sua acusação perante o promotor na sexta-feira. Durante quase uma hora, ele afirmou que no partido LLA há uma seleção de candidatos de acordo com o dinheiro que eles podem contribuir.

Suas declarações coincidem com as do empresário Juan Carlos Blumberg, que acusou membros do partido de extrema direita de vender candidaturas em troca de US$ 50 mil. O empresário é outra das quatro testemunhas que foram convocadas para depor.

— Há pessoas que pagaram e foram usadas. O mais grave de tudo isso é que essas pessoas fizeram da política um negócio — disse Blumberg em uma entrevista de rádio.

Além das censuras éticas à suposta venda de candidaturas, o sistema judiciário está investigando se o grupo de Milei incorreu em algum crime, como a violação da Lei de Financiamento de Partidos Políticos. Essa lei exige que todas as contribuições para campanhas políticas sejam feitas por meio de uma conta bancária. O financiamento em dinheiro é ilegal.

Milei deixou claro que vai reagir. No início, ele justificou os pagamentos solicitados àqueles que se aproximavam de seu espaço:

— Os políticos tradicionais são financiados com dinheiro do Estado. Na Argentina, a política é financiada com dinheiro dos impostos, o dinheiro do contribuinte é desviado para a campanha, é assim que eles fazem política — distanciando do que considera "a casta política", apesar de ser membro do Parlamento há quase dois anos. — Nós, ao contrário deles, financiamos nossa própria campanha. Não tiro uma manga [um peso] disso.

Nesta sexta-feira, Milei mudou de opinião. Ele antecipou que tomará medidas legais contra Blumberg e contra aqueles que estão reproduzindo o que ele chama de "mentiras flagrantes".

— [Blumberg] fingiu ser um candidato a governador da província de Buenos Aires porque foi a uma palestra minha na feira do livro. O homem não faz um mapeamento entre a inanidade de suas exigências e o que ele pode fazer, então ele começa a contar todos os tipos de mentiras — apontou Milei.

O novo tropeço do atual deputado ocorre após os retumbantes fracassos eleitorais de seus candidatos nas eleições provinciais realizadas até agora e as duras críticas de políticos que se distanciaram do seu partido. Figuras conservadoras da mídia, que até semanas atrás o elogiavam, começaram a soltar sua mão. Ao mesmo tempo, suas propostas provocativas, que vão desde a dolarização da economia argentina até a revogação da lei do aborto, um sistema de saúde pública com pagamento de taxas ou um maior uso do Exército, deixaram de pautar a agenda política.

Três meses e meio antes das eleições presidenciais, as pesquisas mostram uma queda significativa nas intenções de voto da extrema direita do LLA. Seu apoio varia entre 16% e 19%, quase dez pontos percentuais a menos do que no auge de sua popularidade. A coalizão de oposição Juntos pela Mudança sonha com uma vitória no primeiro turno sobre o peronismo, mas, por enquanto, está lutando nas pesquisas. Os levantamentos mais recentes dão a eles pouco mais de 30% para seus dois candidatos, Patricia Bullrich e Horacio Rodríguez Larreta, seguidos de perto pelo peronismo, com Sergio Massa na liderança. Os numerosos eleitores indecisos farão pender a balança para um dos lados.

Enquanto isso, Milei está viajando pelos países vizinhos, onde está se saindo melhor do que em casa. Nesta sexta-feira, ele realizou uma conferência no teatro municipal de Las Condes, juntamente com Axel Kaiser, da Fundação para o Progresso. O argentino, que foi recebido com aplausos, atacou o presidente chileno Gabriel Boric.

— Os esquerdistas se reúnem, ou seja, os empobrecedores se reúnem, e assim como esperamos nos livrar da praga kirchnerista [na Argentina], espero que vocês tenham a felicidade e a estatura de poder se livrar desse empobrecedor Boric também. Aqui vocês tiveram [Ricardo] Lagos, [Michelle] Bachelet. Bem, agora você tem esse aqui — disse.

Os ataques de Milei mereceram uma resposta do chanceler chileno, Alberto Van Klaveren.

— Pedimos que restrinja sua campanha à Argentina e não a estenda ao Chile — disse o diplomata a ele de La Moneda.

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