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Por Eliane Oliveira — Brasília

O encontro de líderes de oito países que abrigam uma parte da Amazônia, em Belém, será o primeiro passo para que os líderes da região se unam para preservar a biodiversidade e, ao mesmo tempo, tentar melhorar as condições de vida de cerca de 50 milhões de pessoas que dependem dos recursos da floresta. É o que afirma a secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Alexandra Moreira, ex-ministra do Meio Ambiente da Bolívia. Ela acredita que a adoção de metas comuns será o ponto mais difícil de ser aprovado durante a reunião, marcada para os dias 8 e 9 de agosto.

O que poderá sair da cúpula de Belém?

Precisamos, na região amazônica, de mais ação, mais gestão, mais financiamento. O maior desafio para nós vai ser depois da cúpula, depois desse chamado, dessa decisão de nossos presidentes. O desafio maior será de implementação. E não é somente a implementação de uma melhor governança ou da institucionalidade da OTCA. Será uma melhora na gestão nacional de nossos países, não somente do Brasil, que já tem muita liderança com o presidente Lula, mas nos outros sete países dentro do território amazônico.

Secretária-geral da OTCA, Alexandra Moreira — Foto: Divulgação
Secretária-geral da OTCA, Alexandra Moreira — Foto: Divulgação

O mundo vê a Amazônia como uma imensa floresta com animais exóticos, indígenas e crimes envolvendo desmatamento, garimpo e exploração de madeira. Como a região deve ser vista?

A região amazônica não é somente a floresta e a diversidade. Todos devemos nos comprometer com a floresta em pé, com a conservação da biodiversidade, pois se trata da bacia mais importante do mundo. Mas, além disso, nós temos 50 milhões de habitantes na Amazônia, o que não é pouca coisa. Temos cidades importantes, que precisam ser atendidas em suas necessidades com um olhar urbano mais sustentável. Deve ser feito um balanço sobre as áreas ambiental, social, econômica e cultural. Não podemos nos esquecer de que dentro desses 50 milhões de habitantes estão 420 mil povos indígenas. Então, também temos de ter um olhar diferenciado em relação a esses habitantes.

Como a região pode crescer?

Há um mercado com potencial quase bilionário de produtos da Amazônia, que são castanha, mel, cacau, café, açaí, entre outros, que já têm um mercado consolidado internacionalmente. Só que a região amazônica como um todo só está participando de 0,17% desse mercado. Há zonas tropicais em outras partes do mundo que estão produzindo os mesmos produtos. Há muito campo para melhorar as condições de desenvolvimento e melhora das cadeias produtiva e incentivar pequenas empresas familiares.

O presidente Lula defende que todos os países se comprometam com uma meta comum para acabar com o desmatamento. Acha possível isso acontecer?

Sim, é possível. Existe uma predisposição de muitos países para colocar uma meta clara. Lamentavelmente, há muitos ilícitos que estão acontecendo em vários países fronteiriços, e é preciso um esforço conjunto. E também temos que melhorar o acesso das pessoas à água potável, ao saneamento básico e mesmo à internet. Mas, sobre o desmatamento ilegal, as condições estão dadas e agora temos que esperar as negociações. Os dados da ciência nos mostram que, se nós não melhorarmos a percentagem do desmatamento não só no Brasil, mas na região amazônica como um todo, nosso ecossistema terá um processo de savanização, o que é muito perigoso.

Existe uma identidade, ou seja, os países que abrigam a Amazônia se sentem, de fato, amazônicos?

O Tratado de Cooperação, de 1978, fala sobre a necessidade de as economias dos territórios amazônicos de incorporar a região às economias nacionais. Já existia essa visão periférica da Amazônia. Depois de 45 anos posso sustentar que as autoridades dos países devem enfrentar as coisas bem de frente. No Brasil, a Amazônia está em 60% do seu território. Na Bolívia, equivale à metade e, no Peru, 60%.

Com oito pessoas de países diferentes, o que, em sua opinião, será mais difícil de entrar na declaração final?

Possivelmente a adoção de metas comuns. Mas isso não quer dizer que não vamos aprovar questões comuns.

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