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Por O Globo

Frequentemente descrito como um dos lugares mais inóspitos do planeta, a selva de Darién, na divisa da Colômbia com o Panamá, é também uma conhecida rota de migração, especialmente para sul-americanos que tentam chegar ilegalmente aos Estados Unidos passando pela América Central. Mas para sobreviver ao perigoso trajeto, que engloba 5 mil km² de matas tropicais, montanhas íngremes e rios, é preciso enfrentar não apenas as adversidades do clima e do terreno, mas também animais peçonhentos, falta de água potável e, claro, a ação de gangues criminosas e grupos guerrilheiros.

“Nas profundezas da selva, roubo, estupro e tráfico humano são tão perigosos quanto animais selvagens, insetos e a absoluta falta de água potável”, disse Jean Gough, diretor regional para América Latina e Caribe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em um comunicado de imprensa de outubro de 2021.

Apesar dos perigos que enfrentam no caminho, 248.901 migrantes cruzaram a selva de Darién este ano de 1º de janeiro a 30 de julho, um número recorde que supera as cifras de todo o ano de 2022. O número de mortos na viagem, porém, é desconhecido, devido à inacessibilidade do terreno, à falta de denúncias e ao abandono dos corpos, que às vezes acabam sendo comidos por animais.

Em 2022, pelo menos 52 pessoas morreram na selva, segundo dados oficiais. Autoridades, no entanto, suspeitam que o número de mortos possa ser maior. Saiba quais são os 10 maiores perigos dessa rota:

Jararacas

 — Foto: Brian Gratwicke
— Foto: Brian Gratwicke

A jararaca é uma das criaturas mais venenosas encontradas na selva de Darién, e podendo chegar a 1,6 metros de comprimento, essas cobras se movem rápido, são irritáveis e grandes o suficiente para morder acima dos joelhos.

De acordo com o Butantan, os principais sintomas da picada de uma jararaca adulta em humanos são dor e inchaço local, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento no ferimento. Também podem ocorrer sangramentos em mucosas como nas gengivas. As complicações podem provocar infecção e necrose na região da picada e insuficiência renal.

Armadeiras

 — Foto: Reprodução
— Foto: Reprodução

A selva de Darién é repleta de aranhas, mas uma das mais perigosas, do ponto de vista médico, é popularmente conhecida como “armadeira”, uma referência à posição adotada por esse animal em situações em que se sente ameaçado. Também conhecidas como aranhas-de-bananeira, apresentam hábitos noturnos, possuem um veneno poderoso e são observadas com frequência se escondendo em bromélias, palmeiras e bananeiras, troncos de árvores e dentro de calçados.

Picadas desses aracnídeos podem causar dor local, inchaço, vermelhidão na região da picada, visão turva, palidez, contrações musculares involuntárias, dentre outros sintomas. Em alguns casos, o acidente pode progredir para a morte em duas a seis horas.

Escorpião-imperador

 — Foto: Kevin Walsh
— Foto: Kevin Walsh

Muito comum na região de Darién, o escorpião-imperador pode ter de dois a quatro centímetros de comprimento e apresentar uma coloração preta ou preto-avermelhada. Eles vivem sob pedras e troncos e caçam larvas e baratas à noite. Sua picada é muito dolorosa, mas, felizmente, raramente é mortal para os humanos, desde que sejam tratados em um período de tempo seguro.

Carrapatos

 — Foto: Scott Bauer
— Foto: Scott Bauer

Além de cobras, aranhas e escorpiões, a selva de Darién também é infestada de carrapatos que transmitem erliquiose ou febre maculosa, que podem variar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça e dores musculares, podendo haver também erupções, geralmente com pele escura ou crosta no local da picada de carrapato.

Bernes

 — Foto: Karsten Heinrich
— Foto: Karsten Heinrich

Também chamada de miíase ou mesmo de bicheira, a berne é uma manifestação parasitária causada por larvas de uma mosca varejeira, que deposita seus ovos em feridas e machucados abertos. Quando esses ovos eclodem, se desenvolvem em larvas que ficam dentro do ferimento do indivíduo, se alimentando de seu corpo. A ferida do berne costuma ser pequena, como um buraquinho na pele que elimina um pus ou mesmo uma secreção mais amarelada. Os sintomas incluem dor intensa; sensação de pontadas ou mesmo de picadas no local do ferimento; coceira; inchaço e mudança de cor no local do ferimento.

Água suja

Há ampla oferta de água no estreito de Darién, mas está longe de ser limpa. Mesmo um gole pode conter uma série de vírus ou parasitas que podem arruinar o resto da viagem.

Calor e umidade

Vista do topo do Darién, entre a Colômbia e o Panamá — Foto: Federico Rios Escobar/The New York Times
Vista do topo do Darién, entre a Colômbia e o Panamá — Foto: Federico Rios Escobar/The New York Times

As temperaturas na selva de Darién podem chegar a 35ºC com 95% de umidade, criando uma sensação de abafamento terrível e uma grande necessidade de hidratação, já que o calor provoca vasodilatação — o que pode causar queda da pressão arterial e provocar mal-estar, sonolência e desânimo — e sudorese.

Palmeira negra

 — Foto: Brian Gratwicke
— Foto: Brian Gratwicke

Muito comum na região de fronteira entre Colômbia e Panamá, esta palmeira, que pode chegar a 20 metros de altura, é coberta densamente por espinhos de até 20 centímetros de comprimento, que protegem a planta de seus predadores. Nos humanos, podem causar feridas perfurantes infectadas com bactérias.

Traficantes

Além dos perigos naturais, quem se arrisca precisa ainda lidar com traficantes de pessoas: autoridades do Panamá suspeitam que o tráfico de migrantes pela selva panamenha seja controlado pelo Clã do Golfo, um dos maiores cartéis de drogas da Colômbia. No último ano, vários confrontos armados foram registrados no Darién entre gangues criminosas que buscam extorquir os migrantes e a polícia.

Grupos guerrilheiros

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram desmobilizadas em 2016 com a assinatura de um acordo de paz, mas diversos grupos dissidentes continuam atuando pelo país com tráfico de drogas, armas e pessoas. Em 2013, um mochileiro da Suécia foi baleado na cabeça na selva de Darién por uma dessas organizações e só foi encontrado dois anos depois. Vários outros foram sequestrados por semanas ou meses depois de se aventurarem por Darién.

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