Ao menos 41 migrantes, entre eles três crianças, morreram em um naufrágio na ilha italiana de Lampedusa. Segundo a agência de notícias Ansa, quatro pessoas — três homens e uma mulher da Costa do Marfim e da Guiné — que sobreviveram ao acidente disseram às equipes de resgate que estavam em um barco que partiu de Sfax, na Tunísia, e afundou a caminho da costa da Itália na semana passada.
Em um comunicado conjunto, as agências da ONU para os refugiados (Acnur), a infância (Unicef) e a migração (OIM) lamentaram este "terrível naufrágio ocorrido entre quinta e sexta-feira no Mediterrâneo".
“Isto demonstra a absoluta falta de escrúpulos dos traficantes que, desta forma, expõem migrantes e refugiados a altíssimos riscos de morte no mar”, denunciaram as agências.
A embarcação virou no mar devido a uma forte onda. Segundo relatos dos sobreviventes, apenas 15 pessoas estavam com colete salva-vidas, mas mesmo assim morreram afogadas.
Os sobreviventes disseram ainda que foram resgatados por um cargueiro e depois transferidos para um navio da guarda costeira italiana.
Em fevereiro, houve comoção internacional após a morte de dezenas de pessoas, incluindo um bebê, no naufrágio de um barco com imigrantes próximo à cidade italiana de Crotone, na Calábria. Segundo os socorristas, o barco transportava cerca de 120 imigrantes do Irã, Paquistão e Afeganistão e colidiu com algumas pedras a poucos metros da costa.
O desastre ganhou maior repercussão por ter ocorrido poucos dias após o governo de extrema direita italiano, da primeira-ministra, Giorgia Meloni, aprovar uma polêmica regulamentação de resgate de imigrantes no mar. A nova lei obriga os navios humanitários a realizar apenas um resgate por viagem, o que, segundo críticos, aumenta o risco de mortes no Mediterrâneo central — considerada a rota mais perigosa do mundo para imigrantes.
Meloni chegou ao poder em outubro do ano passado com uma plataforma de ultradireita centrada, principalmente, no combate à imigração.
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Em junho, outra tragédia voltou os olhos do mundo para a crise humanitária na região. Mais de 70 pessoas morreram quando uma embarcação afundou nas proximidades da Península do Peloponeso, sul da Grécia. Após uma ampla operação de resgate, dificultada por fortes ventos, mais de 100 pessoas foram resgatadas com vida.
Até agora, mais de 1.800 pessoas perderam a vida este ano na travessia do norte da África para a Europa, segundo a BBC. (Com AFP)
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