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Por Eliane Oliveira — Brasília

Formado há 12 anos por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics ganhará no próximo ano seis novos membros, anunciaram os líderes do clube de países emergentes nesta quinta-feira, último dia de sua cúpula na cidade sul-africana de Johannesburgo. No momento em que tenta ampliar sua influência no cenário internacional, o bloco aprovou o ingresso da Arábia Saudita, da Argentina, dos Emirados Árabes Unidos, do Egito, do Irã e da Etiópia.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, anunciou que as nações convidadas entrarão no grupo a partir de 1º de janeiro de 2024. Mas, para isso, terão de cumprir critérios que ainda serão divulgados. Um exemplo é a defesa da reforma do sistema ONU, com destaque para o Conselho de Segurança.

— Com esta cúpula, o Brics inicia um novo capítulo — afirmou Ramaphosa em uma entrevista coletiva ao lado dos representantes dos outros países que integram o bloco atualmente.

A ampliação do grupo foi um tema prioritário na reunião de cúpula, a 15ª celebrada pelo bloco. A China, maior economia do bloco, que representa quase 70% do PIB do Brics, era favorável a uma expansão. Os etíopes foram uma surpresa no anúncio. A expectativa era de que a Indonésia entrasse no grupo, mas o país desistiu no último momento, alegando questões locais na Ásia.

Aliança heterogênea, o Brics reivindica um equilíbrio mundial mais inclusivo, em particular no que diz respeito à influência dos Estados Unidos e da União Europeia. Durante a cúpula, o Brics reafirmou a posição de "não alinhamento", em um contexto de divisões provocadas pelo conflito na Ucrânia.

Durante uma declaração à imprensa dos líderes do Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, com os novos integrantes, o bloco terá 36% do PIB mundial e 46% do total de habitantes do planeta. Lula também se pronunciou sobre a expansão do bloco na plataforma X (ex-Twitter), dedicando uma "mensagem especial" ao presidente argentino, Alberto Fernández, um "grande amigo do Brasil e do mundo em desenvolvimento".

Em Buenos Aires, Fernández disse que a Argentina desejava integrar o Brics "porque o difícil contexto internacional confere ao bloco uma relevância singular e o constitui em uma importante referência geopolítica e financeira, embora não a única, para este mundo em desenvolvimento".

Em sua postagem na X, Lula afirmou estar "profundamente impressionado com a maturidade do Brics e com os resultados que conseguimos alcançar juntos", afirmando que "relevância do Brics está confirmada". Lula também pontuou que "nossa diversidade fortalece a luta por uma nova ordem que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século XXI", acrescentando: "A presença, neste encontro do Brics, de dezenas de líderes de outros países países do Sul Global mostra que o mundo é mais complexo do que a mentalidade de Guerra Fria que alguns querem restaurar".

Para o presidente da China, Xi Jinping, as discussões resultaram em uma "ampliação histórica", que antecipa um "futuro radiante para os países do bloco".

Já o anfitrião do evento, o presidente sul-africano, disse que, entre os objetivos do Brics está a entrega de soluções viáveis para desafios comuns. Ele defendeu o "multilateralismo inclusivo" e a reforma do sistema financeiro mundial.

— Compartilhamos nossa visão do Brics e as preocupações dos povos do Sul Global. Reiteramos nossos compromissos por um multilateralismo inclusivo — afirmou Ramaphosa.

— O papel e a importância do Brics no mundo continuam crescendo — afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, que, por ser alvo de uma mandado de prisão internacional por crimes de guerra na Ucrânia, não participou presencialmente e discursou por videoconferência no evento na quarta-feira.

Mohammad Jamshidi, conselheiro do presidente iraniano, Ibrahim Raissi, destacou que a adesão do Irã é um "sucesso estratégico para a política externa da República Islâmica". Já o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, afirmou que a entrada no bloco representa uma "momento forte" para o país africano, enquanto o presidente dos Emiratos Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed, celebrou a adesão, afirmando "respeitar a visão dos líderes do Brics".

O Irã, que não tem relações diplomáticas com Washington, "é um acréscimo controverso e, sem dúvida, ligado a um pedido da Rússia", que depende do Mar Negro para o comércio, declarou à AFP Gustavo de Carvalho, pesquisador de Relações Internacionais radicado na África do Sul e que estava credenciado para acompanhar a cúpula.

Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos "têm um peso econômico enorme, e o petróleo protege seus interesses", afirmou Chris Landsberg, especialista em Política Externa da Universidade de Johannesburgo.

A expansão é resultado de um acordo firmado pelos países membros na quarta-feira, aprovado por consenso. Foram estabelecidos critérios que funcionarão como pedágio para a entrada de outras nações.

Até o momento, 23 países pediram oficialmente para entrar no Brics. Além dos seis já anunciados como membros plenos a partir do próximo ano, completam a lista Argélia, Bangladesh, Barein, Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Honduras, Indonésia, Cazaquistão, Kuait, Marrocos, Nigéria, Senegal, Palestina, Tailândia, Venezuela e Vietnã.

Analistas destacaram que os países membros devem encontrar um equilíbrio entre sua proximidade com a China e a Rússia e o risco de um distanciamento de um sócio comercial importante como os Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, Washington afirmou que não vê o Brics como futuros "rivais geopolíticos" e que deseja manter "relações sólidas" com Brasil, Índia e África do Sul, embora também tenha minimizado a expansão do bloco e afirmado que espera que cúpula na Índia "mostre G20 como principal fórum de cooperação econômica". (Com AFP)

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