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Por O Globo — Seul

Um piloto de jet ski detido na Coreia do Sul por supostamente ter entrado no país ilegalmente é um importante dissidente que atravessou centenas de quilômetros no oceano para fugir da China, dizem ativistas.

O homem, que não teve a identidade revelada pelas autoridades coreanas, mas foi identificado como Kwon Pyong por uma organização de dissidentes, tem por volta de 30 anos e foi apreendido em 16 de agosto perto de Incheon, cidade na costa oeste sul-coreana a poucos quilômetros da capital, Seul, afirmou a Guarda Costeira de Incheon em um comunicado citado pela rede CNN.

Ele é suspeito de viajar da província de Shandong, no leste da China, até a cidade de Incheon — uma distância de aproximadamente 400 quilômetros — através do Mar Amarelo. Segundo a Guarda Costeira, ele estava apenas com um capacete, um binóculos e uma bússola, tendo amarrado cinco galões de 25 litros ao jet ski para reabastecer seu tanque.

Ao chegar na Coreia, o veículo atolou na costa lamacenta, levando o suspeito a chamar a emergência para ajudá-lo, sendo então levado sob custódia. De acordo com a CNN, o caso foi encaminhado aos promotores de Incheon na terça-feira.

A organização Dialogue China, que colabora estreitamente com outros dissidentes, identificou o homem como Kwon Pyong, informação que não pôde ser confirmada de forma independente. Segundo a organização, Kwon frequentou a Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos, antes de retornar à China e se tornar um crítico do governo e da censura no país.

Na redes sociais, o dissidente chegou a manifestar-se abertamente contra violações de direitos humanos e participou dos protestos pró-democracia em Hong Kong em 2014, segundo a organização Freedom House.

Em agosto de 2016, Kwon publicou uma foto no Twitter (hoje X) vestindo uma camisa cuja estampa mostrava vários nomes que zombavam do líder chinês, Xi Jinping, incluindo “Xitler”, uma contração dos nomes Xi e Hitler, o líder nazista. Segundo a CNN, o post não está mais disponível.

A Freedom House informou também que, um mês depois, o homem foi detido pela polícia e indiciado pelo caso e que, antes do início do seu julgamento, seus advogados foram destituídos pelas autoridades chinesas. Segundo uma declaração de 2020 do tribunal chinês, o dissidente havia sido julgado por incitar a subversão do poder do Estado.

Ativista da Dialogue China que reside na Coreia do Sul, Lee Dae-seon disse à CNN que o homem foi condenado à prisão e liberado em março de 2019. Os dois mantiveram contato desde agosto do mesmo ano, quando Kwon expressou sua intenção de buscar asilo no exterior.

— Ele me disse que estava pronto para deixar a China e vir para a Coreia do Sul, mas eu não sabia como ele viria — contou o ativista à rede americana na quarta. — Ele me ligou em 16 de agosto assim que foi levado pela guarda costeira. Fui vê-lo nesta terça.

— Kwon quer ir para um terceiro país. Como ele cursou a Universidade Estadual de Iowa, ele fala inglês. Então, ele quer ir para um país que fala a língua inglesa — disse, acrescentando: — O erro dele foi violar a lei de imigração, mas ele não teve escolha a não ser cometer uma ação desesperada devido às investigações políticas feitas pelas autoridades chinesas, um processo de julgamento injusto e de vigilância — concluiu.

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