O general reformado Hernán Chacón, condenado juntamente com outros militares pelo assassinato, há meio século, do emblemático cantor e compositor Víctor Jara durante a ditadura de Augusto Pinochet, suicidou-se nesta terça-feira aos 85 anos, pouco antes de ser preso, informou o Ministério Público chileno.
Quando a polícia foi procurá-lo para cumprir a ordem do Supremo Tribunal Federal, Chacón "pegou uma arma de fogo e atirou contra si mesmo", disse à imprensa o promotor Claudio Suazo.
O general de brigada foi condenado na segunda-feira pelo Supremo Tribunal, juntamente com outros ex-militares, a penas de até 25 anos de prisão, pelo sequestro e assassinato de Jara, ocorrido logo após a instalação da ditadura de Pinochet, no 11 de setembro de 1973.
Segundo a decisão transitada em julgado, Chacón participou da seleção e interrogatório dos 5 mil prisioneiros que foram transferidos para o Estádio-Chile após o sangrento golpe contra o socialista Salvador Allende e instalou a ditadura de Pinochet, que durou 17 anos e deixou 3.200 vítimas, entre mortos e desaparecidos.
Filiado ao Partido Comunista, Jara foi preso dentro da Universidade Técnica do Estado, onde trabalhava como professor, e levado ao estádio onde foi torturado por vários dias. Ele tinha 40 anos quando foi atingido por 44 balas.
Autor de canções como "Te recuerdo, Amanda", "El derecho de vivir en paz" ou "Manifiesto", Jara é considerado um símbolo da chamada Nova Canção Chilena, movimento musical e social da década de 1960 ao início de década de 1970.
No mesmo caso, os juízes condenaram os sete ex-militares também pelo assassinato e sequestro do ex-diretor penitenciário Littré Quiroga. Seu corpo, também com sinais de tortura, foi encontrado ao lado do de Víctor Jara, em um terreno próximo a uma ferrovia, nos arredores de Santiago.
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