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Por O Globo e agências internacionais — Nova York

Um grupo de jornalistas russos denunciou nesta terça-feira que sentem haver um “ambiente de insegurança” ao exercer a profissão. Os relatos foram coletados pela agência portuguesa “Lusa”. Nos depoimentos, os profissionais dizem temer a “onda de envenenamentos” que tem ocorrido contra trabalhadores da imprensa e ativistas da Rússia.

Na Universidade Columbia, nos Estados Unidos, Galina Timochenko e Ivan Kolpakov falaram sobre os desafios que enfrentam para transmitir notícias, considerando a forte propaganda do Kremlin. Kolpakov afirmou, no entanto, que eles não estão limitados às fronteiras do país, uma vez que há casos de jornalistas russos atacados no exterior.

— Na Rússia, é proibido ser jornalista independente. Então, se alguém trabalhar para a Meduza, pode ser preso porque está trabalhando para uma organização que foi considerada indesejável. Ou pode ir para a prisão porque é um ‘traidor do Estado’, ou porque violou uma lei sobre ‘divulgação de informação’ sobre o exército russo.

'Onda de envenenamento'

Kolpakov, que é editor-chefe da Meduza, continuou o relato afirmando que “ser jornalista russo não é seguro mesmo sem estar na Rússia”. Ele relembrou o caso da repórter Elena Kostyuchenko, que foi envenenada na Alemanha em 2022. De acordo com ele, há uma “onda de envenenamento de jornalistas e ativistas” na Europa.

Elena viajava de comboio para Berlim em outubro do último ano quando adoeceu repentinamente, num caso que levou as autoridades alemãs a investigar uma suspeita de tentativa de envenenamento. A jornalista, que tem 35 anos, havia deixado a Ucrânia depois de ter sido informada de que unidades chechenas em um posto de controle russo haviam recebido ordens para matá-la.

Ela também foi uma entre três jornalistas exilados que adoeceram com sintomas de envenenamento em capitais europeias, segundo o “The Insider”. Além dos ataques físicos, jornalistas vindos da Rússia têm sofrido outros tipos de pressões nos países para onde vão. Autoridades da Letónia, por exemplo, revogaram em dezembro passado a licença de transmissão do canal de televisão independente russo Dozhd.

— Esses são apenas alguns exemplos de como é ser um jornalista russo nos dias de hoje. Você foge do seu governo, vai para a Letónia, um país vizinho que faz parte da União Europeia, mas acaba expulso. É como se estivessem lutando contra nós de ambos os lados — afirmou Ivan Kolpakov, um dos jornalistas russos que entrevistou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky logo após a invasão.

Protocolos de segurança 'rigorosos'

Em Nova York, porém, Galina Timchenko declarou que, após os episódios de envenenamento, foram adotados protocolos rígidos para evitar que situações semelhantes voltassem a acontecer contra jornalistas, principalmente em viagens. Segundo ela, foi possível perceber o padrão de quase todas as intoxicações, apesar de algumas ainda não terem sido reveladas.

— Elas ocorreram durante viagens. Então, impusemos regras muito rígidas para viagens, para o uso de líquidos e para a vida quotidiana. Por exemplo, proibimos estritamente qualquer entrega de comida ou entrega ao domicílio do nosso pessoal. É um pouco estranho, mas impusemos algumas regras para não usarem líquidos dentro dos hotéis, e assim por diante — disse ela.

Questionada pela Lusa sobre o tipo de conteúdo informativo a que cidadãos russos têm acesso diariamente, a jornalista explicou que, antes mesmo da invasão, havia uma atmosfera “anti-Ucrânia”. De acordo com ela, era “muito difícil assistir ao noticiário”, porque não havia notícias sobre a Rússia. “Todas eram sobre a Ucrânia, sobre o quão ruim era a sua situação econômica”, completou.

— Atualmente, por um lado, tentam preencher todo o tempo de transmissão com programas de infoentretenimento ou entretenimento. E, ao mesmo tempo, debatem agressivamente sobre como os ucranianos odeiam os russos. É só isso — acrescentou Galina, afirmando que, quando Vladimir Putin chegou ao poder, a repressão e a censura começaram a aumentar.

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