Clima e ciência
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Por O Globo com agências internacionais

A governadora de Nova York, Kathy Hochul, decretou estado de emergência ontem para a cidade mais famosa dos Estados Unidos e os condados adjacentes de Long Island e Hudson Valley após a região ficar debaixo d’água em decorrência das chuvas torrenciais que inundaram a área repentinamente. Linhas de metrô foram fechadas e equipes de resgate foram colocadas em alerta para resgatar a população ilhada.

A inundação de ontem seguiu-se dias de chuvas torrenciais no início da semana, tornando este o segundo mês de setembro mais chuvoso da história da cidade de Nova York— o maior em mais de 140 anos, de acordo com estatísticas do Serviço Meteorológico Nacional.

O Serviço Meteorológico dos EUA emitiu um alerta de enchente repentina para a ilha de Manhattan, Brooklyn e Queens na manhã de ontem. Outros já estavam em vigor para o Bronx, Staten Island e Jersey naquele momento, além do aviso adicional das autoridades sobre o risco de inundações em rodovias, ruas e passagens subterrâneas.

Passageiros lotam estação de metrô que interrompeu serviços em Church Avenue — Foto: Michael M. Santiago/Getty Images North America via AFP
Passageiros lotam estação de metrô que interrompeu serviços em Church Avenue — Foto: Michael M. Santiago/Getty Images North America via AFP

"É fundamental que todos os nova-iorquinos tomem todas as precauções necessárias e evitem estradas inundadas, que são alguns dos locais mais perigosos durante as cheias repentinas", disse a governadora em um comunicado à população.

A governadora pediu aos nova-iorquinos que ficassem em casa se pudessem e disse que as autoridades estaduais também estavam preparando equipes de resgate nos condados de Nassau e Westchester.

Carros são pegos por enchentes em uma rua perto do Canal Gowanus, no Brooklyn — Foto: Anna Watts/The New York Times
Carros são pegos por enchentes em uma rua perto do Canal Gowanus, no Brooklyn — Foto: Anna Watts/The New York Times

O prefeito Eric Adams apareceu diante do público em uma coletiva de imprensa com Hochul, corroborando o estado de emergência para a cidade de Nova York e alertando os cidadãos a tomarem “extrema cautela” e “se abrigarem” em um local seguro.

Fotos e vídeos mostram os estragos provocados pela chuva. Estações de metrô lotadas e carros passando por estradas inundadas foram vistos em partes do Queens e do Brooklyn, onde as ruas transbordaram e as calçadas ficaram submersas. A chuva também causou atrasos nos voos dos três aeroportos da cidade.O histórico Marine Air Terminal, no aeroporto LaGuardia, foi forçado a fechar após ficar alagado.

— De modo geral, como sabemos, essa mudança no padrão climático é resultado da mudança climática — disse Rohit Aggarwala, chefe do departamento climático da cidade de Nova York, em uma coletiva de imprensa na manhã de ontem. — E a triste realidade é que nosso clima está mudando mais rápido do que nossa infraestrutura pode responder.

Passageiros ficam ilhados em ponto de ônibus no Bronxs — Foto: Gregg Vigliotti/The New York Times
Passageiros ficam ilhados em ponto de ônibus no Bronxs — Foto: Gregg Vigliotti/The New York Times

O chefe do departamento responsável pelas escolas de Nova York, David Banks, disse em uma coletiva de imprensa que a água invadiu 150 dos 1.400 colégios da cidade. Em um deles, no Brooklyn, estudantes e funcionários precisaram ser evacuados.

As enchentes também atingiram as estações de trem e metrô da cidade, provocando grandes interrupções, incluindo a suspensão do serviço em 10 linhas ferroviárias no Brooklyn e em todas do Metro-North, que liga a cidade de Nova York ao interior do estado. A governadora anunciou que ônibus adicionais estavam operando para minimizar os impactos.

Além dos transtornos no deslocamento, as fortes chuvas podem ser mortais para as dezenas de milhares de pessoas que vivem em apartamentos subterrâneos na cidade. Muitos deles, que são frequentemente alugados a imigrantes ou outras populações vulneráveis em busca de moradia acessível, não poderiam ser alugados legalmente por não terem meios de fuga adequados em casos de emergência com o de ontem.

Em 2021, as enchentes remanescentes do furacão Ida mataram 11 pessoas que viviam em casas subterrâneas. A cidade procurou legalizá-las para que pudessem obedecer a padrões de segurança mais elevados. Mas, até agora, eles não foram estabelecidos.

Ao final da tarde de ontem, a chuva torrencial deu lugar a uma garoa. As autoridades, no entanto, mantiveram o alerta de risco até o fim da noite, com a possibilidade de inundações repentinas "consideráveis e com risco de vida", segundo o Serviço Meteorológico.

Na França, calor bate recorde

Enquanto na Costa Leste dos EUA o volume de chuva bate recorde, a Europa passa por um calor escaldante do outro lado do Atlântico. A agência de meteorologia da França anunciou que o país teve o mês de setembro mais quente desde que se tem registro.

"Setembro de 2023 é o setembro mais quente nunca registrado na França metropolitana, com uma temperatura média muito acima do normal", detalhou a agência.

Pessoas se protegem do sol com sombrinhas em frente a fonte no jardim de Tuileries, em Paris — Foto: Valery Hache/AFP
Pessoas se protegem do sol com sombrinhas em frente a fonte no jardim de Tuileries, em Paris — Foto: Valery Hache/AFP

De acordo com a climatologista Christine Berne, o mês terá uma temperatura média de 21,5°C, mais de 3°C acima da média. O recorde supera os picos de 1949 e 1961, segundo os registros dos arquivos nacionais, que remontam até 1900.

— As alterações climáticas favorecem um prolongamento das ondas de calor até a primavera [do Hemisfério Norte] e até ao mês de setembro, mesmo no início de outubro — disse Christine, citando as projeções da ONU.

O aquecimento global causou um aumento da temperatura mais forte na Europa do que em nível global. Os especialistas estimam que o clima global já está 1,2º C mais quente do que antes da era industrial, um aumento que chega a 1,8º C na França.

Verão sem fim

Além da França, muitos países europeus, como Alemanha, Polônia e Suíça, viveram o setembro mais quente já registrado, com a temperatura média mais de 3ºC acima do previsto, segundo dados dos respectivos serviços meteorológicos. Na Alemanha, a diferença chegou a 3,9 ºC. Na Península Ibérica, as temperaturas ultrapassaram os 35 ºC nesta sexta em algumas cidades do sul da Espanha.

Depois do trimestre junho-julho-agosto mais quente já registrado, o mundo sofre os efeitos das mudanças climáticas provocadas pelas atividades humanas, e agravadas, nos últimos meses, pelo retorno, no Pacífico, do fenômeno cíclico do El Niño, que costuma provocar um aumento das temperaturas globais.

No Cone Sul americano, o inverno austral foi especialmente quente. Em agosto e setembro, houve ondas de calor em Brasil, Argentina, Uruguai e Chile. A situação foi acompanhada de catástrofes naturais cada vez mais intensas.

Diante desta "mecânica implacável" do aquecimento, "ainda não percebemos a gravidade da natureza profundamente estrutural das mudanças climáticas", disse à AFP o cientista político e pesquisador belga François Gemenne, um dos autores do último relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Até que a neutralidade de carbono seja alcançada, os recordes de calor serão batidos "sistematicamente, semana após semana, mês após mês, ano após ano", alertou.

A próxima conferência climática da ONU, a COP28, que será realizada em Dubai dentro de dois meses, terá como tema central o abandono das energias fósseis para tentar atender às exigências do Acordo de Paris e limitar o aquecimento global a 1,5 °C em relação à era pré-industrial.

— As mudanças climáticas favorecem um prolongamento das ondas de calor até (...) a primavera [do Hemisfério Norte, outono no Brasil] e até o mês de setembro, inclusive no início de outubro — explica a climatologista Christine Berne.

Essa configuração, resultado das emissões de gases de efeito estufa, causadas principalmente pelo uso de combustíveis fósseis, foi combinada desta vez com um fenômeno meteorológico de ar quente do Saara.

(Com The New York Times e AFP)

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