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Por O Globo, com agências internacionais

Chanceleres da União Europeia se reuniram, nesta segunda-feira, em Kiev, no primeiro encontro da cúpula diplomática europeia a ser realizado fora do bloco. Em meio a uma crescente pressão sobre a unidade ocidental sobre à Ucrânia nos dois lados do Atlântico, a reunião foi celebrada por diplomatas ucranianos e da UE como uma sinalização de que apoio ao esforço de guerra está longe de acabar.

"Estamos aqui, convocados para uma reunião histórica dos ministros das Relações Exteriores na Ucrânia, país candidato e futuro membro da UE", afirmou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em um comunicado divulgado nas redes sociais. "Estamos aqui para expressar nossa solidariedade e nosso apoio ao povo ucraniano", acrescentou.

Embora o encontro não tenha contorno oficial — não se trata de uma reunião de ministros de Relações de Exteriores da UE com objetivo de tratar a pauta comum do bloco ou a adesão da Ucrânia —, a ida dos chanceleres à zona de guerra foi comemorada pelo anfitrião Dmitro Kuleba, ministro ucraniano, como uma conquista.

— É um acontecimento histórico porque, pela primeira vez, nos reunimos fora das fronteiras da União Europeia, mas dentro das futuras fronteiras da UE — declarou.

Dmytro Kuleba e Josep Borrell se cumprimentam em Kiev — Foto: Ukrainian Foreign Ministry/AFP
Dmytro Kuleba e Josep Borrell se cumprimentam em Kiev — Foto: Ukrainian Foreign Ministry/AFP

Um dos argumentos utilizados pela Rússia para justificar a invasão da Ucrânia, em fevereiro do ano passado, era a expansão da zona de influência do bloco ocidental ao leste. Embora o foco dos questionamentos do Kremlin, em público, tenha sido a Otan, analistas disseram ao longo dos meses que a integração por meio da UE também era alvo de descontentamento russo.

Pouco depois da invasão de fevereiro, em junho do ano passado, a Ucrânia obteve o status de país candidato a integrar a UE, mas sem um calendário para as negociações de adesão. Contudo, na última sexta-feira, a nova embaixadora da UE na Ucrânia, Katarina Mathernova, declarou que a adesão do país em 2030 é um objetivo "realista".

Apesar dos gestos, o temos de uma fissura no apoio do bloco à Ucrânia é crescente. Sintoma deste cenário foi a eleição do populista pró-Rússia Robert Fico, no fim de semana, na Eslováquia. Fico afirmou ao longo da campanha ser contra o envio de armas e recursos para a Ucrânia — uma posição que vem ganhando popularidade em outros aliados de primeira ordem do país do Leste Europeu. Na Polônia, o tema também entrou na campanha eleitoral.

De acordo com uma fonte do governo ucraniano ouvida pela AFP, não viajaram a Kiev os chanceleres de Hungria, Polônia e Letônia.

Os sinais de cansaço pelo envio massivo de recursos a um conflito que consome munição e armamentos em níveis recordes também começam a aparecer nos EUA, onde se opor à Rússia é uma linha constante de política externa. Com uma agenda interna conturbada, principalmente pelo acirramento da polarização entre republicanos e democratas às vésperas das eleições de 2024, a ajuda à Ucrânia coemça a ficar em segundo plano.

Em meio às negociações no Congresso para evitar um "apagão" no serviço público federal, o presidente Joe Biden aprovou o projeto de lei costurado no fim de semana que não incluiu os fundos para a continuidade da assistência militar a Kiev. Representantes dos dois partidos disseram que uma proposta sobre financiamento será apresentada separadamente, mas o rumo da discussão parlamentar acendeu um alerta sobre a resiliência da ajuda externa a Kiev.

No domingo, o chefe de gabinete e braço-direito de Volodymyr Zelensky, Andriy Yermak, declarou em uma publicação no Telegram que o governo teve reuniões com republicanos e democratas e que “a delegação ucraniana voltou dos EUA com confiança clara de que não há mudanças no apoio”. Nesta segunda, Kuleba classificou a situação nos EUA como um "incidente" que não afeta a relação mais profunda.

Na presença dos representantes europeus em Kiev, o presidente ucraniano afirmou que o sucesso da defesa do país contra a agressão russa dependia do apoio dos aliados. Kuleba também cobrou o apoio europeu para garantir a segurança de exportação de grãos pelo Mar Negro, que entrou na mira de Moscou com o fim do acordo mediado por Turquia e ONU.

— Se a UE e a Ucrânia unirem forças para garantir a segurança deste corredor, então este corredor poderá funcionar em plena capacidade — disse o chanceler, ao lado de Borrell, em uma coletiva de imprensa.

Fontes consultadas pelo jornal britânico The Guardian apontam que, durante a reunião dos chanceleres, estaria em pauta um plano de paz para o país. Uma proposta em 10 pontos de Zelensky chegou a ser debatida no ano passado, mas não nesse nível, segundo a publicação.

— A fadiga do apoio completamente absurdo ao regime de Kiev aumentará em vários países — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, nesta segunda-feira.

Em junho, Kiev iniciou sua aguardada contraofensiva, mas admitiu que o progresso é lento diante das defesas russas fortalecidas. A Ucrânia pede mais armas ocidentais, em particular mísseis de longo alcance, para recuperar territórios ocupados pelas forças russas.

As autoridades ucranianas alertaram que a Rússia retomou uma campanha sistemática de ataques aéreos contra as instalações de energia, uma estratégia que deixou milhões de pessoas sem calefação, ou abastecimento de água, por longos períodos no inverno do ano passado.

(Com AFP, El País e The New York Times)

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