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Por O Globo e agências internacionais — Granada, Espanha

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, expressou sua preocupação nesta quinta-feira com o impacto que a crise política em Washington poderia ter sobre a ajuda dos Estados Unidos a Kiev, em meio a uma nova ofensiva russa. Os comentários foram feitos durante uma cúpula europeia em Granada, no sul da Espanha, com o objetivo de fortalecer a cooperação em todo o continente.

— [Estamos enfrentando um] período eleitoral difícil nos Estados Unidos. Há vozes discordantes [com relação à ajuda à Ucrânia]. Algumas delas são muito perigosas — disse Zelensky ao chegar à reunião da Comunidade Política Europeia, quando perguntado por repórteres se estava preocupado com uma possível redução da ajuda militar dos EUA.

O líder ucraniano, no entanto, se mostrou confiante de que os Estados Unidos continuariam a apoiar os esforços de guerra da Ucrânia, observando que as reuniões com Biden e com os membros do Congresso americano no mês passado foram positivas.

— Acho que é tarde demais para nos preocuparmos. Temos que trabalhar nessa questão — acrescentou.

O futuro da ajuda dos EUA a Kiev foi colocado em suspenso após a atual crise política em Washington, que levou à destituição, na terça-feira, do líder republicano da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, devido a uma revolta da ala mais conservadora de seu partido, que se opõe ao fornecimento de fundos à Ucrânia.

O Congresso americano tem agora um mês e meio para aprovar um orçamento anual que inclua uma nova alocação para Kiev, sem a qual Washington, de longe o principal fornecedor de armas da Ucrânia, só poderá apoiá-la por "alguns meses", de acordo com a Casa Branca.

O presidente dos EUA, Joe Biden, admitiu pela primeira vez na quarta-feira que está "preocupado" com o futuro dessa ajuda, mas prometeu fazer um "grande discurso" no qual tentará demonstrar que é "extremamente importante" continuar a apoiar a Ucrânia militar e financeiramente.

Em meio às dúvidas, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, alertou nesta quinta-feira que a Europa não tem capacidade de substituir o apoio dos EUA à Ucrânia.

— A Europa está aumentando sua assistência [à Ucrânia, mas] a Europa é capaz de substituir os Estados Unidos? Claramente não — disse Borrell ao chegar à cúpula, lembrando que a UE está estudando a criação de um fundo de 20 bilhões de euros ao longo de quatro anos para continuar apoiando o Exército ucraniano.

Espera-se que os líderes da UE discutam a ajuda financeira de longo prazo para a Ucrânia em uma cúpula planejada para o final deste mês em Bruxelas, mas o tópico pode surgir na reunião na Espanha também, disseram diplomatas ao New York Times.

Nesta quinta-feira, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou a repórteres em Granada que o que a Ucrânia precisava era de "previsibilidade e confiabilidade" no apoio orçamentário direto.

— Estou muito confiante no apoio dos Estados Unidos à Ucrânia — declarou Von der Leyen. — O que os Estados Unidos estão trabalhando é no momento certo.

Para Zelensky, o "objetivo conjunto" dos que se reuniram em Granada era "garantir a segurança e a estabilidade de nosso lar europeu comum". Segundo ele, Kiev já lançou “as bases para novos acordos” com seus parceiros, e está “aguardando sua aprovação e implementação".

"Daremos atenção especial à região do Mar Negro, bem como aos nossos esforços conjuntos para fortalecer a segurança alimentar global e a liberdade de navegação", escreveu o presidente ucraniano no X, antigo Twitter. "A principal prioridade da Ucrânia, especialmente com a aproximação do inverno, é fortalecer a defesa aérea."

Fraturas europeias

A reunião em Granada ocorre em meio a preocupações sobre possíveis fraturas na frente unida da Europa em relação à Ucrânia, já que os governos avaliam os custos econômicos e políticos de fornecer apoio de longo prazo a Kiev.

É apenas a terceira reunião da Comunidade Política Europeia, um encontro pancontinental de líderes de quase 50 países que foi criado após o início da invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia em fevereiro de 2022. Maior do que a União Europeia de 27 nações, ela inclui países como a Ucrânia e a Moldávia, que estão impacientes com o longo processo para garantir a adesão à UE. Não é um órgão de tomada de decisões, mas sim um fórum para que os líderes troquem opiniões.

No ano passado, na cúpula, Zelensky pressionou para que a Ucrânia se tornasse membro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança de defesa ocidental encabeçada pelos EUA.

A União Europeia deu à Ucrânia um caminho para a adesão no ano passado. Mas a adesão é um processo longo e meticuloso, que geralmente leva vários anos, mesmo para nações que não estão em guerra. Espera-se que a UE decida em dezembro se abrirá negociações com Kiev, a próxima etapa do processo e que exigiria o apoio unânime de todos os 27 Estados-membros. (Com The New York Times e AFP)

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