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Por — Tel Aviv

Em um ataque-surpresa terrorista maciço por terra, mar e ar sem precedentes nas últimas décadas, Israel sofreu neste sábado, desde as primeiras horas da manhã, uma ofensiva coordenada em larga escala com uma chuva de mais de 2.500 foguetes e invasão por centenas de combatentes palestinos que deixou o país em choque com ao menos 250 mortos e 1.590 mil feridos, levando as autoridades a declararem estado de guerra e emergência nacional, com a convocação de reservistas. Em resposta, o o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, instou os palestinos a saírem de Gaza e prometeu "reduzir os esconderijos do Hamas a ruínas".

A onda de ataques do grupo extremista armado Hamas, batizada pelos palestinos de “Operação Dilúvio de al-Aqsa”, começou nas primeiras horas da manhã e levou o terror a dezenas de cidades e localidades no sul e no centro de Israel — incluindo Jerusalém e Tel Aviv — atingidas pelos foguetes ou invadidas por combatentes que abriram fogo contra prédios das forças de segurança, atiraram em carros nas estradas e capturaram dezenas de civis e militares como reféns — fontes falam em 57 pessoas.

Militantes invadiram ao menos 22 cidades. Em resposta, Israel desencadeou a “Operação Espadas de Ferro”, lançando bombardeios pesados em Gaza e “deixando ao menos 200 mortos e mais de 1.600 feridos, segundo fontes palestinas.

O ataque terrorista começou às 6h30 com os disparos de foguetes de vários locais de Gaza. Em seguida, começaram os ataques de entre 200 e 300 combatentes palestinos infiltrados em Israel a diversas localidades próximas ao território. Segundo o Exército de israel, os palestinos usaram picapes, botes de borracha e até parapentes para entrar em Israel.

Um porta-voz das Forças Armadas israelenses confirmou que vários civis e soldados foram mantidos reféns em casa, como na cidade de Ofakim, ou levados para o território palestino. O número total de capturados, informa o Haaretz, é desconhecido. Um homem disse que viu imagens de sua mulher, com as duas filhas de 3 e 5 anos e a sogra, em poder do palestinos em Gaza. Um bebê foi encontrado no kibbutz Kfar Aza sem sinal dos pais por perto.

O Magen David Adom, a Cruz Vermelha de Israel, afirma que teve duas de suas ambulâncias capturadas e ao menos um médico assassinado, segundo o jornal Times of Israel. Vídeos divulgados nas redes sociais mostraram corpos de diversas pessoas vestidas com uniformes militares, além de motoristas e passageiros mortos em uma rodovia. A polícia pediu que a população ficasse em casa ou nos bunkers antiaéreos.

Em Sderot, na fronteira, militantes palestinos atacaram uma delegacia de polícia, enquanto em Re’im, o alvo foi uma base militar. Houve combates também em várias outras localidades.

O Hamas divulgou um comunicado após o início dos ataques. Israel, junto com o Egito, mantém um duro bloqueio contra a Faixa de Gaza desde que o grupo extremista armado assumiu o poder em 2007. Desde então, ocorreram vários conflitos entre militantes palestinos e o Estado judeu.

“Decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação [israelense], o seu tempo de violência sem responsabilização acabou”, declarou o grupo. “Anunciamos a Operação Dilúvio de al-Aqsa e disparamos, no primeiro ataque de 20 minutos, mais de 5 mil foguetes.”

Um alto funcionário do Hamas disse que o objetivo da captura de reféns é trocá-los pelos prisioneiros palestinos nas cadeias israelenses.

Em mensagem divulgada em redes sociais, Netanyahu disse que o país está em guerra contra o Hamas.

— Estamos em guerra e vamos vencer. O inimigo pagará um preço que nunca conheceu — disse Netanyahu em mensagem de vídeo.

Mapa mostra dimensão dos ataques do Hamas contra Israel — Foto: Editoria de arte
Mapa mostra dimensão dos ataques do Hamas contra Israel — Foto: Editoria de arte

O premier classificou o ataque-surpresa do Hamas como “criminoso” e anunciou ter ordenado “uma ampla mobilização” de reservistas.

Por sua vez, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, emitiu um comunicado dizendo que “o Hamas cometeu um erro grave esta manhã e lançou uma guerra contra o Estado de Israel”. O Exército israelense deslocou quatro divisões para a fronteira com Gaza, no que pode ser o prenúncio de uma invasão em larga escala. Aulas no centro e no sul de Israel foram suspensas, e o país entrou em estado de emergência, com plenos poderes à polícia.

Houve confrontos entre manifestantes palestinos e forças israelenses em Jerusalém Oriental e nas cidades de Hebron, Qalandia, al-Bireh e al-Hadr, na Cisjordânia. No assentamento judaico de Beit Aryeh, também na Cisjordânia, um palestino atacou soldados israelenses a faca e foi abatido.

Cinco décadas depois

A ofensiva palestina ocorre 50 anos depois da Guerra do Yom Kippur, iniciada em 6 de outubro de 1973 com um ataque-surpresa de Egito e Síria no mais importante feriado judaico, quando a Inteligência de Israel foi acusada de não ter sido capaz de prever com eficácia o ataque. O país se encontra de novo, alertam especialistas, em situação similar.

— Um evento desta escala com penetração pela fronteira e para além dela é de fato inédito — diz o pesquisador sênior Kobi Michael, do Instituto para Estudos de Segurança Nacional, em Israel. — Mas é muito mais do que isso. Toda a operação estava bem preparada e planejada e há grande falha da Inteligência de Israel em relação às questões operacionais.

O especialista Nimrod Goren, do Instituto do Oriente Médio, concorda:

— Foi um ataque surpresa, ninguém previu que iria acontecer — disse. — Tudo isso é inédito em termos de amplitude e vai contra a percepção de como estaria a situação em Gaza no momento. As pessoas achavam que ela "estava sendo gerenciada".

O ataque em larga escala também ocorreu em um dos momentos mais difíceis da História moderna de Israel, com o país rachado desde o início do ano com manifestações semanais contra Netanyahu e seus aliados de extremas direita. O premier e sua base extremista no Parlamento vêm promovendo uma investida contra a Suprema Corte, com o objetivo de limitar seus poderes e sua supervisão do Legislativo e do Executivo. Muitos veem uma ameaça à própria democracia israelense.

A ofensiva do Hamas deu um fôlego momentâneo a Netanyahu. Neste sábado, as organizações por trás dos protestos — inclusive de militares reservistas que têm se recusado e servir enquanto a reforma judicial não for cancelada — cancelaram os eventos que ocorrem todo sábado e conclamaram à unidade.

Oposição interna dá trégua

A oposição a Netanyahu emitiu uma nota deixando de lado momentaneamente as desavenças com o premier: “Em dias assim, não há oposição nem coalizão em Israel”, dizia o comunicado de quatro partidos. O líder da oposição, Yair Lapid, encontrou-se com o premier e se disse pronto a formar com ele um “governo de emergência” para “supervisionar a difícil, complexa e prolongada campanha que se apresenta diante de nós”.

— [Netanyahu] sabe que com a composição extremista e disfuncional do atual gabinete, é impossível fazer guerra — disse ele, referindo-se aos membros de extrema direita do governo.

No rastro dos ataques vindos de Gaza, houve confrontos entre manifestantes palestinos e forças israelenses em Jerusalém Oriental e nas cidades de Hebron, Qalandia, al-Bireh e al-Hadr, na Cisjordânia. No assentamento judaico de Beit Aryeh, também na Cisjordânia, um palestino atacou soldados israelenses a faca e foi abatido. Cerca de 30 pessoas ficaram feridas nos confrontos e dois palestinos morreram em Jericó e Ramallah.

O Hezbollah, a organização militante xiita libanesa que travou uma guerra com Israel em 2006, disse ontem que estava em contato com o Hamas, mas não chegou a prometer se juntar ao ataque do grupo de Gaza contra Israel.

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