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Por O Globo — Tel Aviv e Gaza

Apenas um dia depois de o grupo extremista armado Hamas iniciar um amplo ataque terrorista contra Israel, considerado a maior ofensiva em 50 anos, o número de mortos e feridos não para de crescer. Neste domingo, o Ministério da Saúde palestino em Gaza informou que ao menos 413 palestinos morreram e cerca de 2.300 ficaram feridos com a reação das forças israelenses. Do outro lado, o levantamento mais recente aponta que há mais de 700 mortos e 2.240 feridos em Israel — totalizando mais de mil vítimas fatais e mais de 4.500 feridos.

Mas este parece ser só o início de um conflito sangrento, após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometer um ataque "com todas as forças" contra Gaza, que deixará as cidades da Faixa "em ruínas". O governo de Israel instou a população palestina a deixar suas casas dentro de 24 horas e iniciou uma operação para evacuar os judeus que residem nos arredores da região.

Até o momento, mais de 800 alvos foram destruídos, informou um porta-voz das Forças Armadas de Israel, acrescentando que "foram mortos centenas, feridos milhares e capturados dezenas de combatentes do Hamas" nas operações. Ataques terrestres devem ser lançados nas próximas 48 horas, estimam autoridades da Defesa americana, consultadas pelo Washington Post.

Entre os mais de mil mortos contabilizados até o momento, 260 estavam em um festival de música eletrônica perto da Faixa de Gaza. O evento, organizado pelo pai do DJ Alok, DJ Juarez Petrillo, foi realizado no deserto de Negev, perto de Re-im, no Sul de Israel, a menos de 20 quilômetros de onde se concentraram os ataques na noite de sábado. Ao menos três brasileiros que participavam da rave estão desaparecidos, segundo o Itamaraty.

Mapa mostra ataques do Hamas contra Israel — Foto: Editoria de arte
Mapa mostra ataques do Hamas contra Israel — Foto: Editoria de arte

Sem energia

Na noite de sábado, o ministro da Energia israelense, Israel Katz, afirmou que o fornecimento de eletricidade na Faixa de Gaza seria interrompido. De acordo com a correspondente do jornal al-Jazeera na região, o território está sobrevivendo com apenas quatro horas de energia a cada 12 horas de apagão devido aos 20 megawatts que a Autoridade Nacional Palestina obtém de outras usinas elétricas. Dois terços da energia de Gaza vêm de Israel.

Segundo o diretor do hospital al-Shifa, o maior de Gaza, Mohamed Abu Silmiya, o corte de energia por parte de Israel tornou a situação ainda mais alarmante, prejudicando o tratamento do enorme fluxo de feridos que estão chegando ao local — que só está operando ainda devido a geradores extras.

— Estamos fazendo o que podemos com o que temos, mas estamos enfrentando uma ameaça real, especialmente porque a energia foi cortada, e os geradores aqui consomem 48 mil litros de combustível por dia. Não podemos nos dar ao luxo de continuar operando dessa forma — disse Abu Silmiya a al-Jazeera.

No escuro e em meio aos bombardeios, a população palestina se vê sem saída enquanto o tempo corre contra o seu favor. Moradores da região receberam alertas das forças de Israel avisando para buscarem abrigo, mas há poucas opções seguras na cidade sitiada.

— O fato de que podemos simplesmente sair e encontrar segurança em outro lugar é totalmente falso — disse Zaki Anwar, pai de quatro filhos, a al-Jazeera. — Eles [o Exército israelense] podem tentar parecer misericordiosos, mas há apenas alguns minutos bombardearam uma casa residencial aqui no campo, matando 18 pessoas de uma única família.

Do outro lado, na Cisjordânia ocupada, moradores organizam funerais para velar os palestinos que morreram nas últimas 24 horas.

— Estamos em um dos quatro ou cinco funerais que devem ocorrer hoje na Cisjordânia ocupada — disse uma correspondente da al-Jazeera, do lado de fora da casa dos avós de um jovem de 18 anos. — Ele será trazido aqui para a casa de seus avós antes de ser enterrado. Ele e outros quatro foram mortos no confronto.

Ajuda militar

Os EUA anunciaram, neste domingo, que vão enviar ajuda militar a Israel, deslocando também suas forças navais para mais perto do Mediterrâneo, incluindo um porta-aviões, numa demonstração de apoio ao seu aliado próximo. Em resposta, o Hamas equiparou a ajuda dos EUA a Israel a uma "agressão" aos palestinos.

"O anúncio dos EUA de que fornecerão um porta-aviões para apoiar a ocupação (de Israel) implica uma participação real na agressão ao nosso povo", declarou o grupo em comunicado.

Em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, realizada no fim da tarde deste domingo, a portas fechadas, os Estados Unidos e Israel pediram uma forte condenação do Hamas pelos ataques. No entanto, o órgão, atualmente presidido pelo Brasil, não emitiu uma declaração conjunta sobre o conflito.

— A tônica das intervenções foi no sentido de refletir sobre a necessidade de se voltar para um processo negociador o mais rápido possível — disse o embaixador brasileiro na ONU, Sérgio Danese, à CNN. — O Conselho tem uma autoridade e se ele chegar a uma decisão, a uma fórmula, ele poderá ser, sem dúvida alguma, de muita utilidade no encaminhamento do conflito, da restauração da paz.

Como começou

O ataque do Hamas contra Israel começou às 6h30 de sábado com os disparos de foguetes de vários locais de Gaza. Em seguida, começaram os ataques de entre 200 e 300 combatentes palestinos infiltrados em Israel a diversas localidades próximas ao território. Segundo o Exército de Israel, eles usaram picapes, botes de borracha e até parapentes para entrar no território.

Um porta-voz das Forças Armadas israelenses confirmou que vários civis e soldados foram mantidos reféns em casa, como na cidade de Ofakim, ou levados para o território palestino. O número total de capturados, informa o Haaretz, é desconhecido.

O Hamas divulgou um comunicado após o início dos ataques. Israel, juntamente com o Egito, mantém um duro bloqueio contra a Faixa de Gaza desde que o grupo assumiu o poder em 2007. Desde então, ocorreram vários conflitos entre combatentes palestinos e o Estado judeu.

“Decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação [israelense], o seu tempo de violência sem responsabilização acabou”, declarou o grupo. “Anunciamos a Operação Dilúvio de al-Aqsa e disparamos, no primeiro ataque de 20 minutos, mais de 5 mil foguetes", escreveram, fazendo referência à histórica disputa em torno da mesquita de al-Aqsa, local em Jerusalém que é sagrado tanto para muçulmanos como para judeus.

Um alto funcionário do Hamas disse que o objetivo da captura de reféns é trocá-los pelos prisioneiros palestinos nas cadeias israelenses. Em mensagem divulgada em redes sociais, Netanyahu disse que o país está em guerra contra o grupo.

— Estamos em guerra e vamos vencer. O inimigo pagará um preço que nunca conheceu — disse Netanyahu em mensagem de vídeo.

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