Israel atacou com mísseis os dois principais aeroportos da Síria, o da capital, Damasco, e da cidade de Aleppo, danificando as pistas de pouso e deixando-as fora de serviço, disse a agência de notícias estatal Sana nesta quinta-feira.
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O bombardeio coincide com a visita a Israel do secretário de Estado americano, Antony Blinken, e horas depois de o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, ligar para seu homólogo sírio, Bashar al-Assad, e pedir aos países árabes e islâmicos que cooperem "para acabar com os crimes do regime sionista contra a nação palestina oprimida".
"Hoje, todos os países islâmicos e árabes e todas as pessoas livres do mundo devem alcançar uma convergência e cooperação sérias para parar os crimes do regime sionista contra a nação palestina oprimida", declarou Raisi a Assad durante a ligação na noite de quarta-feira, segundo um comunicado publicado no site da Presidência do Irã nesta quinta.
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Israel bombardeou centenas de vezes o território sírio desde o início da guerra civil no país, em 2011, mas este é o primeiro desde o início do conflito entre Israel e o movimento fundamentalista Hamas, que controla a Faixa de Gaza e realizou um ataque terrorista contra o território israelense no sábado.
"A agressão israelense golpeou os aeroportos de Damasco e Aleppo", no norte do país, informou a televisão estatal síria em seu canal no Telegram, sem dar mais detalhes. Os dois aeroportos já foram alvo de ataque em várias ocasiões. O de Aleppo ficou fora de serviço por bombardeios em 28 de agosto e o de Damasco em 2 de janeiro.
O ataque ocorre no sexto dia do conflito entre Hamas e Israel, que teve início depois que terroristas do grupo penetraram no território israelense, deixando mais de 1,2 mil mortos e capturando cerca de 150 reféns. Israel retaliou atacando e sitiando o enclave, onde vivem mais de 2,4 milhões de palestinos.
Na Síria, a aviação israelense ataca especialmente os grupos apoiados pelo Irã e o movimento libanês Hezbollah, que são aliados de Damasco e inimigos declarados de Israel, além de posições do Exército sírio.
Israel, que tem fronteira com a Síria, normalmente não comenta suas operações contra o país, apenas afirmando que quer impedir que o Irã se estabeleça perto de seu território. Teerã, que apoia abertamente o Hamas, celebrou o ataque terrorista do grupo palestino contra Israel, mas insiste que não teve envolvimento na ação.
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Ligação entre Síria e Irã
Na ligação com Assad, o presidente iraniano afirmou que Teerã se coordenará com os países islâmicos "antes do possível" para frear o "genocídio dos palestinos por parte dos sionistas".
Durante a ligação, Raisi também criticou os países árabes que recentemente normalizaram suas relações com Israel ou que estão em negociações com esse objetivo, como é o caso da Arábia Saudita.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian, está visitando as capitais do Iraque, Líbano e Síria para realizar consultas com autoridades sobre o cerco de Gaza e a guerra, informou a mídia estatal. Em Bagdá, ele se reuniu com o primeiro-ministro iraquiano e o conselheiro de segurança nacional e depois viajou para Beirute. A próxima parada é Damasco.
Segundo analistas, a guerra abala o possível acordo de normalização de relações entre Israel e a Arábia Saudita, onde ficam os locais mais sagrados do islã.
"Todos os que tornaram públicas suas relações com o regime sionista com o pretexto de defender os direitos dos palestinos ficaram desacreditados, e ficou comprovado para todos que o regime sionista está em seu estado mais debilitado", disse o presidente iraniano.
Por sua parte, o presidente sírio destacou a "necessidade de uma ação rápida em nível árabe e islâmico para proteger o povo palestino, sobretudo na Faixa de Gaza, e parar os bombardeios israelenses contra crianças e mulheres".
Conversa entre Irã e Arábia Saudita
O governante de facto da Arábia Saudita e o presidente do Irã conversaram por telefone sobre o conflito entre Israel e o Hamas, seu primeiro diálogo desde a aproximação de março com a mediação da China após sete anos de ruptura, anunciou nesta quinta-feira a imprensa estatal saudita.
O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, recebeu na véspera um telefonema de Raisi, no qual os dois discutiram "a situação militar em Gaza e arredores", informou a agência de notícias saudita SPA.
O príncipe Mohammed disse a Raisi que Riad "se comunica com todas as partes internacionais e regionais para deter a atual escalada", ressaltou a SPA. Ele também destacou "a posição firme do reino de apoio à causa palestina".
A agência estatal iraniana Irna também informou sobre o telefonema, apontando que os dois líderes discutiram "a necessidade de acabar com os crimes de guerra contra a Palestina".
O príncipe Mohammed também conversou nesta quarta-feira com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sobre seus esforços para conter a escalada do conflito.
EUA e Catar bloqueiam fundo de US$ 6 bilhões para o Irã
EUA e Catar concordaram em negar ao Irã acesso a um fundo de US$ 6 bilhões, que fazia parte de um acordo de troca de prisioneiros por ajuda humanitária, selado entre o governo Joe Biden e Teerã no mês passado, disse o vice-secretário do Tesouro dos EUA, Wally Adeyemo, aos democratas da Câmara, de acordo com informações do jornal The Washington Post. Já o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, assegurou que “cada centavo desse dinheiro está num banco do Catar. Não foi gasto sequer um centavo”.
Em sua visita a Israel, nesta quinta, Blinken assegurou que seu país “tem um controle estrito dos fundos e tem o direito de congelá-los”. O secretário de Estado americano está encerrando uma viagem de um dia a Israel e embarcou em um avião C-17 da Força Aérea dos EUA para a Jordânia. O enviado de Biden planeja se encontrar com Mahmoud Abbas, chefe da Autoridade Palestina, e com o rei Abdullah II da Jordânia em Amã, nesta sexta-feira. Em seguida, o secretário de Estado americano deverá voar para o Catar.
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