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Por O Globo — Tel Aviv

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mostrou nesta quinta-feira ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fotos de bebês que teriam sido assassinados pelo Hamas durante o ataque terrorista do grupo fundamentalista islâmico que deixou ao menos 1.300 mortos no último sábado no sul de Israel, indicou o Gabinete do chefe de governo israelense. Segundo o chefe da diplomacia americano, há ao menos 25 americanos entre os mortos e cidadãos de 36 nações entre os mortos e desaparecidos.

Em uma das fotos, divulgadas pelo governo na rede social X (antes Twitter), vê-se o corpo de uma criança ensanguentada em uma sacola mortuária e, em outras imagens, veem-se os restos carbonizados de um bebê. Essas imagens "superam praticamente tudo que um ser humano pode entender e assimilar", disse o chefe da diplomacia americana, que não divulga a data em que as imagens divulgadas foram feitas.

— O mundo vê novas provas da perversidade e da desumanidade do Hamas (...), dirigidas contra bebês, crianças, jovens adultos, idosos e pessoas debilitadas — acrescentou.

A divulgação das imagens ocorreu em meio a uma polêmica sobre a existência de provas de atrocidades cometidas pelo grupo fundamentalista islâmico em um kibutz depois que um canal de televisão declarou haver, citando um militar, "bebês decapitados". A informação não foi confirmada.

Promessa de ajuda

Mais cedo nesta quinta, durante um pronunciamento em uma base militar em Tel Aviv ao lado de Netanyahu, Blinken prometeu ajudar a defender Israel “enquanto os EUA existirem” .

— Vocês podem ser suficientemente fortes para se defender por conta própria, mas, enquanto os EUA existirem, vocês nunca terão de fazer [isso sozinhos] — disse Blinken, afirmando que nenhuma condição foi imposta para o envio de material militar dos EUA a Israel. — Muitas vezes no passado, os líderes cometeram equívocos face a ataques terroristas contra Israel e o seu povo. Este é, este deve ser, um momento para clareza moral.

Apesar da declaração de apoio incondicional, Blinken pontuou que a forma como Israel se defende "importa", sendo relevante adotar toda precaução possível para evitar danos a civis. A mesma ressalva foi feita pelos países membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que, ao expressar sua solidariedade a Israel, instaram o Estado judeu a "se defender proporcionalmente contra esses atos de terrorismo injustificáveis".

— O valor que atribuímos à vida humana e à dignidade humana: é isso que nos torna quem somos — disse Blinken em Tel Aviv. — É por isso que é importante tomar todas as precauções possíveis para evitar danos aos civis. E é por isso que lamentamos a perda de todas as vidas inocentes.

Essas foram as observações mais extensas feitas por Blinken até agora sobre a necessidade de cautela ou moderação nas ações militares de Israel em Gaza, onde as forças israelenses imponhem um cerco e lançam ataques aéreos retaliatórios. O presidente dos EUA, Joe Biden, já havia feito essa ressalva na quarta-feira a Netanyahu, pedindo que procedesse acatando "as normas da guerra".

Cerco a Gaza

Segundo comunicado das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), desde sábado Gaza foi bombardeada com 6.000 bombas, o equivalente a 4.000 toneladas de explosivos, matando "centenas de terroristas". Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 1.400 pessoas, incluindo 447 menores e 248 mulheres, morreram em Gaza desde o início da retaliação, que também desalojou 338 mil pessoas.

Dezenas de especialistas independentes da ONU condenaram nesta quinta os "crimes horríveis" cometidos pelo Hamas em Israel, assim como a resposta do Estado judeu, que classificaram como "castigo coletivo" a Gaza.

"Nada justifica a violência indiscriminada contra civis inocentes, seja por parte do Hamas ou por parte das forças israelenses. Isso está absolutamente proibido pelo direito internacional e constitui um crime de guerra", escreveram os especialistas em direitos humanos, que receberam um mandato da ONU, mas não falam em nome da organização.

Israel prometeu destruir o Hamas e, para isso, considera invadir o território, que está sob controle do grupo fundamentalista desde 2007. Nesta quinta-feira, o governo israelense afirmou que o cerco ao enclave não terminará até a libertação de cerca de 150 reféns — israelenses, estrangeiros ou com nacionalidade dupla — sequestrados pelo grupo no sábado.

— Ajuda humanitária a Gaza? Nenhum interruptor elétrico será ligado, nenhum hidrante de água será aberto e nenhum caminhão com combustível entrará [no território] — disse nesta quinta-feira o ministro de Energia israelense, Israel Katz.

Na quarta-feira, a única estação de energia em Gaza ficou sem combustível, significando que o território conta só com geradores para obter luz. O Programa Mundial de Alimentos alertou para a "difícil situação" no território pelo corte, por Israel, de envio de alimentos, água e combustíveis.

O responsável regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR), Fabrizio Carboni, advertiu esta quinta que a situação humanitária em Gaza pode ficar "rapidamente impossível de administrar".

As declarações de Blinken foram dadas depois de Netanyahu agradecer aos Estados Unidos por seu “apoio inequívoco”. Washington começou a enviar armamentos para Israel no momento em que o país inicia o que diz ser uma longa guerra contra o Hamas.

Libertação dos reféns

Blinken e outras autoridades americanas também estão conversando com seus homólogos em todo o Oriente Médio para tentar garantir a libertação dos reféns detidos pelo Hamas e para transmitir uma mensagem por meio de intermediários a outros adversários de Israel, nomeadamente o Hezbollah no Líbano e no Irã, que eles não deveriam se envolver no conflito.

Blinken e Netanyahu se reuniram pela manhã em Kirya, uma base militar que inclui a sede do Ministério da Defesa de Israel e o comando central das Forças de Defesa de Israel. Os dois funcionários e seus assessores conversaram no escritório de Netanyahu na base, de onde o primeiro-ministro supervisiona os preparativos para uma possível ofensiva terrestre e a campanha de bombardeio militar israelense em Gaza.

Blinken abriu sua declaração com uma referência emocionante à sua origem judaica e ao Holocausto. Seu padrasto, Samuel Pisar, escapou dos campos de concentração nazistas e encontrou segurança com as tropas americanas em sua fuga desesperada para um local seguro.

— Estou diante de vocês não apenas como secretário de Estado dos EUA, mas também como judeu —disse ele. — Entendo, em nível pessoal, os ecos angustiantes que os massacres do Hamas trazem para os judeus israelitas e para os judeus de todo o mundo.

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