À medida que o número de deslocados internos da Faixa de Gaza chega a quase 340 mil e as Nações Unidas discutem a proposta do governo brasileiro de se criar um corredor humanitário ligando o território palestino ao Egito, para retirar a população da zona de conflito e entregar suprimentos aos que ficarem, Mahmoud Alsaqqa só deseja fazer o caminho contrário e abraçar sua família.
Funcionário da organização internacional Oxfam em Gaza, Alsaqqa está há quatro dias sem conseguir deixar o Egito, devido à escalada do conflito armado entre Israel e o Hamas. Ele aguarda sinal verde para atravessar em segurança a fronteira de Rafah em direção ao território palestino, enquanto as forças israelenses não cessam os ataques.
— Não é fácil ser separado de seus filhos e familiares. É uma experiência realmente angustiante e dolorosa — comentou em depoimento por áudio compartilhado com O GLOBO. — Tudo o que sei é que minha esposa e meus três filhos estão se deslocando de um lado para outro em busca de um lugar seguro, que não existe na Faixa de Gaza neste momento.
Ataque do Hamas em Israel:
- Israel sofreu neste sábado, dia 7, uma ofensiva coordenada em larga escala com uma chuva de mais de 2.500 foguetes e invasão por centenas de combatentes palestinos que deixou o país em choque com ao menos 250 mortos e 1.590 mil feridos.
- A onda de ataques, batizada pelos palestinos de “Operação Dilúvio de al-Aqsa”, levou o terror a dezenas de cidades e localidades no sul e no centro de Israel — incluindo Jerusalém e Tel Aviv.
- Cidades foram atingidas por foguetes ou invadidas por combatentes que abriram fogo contra prédios das forças de segurança, atiraram em carros nas estradas e capturaram dezenas de civis e militares como reféns.
- Em resposta, o o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, instou os palestinos a saírem de Gaza e prometeu "reduzir os esconderijos do Hamas a ruínas".
- O Hamas divulgou um comunicado após o início dos ataques. Israel, junto com o Egito, mantém um duro bloqueio contra a Faixa de Gaza desde que o Hamas assumiu o poder em 2007. Desde então, ocorreram vários conflitos entre militantes palestinos e o Estado judeu.
O Egito afirmou nesta quinta-feira que a fronteira em Rafah não está fechada, mas que a infraestrutura do lado palestino foi destruída, o que impede a livre circulação de pessoas.
"A fronteira de Rafah, entre Gaza e Egito, está aberta e em operação, e não foi fechada em nenhum momento desde a crise atual, mas infraestrutura do lado palestino foi destruída após sucessivos bombardeios israelenses, impedindo que o trânsito ocorra normalmente", declarou a diplomacia egípcia em comunicado.
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Israel vem bombardeando de maneira incessante a região desde o ataque terrorista do grupo armado palestino Hamas no sábado, como parte do anunciado "cerco total" a Gaza — já denunciado pela ONU como uma violação do direito humanitário internacional.
Para cumprir a promessa do ministro da Defesa, Yoav Gallant, de deixar Gaza "sem eletricidade, sem comida, sem água e sem gás", as Forças de Defesa de Israel (IDF) intensificaram os bombardeios contra a zona portuária e outras posições distribuídas ao longo do território palestino.
— Todas as pessoas, locais e edifícios se tornaram alvos dos israelenses [em Gaza] — disse Alsaqqa. — A incapacidade de segurar meus filhos nos braços e acalmá-los é realmente de partir o coração.
Ainda segundo ele, “bombas, projéteis e foguetes estão por toda parte, destruindo a infraestrutura e os edifícios e provocando centenas de mortes”, a maioria de “mulheres e crianças, além de um número incontável de feriados".
— Estamos vivendo uma crise humanitária [em Gaza] — afirmou.
De acordo com autoridades palestinas, a Faixa de Gaza ficou completamente sem energia elétrica na quarta-feira, após a usina que atende as mais de 2 milhões de pessoas que moram na região parar de funcionar por falta de combustível.
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