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Desde o início da escalada do conflito armado entre Israel e o Hamas, há quase uma semana, o Egito vem sendo pressionado pela comunidade internacional para que abra sua fronteira com Gaza, garantindo assim uma rota de fuga segura para os mais de 2 milhões de habitantes da região. O apelo se tornou ainda mais dramático depois que o Exército israelense ordenou, nesta sexta-feira, a retirada de 1,1 milhão de pessoas em 24 horas para o sul do enclave antes de uma possível incursão terrestre. O Cairo, no entanto, segue impedindo a passagem.

— Permaneçam firmes e continuem em suas terras — disse o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, na quinta-feira, dirigindo-se aos palestinos de Gaza e ignorando a pressão para autorizar a saída de civis do território bombardeado por Israel.

A professora do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) Monique Sochaczewski explica que vários fatores podem estar por trás da recusa do Egito, mas principalmente o receio de uma crise interna e a aproximação com Israel.

— O Egito viveu uma contrarrevolução depois da Primavera Árabe e tenta se reconstruir, por isso o medo de uma nova instabilidade interna — disse Sochaczewski ao GLOBO. — Além disso, a paz com Israel, que por muito tempo foi apenas um acordo formal entre Estados [desde 1979], hoje se tornou mais aquecida, com investimentos israelenses na economia egípcia.

Conflito em Israel:

Também existe o medo de que a passagem por Rafah sirva de rota para o Hamas.

— É uma via de mão-dupla: para evitar que Israel o acuse de ser conivente com a entrada de armamentos, como ocorria no passado, e sobretudo para evitar que o Hamas entre em seu território — acrescentou Sochaczewski sobre a recusa do Egito em abrir a fronteira com Gaza.

Do mesmo modo, permitir a passagem de um grande número de habitantes de Gaza, mesmo como refugiados, para a Península do Sinai, no Egito, seria "reviver a ideia de que a região é o país alternativo para os palestinos", explicou Mustapha Kamel al-Sayyid, cientista político da Universidade do Cairo, ao jornal New York Times.

Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel anexou a região ao seu território, que foi retomado posteriormente em 1973, na Guerra do Yom Kippur.

Outro cenário que também preocupa o Egito é acabar como administrador de Gaza, algo que, segundo al-Sayyid, "o país nunca poderia aceitar". O enclave sempre foi uma dor de cabeça para o presidente al-Sisi, no poder desde 2014, e os seus laços estreitos com Israel e os Estados Unidos colidem desconfortavelmente com as opiniões pró-palestinos do seu próprio povo.

— O presidente também desconfia do grupo terrorista Hamas, que governa a região desde 2007. Dezenas de milhares de palestinos invadiram em 2008 o Egito depois que o Hamas abriu um buraco na cerca da fronteira de Rafah — acrescentou o cientista político.

O Egito faz fronteira com o enclave palestino através da cidade de Rafah, no sul de Gaza, único ponto sem controle israelense e com trânsito aberto na maior parte do tempo — o enclave sofre um severo bloqueio israelense desde 2007, quando o Hamas chegou ao poder.

— Qualquer outra alternativa [de rota de fuga para os palestinos em Gaza] passaria por Israel, e isso é inviável — destaca Sochaczewski. — O espírito de união israelense é intimidante, inclusive entre aqueles que são considerados pacifistas ou de esquerda, como os habitantes dos kibutz e alguns ativistas, muitos deles sequestrados pelo Hamas.

O presidente Lula disse nas redes sociais que conversou na quinta-feira com o presidente de Israel, Isaac Herzog, e pediu um corredor humanitário ligando a Faixa de Gaza ao Egito. O avião presidencial pousou em Roma na madrugada desta sexta-feira e aguarda autorização para ir ao Cairo resgatar os que estão em Gaza, incluindo um grupo de nacionais alojados em uma escola.

A diplomacia do Egito alega que a fronteira em Rafah está “aberta” e “em operação”, mas que a infraestrutura do lado palestino “foi destruída” devido aos bombardeios israelenses, o que impede a livre circulação de pessoas.

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