Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo — Rio de Janeiro

Dezenove brasileiros alojados em uma escola católica situada na Faixa de Gaza estão na área que Israel deu o prazo de 24 horas para ser esvaziada. Dez deles e outros 12 aguardam o resgate para o Brasil, que está sendo negociado entre autoridades do Itamaraty e do Egito. O Exército israelense emitiu um aviso, nesta quinta-feira (12), para que moradores deixem suas casas rumo à direção sul da região em meio aos preparativos de uma incursão terrestre. As forças israelenses iniciaram uma contraofensiva após o ataque de terroristas do Hamas, no último sábado.

Ao confirmar o "ultimato", o porta-voz do Exército israelense disse que "evacuação é para a própria segurança" dos habitantes da Faixa de Gaza. A Organização das Nações Unidas divulgou que o cumprimento da ordem para “realocar” cerca de 1,1 milhão de habitantes do norte, nesse prazo, seria "impossível sem consequências humanitárias devastadoras".

Os moradores estão sendo instruídos a se mudarem para o sul de Wadi Gaza. Os dezenove brasileiros estão abrigados na escola católica Sister Rosary School, a cerca de 7 quilômetros (a pé) desse ponto, de acordo com projeções do Google Maps. O trajeto de carro seria de 9 quilômetros. A unidade de ensino fica a pouco mais de 36 quilômetros da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, por onde o governo federal articula resgatá-los.

Nem todos os brasileiros de Gaza, apesar de estarem na escola, querem deixar a região. No momento, segundo o Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, ao todo 22 cidadãos nacionais desejam ser resgatados de lá. Dessas 22 pessoas, 10 são crianças e 7 são mulheres. Dez pessoas que desejam ser levadas para o Brasil estão na escola, enquanto outras 12 estão na cidade de Khan Younes, no sul da Faixa. Há ainda 9 brasileiros que estão na unidade de ensino, mas desejam ficar em Gaza.

Brasileiros estão ao norte de Wadi Gaza, área que Israel deu prazo de 24 horas para ser esvaziada — Foto: Reprodução/Google Maps
Brasileiros estão ao norte de Wadi Gaza, área que Israel deu prazo de 24 horas para ser esvaziada — Foto: Reprodução/Google Maps

Com expectativa zero de que na reunião desta sexta-feira no Conselho de Segurança das Nações Unidas, este mês presidido pelo Brasil, seja adotada uma decisão sobre a implementação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza, o Itamaraty e o Palácio do Planalto intensificaram os esforços diplomáticos para retirar cerca de 20 brasileiros que estão na região pela fronteira com o Egito, pela passagem de Rafah.

Governo brasileiro articula resgate de brasileiros pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito — Foto: Reprodução/Google Maps
Governo brasileiro articula resgate de brasileiros pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito — Foto: Reprodução/Google Maps

A insegurança na região, porém, ainda dificulta a operação de repatriação. Desde os ataques terroristas do Hamas, ocorridos no sábado, Israel reagiu com bombardeios e passou a fazer um cerco ao enclave palestino. Segundo fontes do Itamaraty, o governo do Egito já está com a documentação dos brasileiros que pretendem sair do local, como cópias de passaporte e fotos. Mas ainda não houve condições para a liberação em segurança do grupo.

Mapa mostra locais atacados por terroristas do Hamas — Foto: Reprodução/NYT
Mapa mostra locais atacados por terroristas do Hamas — Foto: Reprodução/NYT

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que usará um avião presidencial para a operação de resgate de brasileiros em Gaza. A aeronave, um VC-2 (Embraer 190), com capacidade para 40 passageiros, decolou nesta quinta-feira para a missão.

Nesta quinta-feira, foram divulgadas as primeiras imagens do grupo de brasileiros no local. O Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia, informou nesta quarta-feira que avisaria ao governo de Israel sobre a presença dessas pessoas, para que a unidade de ensino não fosse bombardeada.

Vídeos mostram como brasileiros aguardam resgate em escola de Gaza

Vídeos mostram como brasileiros aguardam resgate em escola de Gaza

Nas imagens, enviadas ao GLOBO, crianças brincam com um piano e jogam bola no espaço. Bader Monir Bader, de 11 anos, afirma estar feliz por estar abrigada na escola, onde, segundo ele, se sente seguro no momento.

Brasileiros estão em escola católica de Gaza; Itamaraty diz que vai fazer contato para unidade não ser bombardeada — Foto: Divulgação
Brasileiros estão em escola católica de Gaza; Itamaraty diz que vai fazer contato para unidade não ser bombardeada — Foto: Divulgação

— Nessa escola, eu senti muita segurança porque aqui [na escola] a gente não pode morrer. O chão é limpo, tudo é limpo. Cada um tem uma casa sozinha aqui. Essa escola é muito melhor para mim do que ficar de casa — destaca o garoto, que apela por resgate. — Eu queria sair fora de Gaza para ficar em mais segurança porque aqui [em Gaza] a gente pode morrer. Lá no Brasil, a gente vai estar com mais segurança.

Bader, de 11 anos, diz que é melhor ficar alojado em escola que ficar em casa — Foto: Divulgação
Bader, de 11 anos, diz que é melhor ficar alojado em escola que ficar em casa — Foto: Divulgação

Nos vídeos, Bader e seus responsáveis mostram as instalações da escola, que dispõe de salas de aula em volta de um grande pátio, ao centro.

A embaixada do Brasil na Palestina está oferecendo atendimento psicológico virtual à comunidade, para atenuar as consequências dos bombardeios constantes sobre a saúde mental dos brasileiros afetados, sobretudo as crianças. De acordo com o embaixador, o atendimento está sendo feito por psicóloga palestina contratada pelo posto.

A data de saída dos brasileiros segue incerta, mas o embaixador Alessandro Candeas, chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, afirmou, na terça-feira, que a maior parte dos preparativos já foi feita.

— A logística está toda pronta. Estamos com dois ônibus alugados, com os pontos de encontro definidos. Tudo definido, apenas aguardando duas coisas: a autorização do Egito para cruzar a fronteira e que a própria fronteira esteja aberta. Ela foi bombardeada três vezes — disse Candeas ao GLOBO.

Mais recente Próxima Jornalistas choram ao fazerem reportagem em hospital de Gaza: 'Dentro estão meus amigos e vizinhos'

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Gangue originária da Venezuela atua em diversos países da América do Sul e EUA e está ligada a extorsões, homicídios e tráfico de drogas

Texas declara grupo Trem de Aragua, da Venezuela, como ‘terrorista’ e assume discurso de Trump contra imigração

Trabalhador de 28 anos tentava salvar máquinas da empresa e foi cercado pelo fogo

Brasileiro morre carbonizado em incêndio florestal em Portugal

Marçal prestou depoimento nesta segunda-feira (16) sobre o episódio

Novo vídeo: ângulo aberto divulgado pela TV Cultura mostra que Datena tentou dar segunda cadeirada em Marçal

Polícia Civil deve cumprir mandados de prisão contra os suspeitos ainda esta semana

Incêndios florestais no RJ: 20 pessoas são suspeitas de provocar queimadas no estado

Além de estimativas frustradas, ministro diz que comunicação do BC americano levou analistas a vislumbrar possibilidade de subida na taxa básica americana

Haddad vê descompasso nas expectativas sobre decisões dos BCs globais em torno dos juros

Ministro diz que estes gastos fora do Orçamento não representariam violação às regras

Haddad: Crédito extraordinário para enfrentar eventos climáticos não enfraquece arcabouço fiscal

Presidente irá se reunir com chefes do STF e Congresso Nacional para tratar sobre incêndios

Lula prepara pacote de medidas para responder a queimadas

Birmingham e Wrexham estão empatados na liderança da competição

'Clássico de Hollywood': time de Tom Brady vence clube de Ryan Reynolds pela terceira divisão inglesa

Projeto mantém medida integralmente em 2024 e prevê reoneração a partir de 2025

Lula sanciona projeto de desoneração da folha de pagamento de setores intensivos em mão de obra