Os Estados Unidos "devem controlar Israel" se quiserem evitar uma guerra regional, disse nesta sexta-feira o ministro iraniano de Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, durante uma visita ao Líbano. Já o movimento xiita libanês Hezbollah, que é apoiado por Teerã, afirmou que está "totalmente preparado" para se unir ao Hamas no conflito contra Israel no momento propício. Também nesta sexta-feira, Israel bombardeou o sul do Líbano como resposta a uma "tentativa de invasão" do Estado Judeu pelo norte, de acordo com autoridades em Jerusalém.
— Os EUA querem permitir a Israel destruir Gaza, e é um grave erro. Se os americanos querem evitar que a guerra se estenda por toda a região, devem controlar Israel — indicou o chanceler em Beirute. — Se não detiverem os crimes israelenses, não sabemos o que pode acontecer.
Abdollahian chegou ao Líbano após uma viagem a Bagdá, capital do Iraque, em meio a uma ofensiva diplomática de Teerã na região. Em Bagdá, o chanceler iraniano se reuniu com o conselheiro de Segurança Nacional. Depois de Beirute, ele se dirigirá a Damasco, na Síria.
O giro regional do chanceler ocorre enquanto Israel se prepara para uma possível ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, alvo de bombardeios e de um cerco em retaliação aos ataques terroristas do grupo fundamentalista islâmico Hamas no último sábado. O conflito entre Israel e Hamas causou milhares de mortos dos dois lados.
Teerã, que tem tentáculos de influência em vários países da região e apoia abertamente o Hamas, celebrou o ataque terrorista do grupo palestino contra Israel, mas insistiu que não teve envolvimento na ação.
Desde 7 de outubro, o Hezbollah efetuou alguns disparos de projéteis contra posições de Israel em apoio ao Hamas, seu aliado. E, nesta sexta, o subsecretario-geral do movimento xiita, Naim Qassem, afirmou que o grupo está em prontidão.
Conflito em Israel:
- Brasileiros em Gaza chegam a cidade do sul e esperam retirada pelo Egito
- Israel alinha narrativa e prepara escalada do conflito com o Hamas após ultimato em Gaza
- Texto preliminar de resolução da ONU preparado pelo Brasil fala em 'ataque terrorista do Hamas'
- Milhares de famílias em Gaza fogem de forma caótica após ultimato de Israel
- Hamas teve acesso a segredos do Exército de Israel antes de ataque terrorista
— Estamos completamente preparados e, quando chegar o momento de atuar, o faremos — disse Qassem durante uma manifestação pró-palestina nos subúrbios do sul de Beirute.
- Veja fotos: Manifestantes pró-palestinos protestam em 14 países um dia após Hamas apelar à diáspora
- Blindado carrega até dez soldados: Tanque supermoderno de Israel chega à fronteira com Gaza para 'próxima fase' de guerra contra Hamas
Os contatos "diretos ou indiretos" das "grandes potências, os países árabes e os enviados da ONU, nos pedindo para não intervir na batalha não nos afetarão", acrescentou Qassem.
Cooperação contra 'regime sionista'
Além da viagem de seu chanceler, o governo iraniano anunciou na quinta-feira que o presidente Ebrahim Raisi pediu que os países árabes e islâmicos cooperem “para acabar com os crimes do regime sionista contra a nação palestina oprimida”.
“Hoje, todos os países islâmicos e árabes e todas as pessoas livres do mundo devem alcançar uma convergência e cooperação sérias para parar os crimes do regime sionista contra a nação palestina oprimida”, declarou Raisi ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, durante uma ligação na noite de quarta-feira, segundo um comunicado publicado no site da Presidência do Irã.
Manifestantes pró-Palestina fazem protestos contra Israel
![Manifestantes participam num comício pró-palestiniano em Banda Aceh — Foto: CHAIDEER MAHYUDDIN / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/CqnTaNKK33oujSBqXw2DM1W_JBM=/0x0:5812x3875/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/q/z/A9e0bUSrCkiOB2AkFZog/33.jpg)
![Manifestantes participam num comício pró-palestiniano em Banda Aceh — Foto: CHAIDEER MAHYUDDIN / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/HbPExOsHhhG84QYKMYwILnLD-wU=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/q/z/A9e0bUSrCkiOB2AkFZog/33.jpg)
Manifestantes participam num comício pró-palestiniano em Banda Aceh — Foto: CHAIDEER MAHYUDDIN / AFP
![Manifestantes gritam slogans durante um comício pró-Palestina em Yogyakarta — Foto: DEVI RAHMAN / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/DjZlR3IfnTmVBjemH5fJOIoOYq8=/0x0:5000x3334/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/l/1/VqoEbSQjATPXiiRa49zQ/32.jpg)
![Manifestantes gritam slogans durante um comício pró-Palestina em Yogyakarta — Foto: DEVI RAHMAN / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/qs3Gkfvz41qd8zjKPBxzRDba5EQ=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/l/1/VqoEbSQjATPXiiRa49zQ/32.jpg)
Manifestantes gritam slogans durante um comício pró-Palestina em Yogyakarta — Foto: DEVI RAHMAN / AFP
Publicidade
![Iranianos participam de uma manifestação anti-Israel para mostrar sua solidariedade aos palestinos na capital Teerã — Foto: AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/1Qe2N8NL657smr4JNyxnVgXcE7Y=/0x0:1200x801/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/q/7/1d5UbZRV2F632eF7yO3w/33y69vt-preview.jpg)
![Iranianos participam de uma manifestação anti-Israel para mostrar sua solidariedade aos palestinos na capital Teerã — Foto: AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/tu_0pLME7buN6uOZRoYr4jkOMKo=/1200x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/q/7/1d5UbZRV2F632eF7yO3w/33y69vt-preview.jpg)
Iranianos participam de uma manifestação anti-Israel para mostrar sua solidariedade aos palestinos na capital Teerã — Foto: AFP
![Mulher segura placa condenando Israel durante manifestação anti-israelense para mostrar solidariedade ao povo palestino em Teerã, no Irã — Foto: AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/-5zblyt7OK1nwUCC5mGoaN1Bmwg=/1200x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/r/Z/o5uOXzSfuA2b7dXbgNNg/33y68p9-preview.jpg)
Mulher segura placa condenando Israel durante manifestação anti-israelense para mostrar solidariedade ao povo palestino em Teerã, no Irã — Foto: AFP
Publicidade
![Manifestantes indonésios participam num comício pró-palestiniano em Jacarta — Foto: BAY ISMOYO/AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/-xegsWYvPGfYQdiqu78JJi9EVfY=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/N/8/14fjokSBW0UGbPbTyusg/35.jpg)
Manifestantes indonésios participam num comício pró-palestiniano em Jacarta — Foto: BAY ISMOYO/AFP
![Manifestantes afegãos marcham durante uma manifestação anti-Israel — Foto: Shafiullah KAKAR / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/eDxQbVNpcNRSgYs1dxwWd2FX3DI=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/e/H/s1vVA7RuOpd0F0l4LOVA/36.jpg)
Manifestantes afegãos marcham durante uma manifestação anti-Israel — Foto: Shafiullah KAKAR / AFP
Publicidade
![Manifestantes participam de manifestação para mostrar solidariedade com os palestinianos, em Quetta — Foto: Banaras KHAN/AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/EqNtZaemmknk9dAFisxuu7jF-XY=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/G/n/3NtAAbR4aK3iSyofBL2A/38.jpg)
Manifestantes participam de manifestação para mostrar solidariedade com os palestinianos, em Quetta — Foto: Banaras KHAN/AFP
![Manifestantes queimam uma bandeira de Israel durante um comício para mostrar solidariedade aos palestinos, em Quetta — Foto: Banaras KHAN/AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/IBNqWKJYZdFPHrY3qnTdlPpOD6I=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/7/g/56Qf1BTfuikNP579Tg0w/39.jpg)
Manifestantes queimam uma bandeira de Israel durante um comício para mostrar solidariedade aos palestinos, em Quetta — Foto: Banaras KHAN/AFP
Publicidade
![Apoiadores do partido político islâmico do Paquistão Jamaat-e-Islami participam de uma manifestação para mostrar solidariedade aos palestinos, em Lahore — Foto: Arif ALI/AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/TFFb9KytMocFq15ovRW2mHWYcjI=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/C/c/7185RMTY2bo2sKForkAw/41.jpg)
Apoiadores do partido político islâmico do Paquistão Jamaat-e-Islami participam de uma manifestação para mostrar solidariedade aos palestinos, em Lahore — Foto: Arif ALI/AFP
![Apoiadores da Liga Muçulmana Markazi do Paquistão (PMML) participam de uma manifestação para expressar sua solidariedade aos palestinos, em Islamabad — Foto: Aamir QURESHI/AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/peHE1fnCzUkLbuU_KlJ-o4pDf_I=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/j/d/2cVxW9TQabYaixoQVN7w/42.jpg)
Apoiadores da Liga Muçulmana Markazi do Paquistão (PMML) participam de uma manifestação para expressar sua solidariedade aos palestinos, em Islamabad — Foto: Aamir QURESHI/AFP
Publicidade
![Manifestantes queimam uma bandeira israelense durante uma manifestação na Praça Tahrir, em Bagdá — Foto: Ahmad AL-RUBAYE/AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/kSSsNMpv6fnCQ1zDprnsqwIPCR8=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/2/D/F0CB4SQVOgrSgZzEp5AQ/43.jpg)
Manifestantes queimam uma bandeira israelense durante uma manifestação na Praça Tahrir, em Bagdá — Foto: Ahmad AL-RUBAYE/AFP
Além de falar ao telefone com Assad, Raisi também manteve contato com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, no primeiro diálogo entre os dois desde a aproximação mediada em março pela China após sete anos de ruptura, anunciou a imprensa estatal saudita SPA.
Horas depois do telefonema entre Raisi e Assad, Israel atacou com mísseis os dois principais aeroportos da Síria: os da capital e da cidade de Aleppo, danificando as pistas de pouso e deixando-as fora de serviço, disse na quinta a agência de notícias estatal Sana.
Alvos na Síria
Israel bombardeou centenas de vezes o território sírio desde o início da guerra civil no país, em 2011, mas este é o primeiro desde o início do conflito entre Israel e o Hamas. Os dois aeroportos já foram alvo de ataque em várias ocasiões. O de Aleppo ficou fora de serviço por bombardeios em 28 de agosto e o de Damasco em 2 de janeiro.
Na Síria, a aviação israelense ataca especialmente os grupos apoiados pelo Irã e Hezbollah, inimigos declarados de Israel, além de posições do Exército sírio. Israel, que tem fronteira com a Síria, normalmente não comenta suas operações contra o país, apenas afirmando que quer impedir que o Irã se estabeleça perto de seu território.
Críticas a pactos
Na ligação com Assad, o presidente iraniano afirmou que Teerã se coordenará com os países islâmicos “antes do possível” para frear o “genocídio dos palestinos por parte dos sionistas”.
Raisi também criticou os países árabes que recentemente normalizaram suas relações com Israel ou que estão em negociações com esse objetivo, como é o caso da Arábia Saudita. Segundo analistas, a guerra abala o possível acordo de normalização de relações entre Israel e a Arábia Saudita, onde ficam os locais mais sagrados do islã.
- Homens, artilharia e inteligência: Entenda as diferenças de poderio militar entre Israel e o Hamas
- Com mais de 2 milhões de pessoas em cerca de 365 quilômetros quadrados: Veja em mapa área de Gaza que precisa ser esvaziada após ultimato de Israel
“Todos os que tornaram públicas suas relações com o regime sionista com o pretexto de defender os direitos dos palestinos ficaram desacreditados, e ficou comprovado para todos que o regime sionista está em seu estado mais debilitado”, disse o presidente iraniano.
Já em sua ligação com Raisi, o príncipe Salman disse que Riad “se comunica com todas as partes internacionais e regionais para deter a atual escalada”, ressaltou a SPA. Ele também destacou “a posição firme do reino de apoio à causa palestina”.
A agência estatal iraniana Irna também informou sobre o telefonema, apontando que os dois líderes discutiram “a necessidade de acabar com os crimes de guerra contra a Palestina”.
O príncipe Mohammed conversou na quarta-feira com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sobre seus esforços para conter a escalada do conflito.
Bloqueio contra o Irã
EUA e Catar concordaram na quinta-feira em negar ao Irã acesso a um fundo de US$ 6 bilhões, que fazia parte de um acordo de troca de prisioneiros por ajuda humanitária, selado entre o governo Joe Biden e Teerã no mês passado, disse o vice-secretário do Tesouro dos EUA, Wally Adeyemo, aos democratas da Câmara, de acordo com informações do jornal The Washington Post.
Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY