Mundo
PUBLICIDADE
Por , Em The New York Times — Varsóvia

As forças centristas e progressistas na Polônia parecem capazes de formar um novo governo depois de garantir mais assentos nas eleições deste domingo, apesar de o partido de extrema direita do governo, Lei e Justiça, ter obtido o maior número de votos em uma única legenda. Segundo as pesquisas de boca de urna, o principal grupo opositor, a Coalizão Cívica, obteve o segundo lugar na votação, conquistando resultados melhores do que o esperado. Caso o levantamento se confirme, a reviravolta frustraria a esperança do partido governista de obter um inédito terceiro mandato consecutivo.

Donald Tusk, líder da Coalizão Cívica, declarou os resultados projetados como uma retumbante "vitória para a democracia" que acabaria com o governo da Lei e Justiça, conhecido por sua sigla polonesa PiS, no poder desde 2015.

— Nós conseguimos! Nós realmente conseguimos! — Tusk, ex-primeiro-ministro, disse a seus apoiadores na noite de domingo. — Este é o fim deste período ruim! Este é o fim do governo do PiS!

A eleição para um novo Parlamento, realizada após uma campanha violenta no país altamente polarizado, foi acompanhada de perto no exterior, inclusive na Rússia e na Ucrânia, e vista por muitos poloneses como a votação mais importante desde que rejeitaram o comunismo na primeira eleição parcialmente livre do país em 1989. Refletindo os altos riscos, quase 73% do eleitorado votou, o maior comparecimento em uma eleição polonesa desde o fim do regime comunista.

Tanto o partido governista Lei e Justiça quanto a Coalizão Cívica consideraram a eleição como um momento decisivo sobre o futuro da Polônia como um Estado democrático estável.

Se as previsões iniciais estiverem corretas quando os resultados oficiais finais forem anunciados, provavelmente na terça-feira, a Coalizão Cívica e seus possíveis parceiros conquistaram 248 assentos no Legislativo de 460 membros, em comparação com os 200 conquistados pelo Lei e Justiça.

Jaroslaw Kaczynski, presidente do partido do governo e líder de fato da Polônia nos últimos oito anos, também reivindicou a vitória, declarando a votação "um grande sucesso para nossa formação, nosso projeto para a Polônia". Mas ele reconheceu que seu partido teria problemas para formar um governo se as pesquisas de boca de urna estiverem corretas.

O Konfederacja, um grupo de direita radical que compartilha muitas das visões nacionalistas do Lei e Justiça, obteve apenas 6,2% dos votos, o que lhe deu 12 assentos.

As pesquisas de boca de urna divulgadas pelos três principais canais de televisão da Polônia indicaram que o Lei e Justiça obteve o maior número de votos no geral, 36,8%, em comparação com 31,6% para a Coalizão Cívica. Dois partidos menores, Terceira Via, uma aliança de centristas, e A Esquerda, atingiram o limite necessário para entrar na Câmara Baixa do Parlamento, a Sejm (equivale à Câmara de Deputados no Brasil), a mais poderosa.

Os assentos no Sejm são distribuídos de acordo com um complicado sistema proporcional que torna difícil determinar com precisão o futuro equilíbrio de poder até que todos os votos tenham sido contados e os dos partidos menores que não atingiram o limite (5% para partidos e 8% para coalizões) sejam redistribuídos entre os primeiros colocados.

Przemyslaw Adynowski, um advogado de Varsóvia, disse que votou na Coalizão Cívica no que ele descreveu como "provavelmente a eleição mais importante dos últimos 30 anos". Uma vitória do Lei e Justiça, acrescentou, completaria a "fase de transição da democracia para um sistema autoritário" da Polônia e a colocaria em desacordo com seus aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e na União Europeia (UE), com exceção da Hungria, uma nação muito menor e com pouca influência.

Piotr Buras, chefe do escritório de Varsóvia do Conselho Europeu de Relações Exteriores, declarou que a eleição foi "um triunfo da democracia e do liberalismo" que "abre caminho para uma reorientação maciça da política interna e europeia da Polônia".

O resultado foi particularmente surpreendente, uma vez que o Lei e Justiça teve uma grande vantagem graças ao seu controle rígido do sistema de transmissão pública da Polônia, uma rede nacional de estações de televisão e rádio que deveria ser neutra, mas que serviu principalmente como um megafone de propaganda para o partido no poder.

O campo de jogo foi ainda mais inclinado a favor do partido do governo pela realização de um referendo junto com a eleição parlamentar. Os eleitores foram solicitados a responder a quatro perguntas sobre imigração e outras questões que tinham a clara intenção de colocar a União Europeia e, por associação, a oposição, em maus lençóis.

Uma delas perguntava: "Você apoia a admissão de milhares de imigrantes ilegais do Oriente Médio e da África, de acordo com o mecanismo de realocação forçada imposto pela burocracia europeia?"

O referendo causou um curto-circuito nas restrições de financiamento de campanha, permitindo que o Lei e Justiça empregasse fundos estatais para promover informações supostamente neutras sobre perguntas fortemente inclinadas a seu favor. No entanto, muitos eleitores se recusaram a responder às perguntas do referendo, considerando o exercício como uma manobra do partido do governo.

Kaczysnki, presidente do partido, alertou que votar em seus oponentes, liderados por Tusk, ex-presidente do Conselho Europeu, o principal centro de poder da UE, significaria subordinar os interesses nacionais da Polônia aos de Berlim e Bruxelas e o fim da Polônia como um país democrático independente.

— Eles pretendem eliminar a democracia e qualquer vestígio do estado de direito na Polônia — disse Kaczysnki este mês em uma convenção do partido.

O campo de Tusk, por sua vez, apresentou Kaczynski como uma ameaça mortal à democracia liberal e à permanência da Polônia como membro da UE, com a qual o governo Lei e Justiça, que está de saída, entrou em conflito repetidamente sobre o Estado de direito, a proteção dos direitos das minorias e outras questões.

Mais recente Próxima Daniel Noboa, filho de um dos homens mais ricos do Equador, é eleito presidente

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Campeã saltou de 13 mil para 1,4 milhão de fãs no Instagram

Após ouro na Olimpíada, Bia Souza vê número de seguidores aumentar 19.000%

Artem Viktorovich Dultsev e Anna Valerevna Dultseva se passavam por família argentina que vivia na Eslovênia

Filhos de espiões que 'descobriram' que eram russos em voo não sabiam quem é Putin e só falam espanhol

A voz da jogadora será dublada pela atriz Paola Oliveira no 'Fantástico'

Isabel do vôlei terá sua história contada em animação

Comportamento de atleta chamou a atenção até de Elon Musk; ela foi prata no tiro esportivo de 10m

Paris-2024: 'Pistoleira marrenta' que conquistou web fica em 27º na prova em que prometeu ouro

Consumidor pode 'reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação' 'em trinta dias, tratando-se de fornecimento de produtos não duráveis', caso de produtos como o café

Comprou café impróprio para consumo? Veja como proceder após Ministério da Agricultura reprovar 16 marcas

No Instagram, PA fica atrás apenas dos aposentados Usain Bolt e Caitlyn Jenner; ele é o segundo representante brasileiro mais seguido

Atleta do Brasil nos 100m rasos, ex-BBB Paulo André é esportista do atletismo com mais seguidores no mundo nas redes sociais

David Pina conquistou torcida com cabelo no formato de Mickey Mouse

Primeiro medalhista de Cabo Verde teve de parar preparação para Paris-2024 para trabalhar como pedreiro em Portugal: 'Dinheiro acabou'

Haverá recepcionistas bilíngues, que darão informações sobre o estado do Rio aos visitantes

Galeão nas alturas: com quase o dobro de conexões doméstico-internacionais, terminal vai centro de informações turísticas