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Por O Globo e agências internacionais — Cairo

Líderes, ministros e diplomatas de dezenas de países árabes e ocidentais, incluindo o Brasil, se reuniram neste sábado para discutir o conflito entre Israel e Hamas na Cúpula da Paz no Cairo, capital do Egito. No entanto, ao final de horas de discursos, o encontro terminou sem uma declaração conjunta — sinal da divergência sobre pontos fundamentais, em especial o "direito de defesa" de Israel, defendido pelo Ocidente.

— Devemos agir agora para acabar com o pesadelo — afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante o encontro.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, foi um dos que discursaram durante a cúpula. Ele condenou os ataques terroristas do Hamas, mas também faz críticas fortes à reação de Israel, dizendo que o país tem responsabilidades pela crise humanitária que assola a região de Gaza. Vieira também criticou a inércia dos organismos internacionais.

— Israel, como potência ocupante, tem responsabilidades específicas no âmbito dos direitos humanos internacionais e do direito humanitário. Estas devem ser cumpridas em qualquer circunstância - afirmou o chanceler brasileiro.

Segundo Vieira, a destruição de infraestrutura civil é "inaceitável". Sem culpar diretamente Israel, o chanceler fez referência à destruição de um hospital que deixou centenas de mortos em Gaza.

— A destruição de infraestruturas civis, incluindo instalações de saúde, é inaceitável. Testemunhamos com consternação o bombardeamento do Hospital Árabe al-Ahli, lamentamos profundamente e lamentamos as centenas de vítimas civis, incluindo pacientes, médicos, enfermeiros e outros trabalhadores humanitários. Todas as partes devem proteger plenamente os civis e respeitar o direito internacional e o direito humanitário internacional — disse.

Mais de 1,4 mil pessoas morreram no ataque terrorista sem precedentes do Hamas contra Israel executado em 7 de outubro, segundo as autoridades israelenses. Mais de 200 pessoas continuam sequestradas pelo grupo islamista palestino. Quase 4,4 palestinos morreram na Faixa de Gaza nos bombardeios diários israelenses em represália, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o enclave.

A Faixa de Gaza, que está sob cerco total de Israel, precisa de "uma entrega massiva de ajuda", acrescentou Guterres, depois que 20 caminhões com assistência entraram no território palestino procedentes do Egito neste sábado. A ONU calcula que são necessários ao menos 100 caminhões diários para ajudar os 2,4 milhões de moradores de Gaza, que enfrentam a falta de água, energia elétrica e combustíveis devido ao "corte total" imposto por Israel.

Guterres discursou para líderes políticos do Egito, Jordânia e da Autoridade Palestina, além dos ministros das Relações Exteriores de países árabes e europeus, dirigentes da Liga Árabe, da União Africana e da União Europeia. Rússia, China, Japão, Canadá e Estados Unidos também enviaram representantes. O Brasil — que ocupa a presidência interina do Conselho de Segurança da ONU — foi convidado pelo país anfitrião.

'Não vamos embora'

O rei Abdullah II da Jordânia pediu um "cessar-fogo imediato", enquanto o presidente egípcio Abdel Fatah al-Sisi afirmou que a "única solução para a questão palestina é a justiça", insistindo no "direito" dos palestinos "a estabelecer seu Estado"

— Não podemos permitir que este conflito vire uma crise regional — declarou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

Guterres mencionou o "contexto mais amplo", com uma referência a "56 anos de ocupação sem fim à vista", embora tenha ponderado que "nada pode justificar o ataque condenável do Hamas, que deve libertar de maneira imediata e sem condições" os reféns sequestrados em Israel.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, reiterou a necessidade de "acabar com a ocupação israelense dos Territórios Palestinos e de uma solução de dois Estados": um israelense e outro palestino.

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, reforçou, por outro lado, o direito israelense de defesa contra o terrorismo.

— Como qualquer outro país do mundo, Israel tem o direito de se defender e de defender seu povo contra esse terror — disse Baerbock em discurso, crescentado que a defesa deve estar "dentro da estrutura do direito internacional".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que não viajou à cúpula, afirmou durante sua curta visita a Tel Aviv na quarta-feira que a guerra entre Israel e o Hamas reforça sua "determinação" por uma solução de dois Estados. O líder americano conversou com o presidente egípcio defendendo a entrada de ajuda humanitária a Gaza pela fronteira de Rafah, iniciada neste sábado, após o país ter vetado no Conselho de Segurança uma resolução do Brasil que pedia uma "pausa humanitária" para ajudar civis.

Em grande parte do mundo árabe, a resposta ocidental provocou críticas e foi acusada de "dois pesos e duas medidas" por não condenar o cerco e os ataques aéreos de Israel em Gaza — que, segundo críticos, era o mesmo tipo de violência classificado como "crime de guerra" na invasão da Ucrânia pela Rússia .

Na visão líderes políticos da região, este é um primeiro passo para um "deslocamento forçado" de palestinos em direção ao Sinai egípcio. Abbas afirmou que isto seria o equivalente a "uma segunda Nakba" (catástrofe em árabe), em referência à expulsão de quase 760 mil palestinos após a criação do Estado de Israel em 1948.

Vidas palestinas, vidas israelenses

Abdullah II criticou o "silêncio global", que considerou uma "mensagem muito perigosa".

— A mensagem que o mundo árabe está escutando é alta e clara: as vidas palestinas importam menos do que as israelenses. Nossas vidas importam menos do que outras vidas — declarou. — A aplicação do direito internacional é opcional. E os direitos humanos têm limites, param nas fronteiras, nas raças, nas religiões.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, denunciou a "ajuda militar incondicional a Israel que serve apenas para manter a ocupação" dos Territórios palestinos.

Seu homólogo saudita, Faisal bin Farhan, criticou a rejeição do Conselho de Segurança da ONU a duas resoluções que pediam o fim das hostilidades.

O Egito, que organizou a cúpula, quer desempenhar um papel diplomático importante no conflito. O país foi a primeira nação árabe a assinar um acordo de paz com Israel, em 1979, e desde então o Cairo atua como mediador habitual entre Israel e os palestinos, incluindo o grupo Hamas. Além disso, o Egito tem o único ponto de entrada para a Faixa de Gaza que não é controlado por Israel, Rafah. (Com AFP e New York Times).

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