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Por O Globo com AFP — Lewiston

Antes de abrir fogo num dos ataques mais letais da História recente dos Estados Unidos, o atirador passou por uma porta do Just-In-Time Recreation (antigo Sparetime Recreation) que trazia a mensagem "Escolha sua arma". Era uma metáfora sobre bolas menores e maiores de boliche. O ataque a tiros, que também ocorreu em um bar-restaurante da região, deixou ao menos 18 mortos e mais de 50 feridos.

"Boliche, comida, bar, jogos", diz a entrada do estabelecimento, que também alerta para a proibição do ingresso de clientes com alimentos e bebidas não comprados no local. A foto foi publicada nas redes sociais do Just-In-Time. Ao centro da porta, o local faz referência aos estilos e maneiras para se atingir os pinos.

Porta da pista de boliche Just-in-Time Recreation, em Lewiston — Foto: Reprodução/Instagram
Porta da pista de boliche Just-in-Time Recreation, em Lewiston — Foto: Reprodução/Instagram

Um cliente que estava na pista de boliche, na noite desta quarta-feira, contou como conseguiu escapar do ataque e se esconder até a chegada dos policiais. Identificado apenas como Brandon, ele detalhou o momento em que percebeu estar no meio de um atentado.

— Nós estávamos todos lá dentro, apenas uma noite normal de boliche. Do nada, ele entrou e ouvi um estampido bem alto. Achei que fosse um balão [estourando]. Eu estava de costas para a porta. Logo que virei e vi que não era um balão, que ele estava segurando uma arma, corri pela pista, escorreguei até o lugar onde ficam os pinos e escalei uma máquina. Fiquei no topo das máquinas por cerca de 10 minutos até os policiais chegarem lá — contou Brandon à imprensa americana. Brandon contou ainda que havia chegado ao estabelecimento dez minutos antes do ataque e estava colocando os sapatos para jogar quando ouviu o primeiro de pelo menos dez estalos.— Ninguém deveria ver isso na vida real. Quando cheguei ao topo da máquina, havia muito tumulto por lá. Ouvi o primeiro [tiro] que parecia ter sido disparado a 4 metros de mim. Ele estava perto, muito perto — disse ele. — Fui lá só para jogar boliche. Tinha acabado de chegar. Estava colocando meus sapatos de boliche quando tudo começou. Então, estou descalço faz cinco horas.

Ataque a tiros no Maine — Foto: Arte/O Globo
Ataque a tiros no Maine — Foto: Arte/O Globo

Centenas de policiais fazem buscas, nesta quinta-feira, pelo suspeito que abriu fogo na pista de boliche e no bar-restaurante no Maine, na Nova Inglaterra, no nordeste dos Estados Unidos. Ele fugiu após o tiroteio.

Os assassinatos ocorreram na noite de quarta-feira em Lewiston, a segunda mais populosa cidade do estado do Maine, onde a população foi instada a permanecer em suas casas devido ao risco representado por "um homem armado e perigoso”.

A polícia identificou o agressor e divulgou sua fotografia. No momento suas motivações são desconhecidas. Segundo a CNN, que cita fontes policiais, o homem seria um reservista do Exército.

— Temos 22 mortos confirmados e muitos, muitos mais feridos — disse Robert McCarthy, vereador de Lewiston, uma cidade com cerca de 36 mil habitantes, à CNN. — Nossos hospitais não estão equipados para lidar com esse tipo de tiroteio — disse ele, acrescentando que houve mais de 50 feridos.

Veja a linha do tempo do ataque

Por volta das 19h (23h em Brasília): Dois tiroteios são relatados em Lewiston com várias vítimas. A informação é confirmada pelo Departamento de Segurança Pública do Maine.

20h: O Gabinete do Xerife do Condado de Androscoggin divulga fotos do suspeito armado e insta comerciantes a fecharem as portas.

20h09: A Polícia Estadual do Maine confirma que há "um atirador em atividade em Lewiston" e pede que a população fique em casa, com portas trancadas.

20h26: Moradores de Auburn, cidade vizinha, são instruídos a ficarem em casa.

20h53: A polícia de Lewiston afirma que o ataque a tiros ocorreu em dois locais: Schemengees e Sparetime Recreation, um restaurante e uma pista de boliche.

21h17: A polícia de Lewiston divulga a imagem de um veículo branco e pede informações a quem o tenha visto pelas ruas. À CNN, a Polícia Estadual do Maine disse que o carro é do suspeito do ataque.

22h52: A polícia identifica um homem e o nomeia “pessoa de interesse” no caso, com divulgação nas redes sociais.

Por volta das 23h30: O comissário do Departamento de Segurança Pública do Maine, Mike Sauschuck, afirma que um “veículo de interesse” foi encontrado em Lisbon, a pouco mais de 10 quilômetros de Lewiston. O homem segue foragido.

23h34: As autoridades de Lisbon confirmam que repartições municipais ficarão fechadas na quinta-feira e orientam moradores e comerciantes a permanecerem trancados em casa. As escolas públicas permanecerão fechadas na quinta-feira, informou uma autoridade local no X (antigo Twitter).

Policiais cercam ruas; população é orientada a ficar trancada

O chefe da segurança pública do Maine, Mike Sauschuck, disse aos repórteres que as ruas estão tomadas por policiais em busca do suspeito.

— Temos centenas de policiais trabalhando em todo o estado do Maine para localizar (o atirador) — disse ele.

Este novo massacre, um dos mais mortíferos desde o de Las Vegas em 2017, junta-se à trágica lista de tiroteios em massa nos Estados Unidos.

Depois de ser informado sobre o ataque, o presidente Joe Biden faltou a um jantar de Estado em homenagem ao primeiro-ministro australiano para se comunicar com as autoridades locais e oferecer apoio federal, segundo a Casa Branca.

Fotos divulgadas do suspeito mostram um homem vestindo jaqueta marrom, calça azul e sapatos marrons, segurando um rifle semiautomático.

Os Estados Unidos têm mais armas do que pessoas: um em cada três adultos possui pelo menos uma arma e quase um em cada dois adultos vive numa casa onde existe uma arma. A consequência desta proliferação é o índice de mortes por armas de fogo, mais alto que o de outros países desenvolvidos.

Ataque a tiros no Maine:

Excluindo os suicídios, mais de 15 mil pessoas morreram devido à violência armada desde o início do ano no país, e o ataque de quarta-feira é o mais mortal registrado no período, segundo a associação Gun Violence Archive (GVA).

Os esforços para reforçar o controle de armas nos EUA se chocam há anos com a oposição dos republicanos, defensores do direito constitucional de portar armas, e o lobby da National Rifle Association (NRA), organização que contribui com o financiamento das candidaturas de oficiais pró-armas no país..

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