Para os palestinos, o dia seguinte à declaração de independência de Israel, em 1948, é conhecido como "Nakba" (catástrofe, em árabe). Isso marcou o início de uma guerra na qual cerca de 700 mil árabes foram expulsos ou fugiram de suas casas, à medida que o novo Estado era estabelecido no que antes era a Palestina sob domínio britânico. Muitos dos refugiados acabaram na Faixa de Gaza, de onde o grupo islâmico Hamas, considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, atacou Israel em 7 de outubro, provocando uma nova guerra.
Os refugiados dos anos 1940 que ainda estão vivos, somados aos seus descendentes, representam cerca de 81% dos 2,1 milhões de habitantes da Faixa de Gaza. Todos eles ainda são considerados refugiados hoje porque nenhuma solução permanente foi encontrada. Por mais de 70 anos, os palestinos deslocados têm reivindicado o "direito de retorno" ao território hoje israelense —uma posição rejeitada por Tel Aviv.
1. O que os palestinos querem dizer com o termo 'nakba'?
Uma guerra entre árabes e judeus eclodiu após a Assembleia Geral da ONU votar em 29 de novembro de 1947 pela divisão do que então era chamado de Mandato Britânico da Palestina em dois Estados. (O Reino Unido havia assumido o controle do território do Império Otomano após sua derrota na Primeira Guerra Mundial.)
Quando Israel anunciou sua independência em 14 de maio de 1948, os países árabes vizinhos —Egito, Líbano, Síria e Jordânia, com apoio do Iraque e de países do Golfo Pérsico — declararam guerra ao Estado judeu em formação. Palestinos fugiram ou foram expulsos em várias ondas ao longo de um ano, alguns acreditando que poderiam retornar depois que os combates terminassem.
Após a guerra, Israel destruiu centenas de aldeias palestinas e aprovou uma lei de propriedades de ausentes que autorizava o governo a confiscar terras e casas abandonadas pelos palestinos.
2. O que os palestinos querem dizer com 'direito de retorno'?
Além dos dezenas de milhares dos 700 mil refugiados originais que ainda estão vivos, os palestinos afirmam que cerca de 5 milhões de seus descendentes — não apenas dos territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia, mas também de comunidades no Líbano, Jordânia, Alemanha, Chile, Estados Unidos e outros lugares — devem ter o "direito de retorno".
3. O que Israel diz sobre o 'direito de retorno'?
Israel rejeita essa ideia, principalmente por causa das implicações para a demografia do país. Se esses refugiados fossem adicionados aos palestinos que permaneceram em 1948, e que agora são cidadãos israelenses (somam 2 milhões hoje), existe a possibilidade de que os 7 milhões de judeus no território israelense sejam superados em número, o que iria contra o propósito de criar um Estado judeu.
Tel Aviv vê a questão dos refugiados palestinos como parte de uma troca maior de populações que ocorreu ao longo das décadas. Cerca de 1 milhão de judeus fugiram ou foram expulsos do mundo muçulmano após 1948. Muitos deles encontraram refúgio em Israel e se tornaram cidadãos, resolvendo assim seus próprios problemas como refugiados.
Fotos raras mostram Gaza antes da criação do Estado de Israel
4. Quais alternativas foram propostas para o 'direito de retorno'?
Os refugiados foram tema de negociações entre israelenses e palestinos visando um acordo de paz permanente desde a década de 1990. Antes do fim dessas negociações, em 2014, a posição de Israel era geralmente de que os refugiados palestinos deveriam se estabelecer em um futuro Estado palestino, e que a resolução do problema deveria incluir compensações pelas propriedades e empresas que os judeus haviam expropriado deles ou que tiveram que deixar para trás em países árabes.
Algumas propostas internacionais para um acordo de paz permanente envolvendo um Estado palestino ao lado de Israel imaginaram que alguns milhares de palestinos poderiam retornar ao território israelense, enquanto outros se estabeleceriam algures e receberiam compensações financeiras. Em uma carta revisada emitida em 2017, o Hamas caracterizou a ideia de um Estado palestino ao lado de Israel como uma questão de "consenso nacional", mas manteve seu objetivo de desmantelar o Estado judeu.
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