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Por — Berlim

A eclosão do conflito armado entre Israel e Hamas fez avançar uma nuvem de apreensão sobre a Europa, traduzida em uma nova rotina, marcada pela insegurança e por episódios violentos para moradores e turistas. Com a escalada da guerra, várias cidades registram reforço do policiamento, fechamento de aeroportos e evacuação de locais turísticos diante do alerta elevado para o risco de violência.

Manifestações pró-Palestina vêm tomando as ruas de centros urbanos, com repressão policial e detenções em massa, sobretudo onde há maior concentração de comunidades árabes.

O brasileiro Pedro Martins viu mudar o cenário da cidade francesa de Lille depois que dois homens clamando apoio ao extremismo islâmico mataram três pessoas na França e na Bélgica. A segurança aumentou em estações de metrô, trens e praças. Por isso, o estudante passou a ficar mais atento em lugares públicos e evita sair de casa em dias de aparente maior risco, como quando a cidade sediou uma partida da Copa do Mundo de Rugby.

— Uso o transporte público e hoje praticamente toda estação tem um policial. Além disso, minha universidade pôs em prática um protocolo de segurança em todas as entradas, com a possibilidade de se revistar mochilas, por exemplo — relata Pedro — Sinto que o grau de preocupação aumentou, inclusive para imigrantes que, como eu, nunca viveram sob este tipo de alerta.

Cartões-postais europeus que atraem turistas, como o Vaticano, tiveram a segurança reforçada, enquanto o Museu do Louvre e o Palácio de Versalhes foram esvaziados mais de uma vez desde o começo do conflito. Em um só dia, sete aeroportos foram temporariamente fechados na França.

A Itália anunciou vigilância em nível máximo, para proteger prédios do governo, escritórios diplomáticos, museus e centros comerciais, bem como edifícios e locais com significância para Israel e os palestinos. Só em Roma, são 4 mil lugares considerados sensíveis.

França, Bélgica Itália, Suécia e Espanha elevaram formalmente seus níveis de alerta para terrorismo, enquanto Alemanha e Reino Unido reforçaram o policiamento nas ruas. A polícia londrina anunciou que o aumento da patrulha tinha por objetivo “proporcionar uma presença visível e segurança às nossas comunidades”. O diretor-geral de inteligência doméstica britânica, Ken McCallum, disse ao canal Sky News que há preocupação com “múltiplas ameaças”, incluindo antissemitismo, ataques islamofóbicos e extremismo islâmico.

Na Alemanha, o clima de insegurança resvala de forma mais aguda sobre as comunidades judaica e árabe. Assim que eclodiu a guerra, os frequentadores do Centro Judaico Kahal Adass Jisroel, em Berlim, anteciparam o risco de violência. Das cerca de 200 crianças que frequentam a escola do Centro, 75% deixaram de ir às aulas. Receio semelhante foi registrado em escolas de Londres e Amsterdam, fechadas temporariamente, enquanto em Roma uma foi evacuada em um exercício de segurança.

Na madrugada de 18 de outubro, dois coquetéis molotov foram lançados contra a sede do Centro em Berlim. Um homem foi preso horas depois, ao tentar entrar no prédio gritando slogans contra Israel. Desde então, o local passou a ser vigiado.

— Já estava difícil manter uma vida normal antes do ataque – disse o presidente da comunidade, Pasha Lyubarsky. — Agora os pais temem ainda mais a violência e precisamos aumentar a segurança para dar a sensação de que seus filhos estão seguros aqui.

Dias mais tarde, dois homens apedrejaram um hospital judeu nos arredores. Desde então, houve novos incidentes classificados como antissemitas pela polícia de Berlim, incluindo a pintura de suásticas em um parque infantil.

Compromisso alemão

O presidente da Sociedade Alemã-Israelense, Volker Beck, disse ao GLOBO que pediu a expansão da lista de locais judaicos com proteção policial, hoje 150 em Berlim. O chanceler Olaf Scholz vem repetindo que a segurança de Israel é “razão de Estado” para a Alemanha, referência ao compromisso de proteger os judeus após a Segunda Guerra.

Autoridades já baniram protestos pró-Palestina em Alemanha, França, Suíça e Reino Unido, com a justificativa de evitar risco de violência e antissemitismo. As medidas não só naõ impediram as manifestações como geraram episódios de repressão policial.

Em Berlim, a temperatura subiu quando um protesto pró-Palestina não autorizado terminou com 174 prisões e 65 policiais feridos, segundo a polícia. O episódio marcou o começo de uma rotina de tensão em Neukölln, berço da comunidade árabe na capital.

Na Sonnenalle, a icônica “rua árabe” de Berlim, a repressão ecoa nas paredes e vitrines de lojas. Pichações pedindo liberdade para Gaza se multiplicaram, e estabelecimentos comerciais de todo tipo registram expressões de apoio à Palestina. Um vendedor palestino, que não quis se identificar, contou que a violência aumentou e que muitos clientes têm comprado as enormes bandeiras palestinas expostas em sua vitrine.

No domingo passado, a polícia de Berlim colocou 1,6 mil oficiais nas ruas quando protestos pró-Palestina não autorizados chegaram perto de uma manifestação pró-Israel. A imprensa contou 400 detenções nos atos pró-Palestina.

Para Esther Major, vice-diretora de pesquisa da Anistia Internacional na Europa, a restrição aos protestos ameaça a liberdade de expressão.

— Os governos devem garantir o direito ao protesto. Direitos humanos podem ser protegidos sem uma proibição irrestrita e arbitrária — disse.

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