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Por , Em The New York Times — Washington

É provável que em breve drones assassinos sejam uma característica padrão nos campos de batalha ao redor do mundo. Isso tem provocado debates sobre como regular seu uso, e gerou preocupações sobre a perspectiva de, eventualmente, as decisões de vida ou morte sejam transferidas para programas de inteligência artificial (IA).

Entenda, abaixo, como a tecnologia evoluiu, que tipos de armas estão sendo desenvolvidas e como o debate está se desenrolando.

Quão novas são essas armas?

A inteligência artificial deverá, em algum momento, permitir que sistemas de armas tomem suas próprias decisões sobre a seleção de certos tipos de alvos — e os atinjam. Desenvolvimentos recentes na tecnologia de IA intensificaram a discussão em torno desses sistemas, conhecidos como "armas autônomas letais".

Apesar disso, armas autônomas não são exatamente novas. Minas terrestres, projetadas para disparar automaticamente quando uma pessoa ou objeto passa sobre elas, foram usadas já no século XIX durante a Guerra Civil nos Estados Unidos. Elas foram inventadas pelo general Gabriel J. Rains, que as chamou de "conchas subterrâneas".

Embora tenham sido usadas muito antes de alguém sequer conceber a inteligência artificial, elas têm relevância para o debate atual porque, uma vez colocadas, operam sem intervenção humana — e sem discriminar entre alvos pretendidos e vítimas não intencionais.

Armas automatizadas

A partir do final da década de 1970, os EUA começaram a expandir o conceito de armas automatizadas com a criação da Mina Antissubmarino Captor. Ela poderia ser lançada de um avião ou navio, e se fixar no fundo do oceano, permanecendo lá até detonar automaticamente quando sensores do dispositivo detectassem um alvo inimigo.

Na década de 1980, dezenas de navios da Marinha começaram a depender do sistema de armas AEGIS, que utiliza um radar de alta potência para buscar e rastrear mísseis inimigos. Quando está configurado no modo automático, ele consegue disparar mísseis defensivos antes que um ser humano intervenha.

Munições de direcionamento

O próximo avanço na progressão em direção a armas autônomas mais sofisticadas veio na forma de munições de direcionamento "atirar e esquecer", como o Míssil Ar-Ar de Médio Alcance Avançado AIM-120. Ele possui um buscador de radar que aprimora a trajetória de um míssil disparado enquanto tenta destruir aeronaves inimigas.

Munições de direcionamento geralmente não podem ser recolhidas após serem disparadas e agem como "cães de ataque enviados pela polícia para perseguir um suspeito", escreveu Paul Scharre, ex-oficial sênior do Pentágono e autor do livro "Exército de Ninguém". Elas têm um certo grau de "autonomia limitada", pontuou o especialista.

'Munições de espera'

A guerra na Ucrânia destacou o uso de uma forma de armamento automatizado, conhecido como munições de espera. Esses dispositivos remontam pelo menos a 1989, quando um militar israelense introduziu o Harpy, um drone que pode permanecer no ar por cerca de duas horas, vasculhando em busca de sistemas de radar inimigos e atacando-os.

Contratantes militares americanos, como a AeroVironment, venderam recentemente munições de espera semelhantes que carregam uma carga explosiva. O Switchblade 600, como é chamada essa unidade, sobrevoa até encontrar um tanque ou alvo e dispara uma carga explosiva antitanque. Hoje, no entanto, a aprovação humana ainda é solicitada.

— A tecnologia existe hoje para dizer ao dispositivo, 'Vá encontrar um tanque russo T-72, não fale comigo, vou lançá-lo, vá encontrá-lo'' — disse Wahid Nawabi, presidente da AeroVironment. — E se ele tiver mais de 80% de certeza de que é aquele, ele o destrói. Toda a missão de ponta a ponta poderia ser totalmente autônoma, exceto pelo disparo inicial.

'Enxames de drones'

O Pentágono está agora trabalhando para construir enxames de drones, de acordo com um aviso publicado no início deste ano. O resultado final esperado é uma rede de centenas ou até milhares de drones autônomos, aprimorados por inteligência artificial, transportando equipamentos de vigilância ou armamentos.

Switchblade 600 da AeroVironment em exibição em uma exposição da Marinha em National Harbor, Maryland — Foto: Jason Andrew / The New York Times
Switchblade 600 da AeroVironment em exibição em uma exposição da Marinha em National Harbor, Maryland — Foto: Jason Andrew / The New York Times

Provavelmente, esses drones seriam posicionados perto da China para serem rapidamente implantados em caso de conflito. Eles seriam usados para neutralizar ou pelo menos reduzir a extensa rede de sistemas de mísseis antinavio e antiaéreos que a China construiu ao longo de suas costas e ilhas artificiais no Mar do Sul da China.

Isso é apenas uma das muitas iniciativas atualmente em andamento no Pentágono. O objetivo é que, nos próximos um ou dois anos, milhares de drones baratos, autônomos e, às vezes, letais, sejam implementados. Eles devem ser capazes de continuar operando mesmo quando os sinais de GPS e as comunicações estiverem bloqueados.

Controlados por inteligência artificial?

Alguns contratados militares argumentam que ataques letais totalmente autônomos controlados por IA podem estar a anos de distância, já que os algoritmos mais avançados ainda não são suficientemente confiáveis e, portanto, não podem tomar decisões autônomas de vida ou morte.

Em vez disso, a inteligência artificial, segundo executivos da Palantir Technologies, uma importante contratante militar de IA, permitirá que os funcionários militares tomem decisões de direcionamento mais rápidas e precisas, analisando rapidamente ondas de dados.

Mas há uma preocupação generalizada dentro das Nações Unidas sobre os riscos dos novos sistemas. E embora algumas armas já tenham um certo grau de autonomia embutido, a nova geração é diferente. Para Scharre, "quando essa conversa começou, há cerca de uma década, era realmente algo de ficção científica". Agora, "a tecnologia é muito real".

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