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Por — São Paulo

Ponto central no acordo de cessar-fogo temporário entre Israel e Hamas, a troca de reféns capturados pelo grupo terroristas e prisioneiros detidos pelo Estado judeu elevou o nível de alerta no lado israelense da fronteira. Em meio ao clamor da sociedade civil pelo retorno dos sequestrados em 7 de outubro, as forças de segurança se preparam para pôr em prática uma operação complexa, com participação de intermediários e dividida em fases, inicialmente programada para começar às 10h (5h em Brasília) desta quinta-feira, mas posteriormente adiada para sexta-feira.

Os termos do acordo mediado pelo Catar determinam que o Hamas liberte 50 reféns israelenses — alguns deles com dupla-nacionalidade — e que Israel devolva 150 presos que cumprem pena e no país aos territórios palestinos. Apenas mulheres e jovens com até 18 anos estarão envolvidos na troca.

Procedimento para a troca de reféns e prisioneiros entre Israel e Hamas — Foto: Editoria de Arte / O Globo
Procedimento para a troca de reféns e prisioneiros entre Israel e Hamas — Foto: Editoria de Arte / O Globo

Embora os termos estejam bem definidos, a transferência não acontecerá de forma direta, imediata e simultânea. O Gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, adiantou que os reféns serão devolvidos pelo Hamas em quatro etapas, com grupos de no mínimo 10 pessoas. Só quando todos estiverem em Israel, o governo concordou em soltar os presos. Toda essa operação sem contato direto como Hamas.

— Os membros do Hamas não vão ficar à vista dos soldados israelenses e vice-versa. Não é um homem encapuzado do Hamas que vai conduzir os reféns até um posto de controle na fronteira, entregá-los aos israelenses, virar as costas e ir embora. Nem o contrário — explicou o historiador João Miragaya, colaborador do Instituto Brasil-Israel (IBI). — O mais provável é que uma organização internacional neutra e confiável para os dois lados receba esses prisioneiros.

Fontes do governo, citadas pela imprensa israelense, afirmaram que os reféns devem ser entregues pelo Hamas à Cruz Vermelha. A organização, no entanto, disse ontem que “ainda não recebeu informações sobre reféns”.

Uma organização internacional também seria a responsável por levar os reféns libertados pelo Hamas aos militares israelenses — não se sabe se dentro do território de Gaza ou não. O que se sabe é que os militares responsáveis pelo primeiro acolhimento vão encaminhar cada grupo a unidades de saúde previamente preparadas — seis bases foram deixadas em prontidão.

Os reféns terão direito a um breve contato com familiares, antes de serem encaminhados para uma avaliação de saúde mais completa. De acordo com Miragaya, é nesta etapa também que autoridades de segurança tentarão colher informações sobre o período de cativeiro em Gaza e contatos com integrantes do Hamas, embora o perfil do grupo pareça limitar maiores preocupações com a segurança interna.

—A maior preocupação de Israel é humanitária com as pessoas que estão voltando. É claro que existe todo um processo, que envolve questões de segurança, mas estamos falando principalmente de crianças. Não é o caso em que haja uma grande preocupação de uma infiltração terrorista — avaliou Avi Gelberg, conselheiro da StandWithUs Brasil.

Libertação de prisioneiros

O Ministério da Justiça de Israel publicou, na quarta-feira, uma lista com 300 nomes de presos palestinos aptos a serem libertados, dos quais 150 serão escolhidos pelo Gabinete de Guerra de Netanyahu, caso o Hamas cumpra com a devolução dos reféns do acordo. O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed Alzeben, confirmou ao GLOBO que a maioria dos libertados será enviado para a Cisjordânia, e não para Gaza. A maioria foi presa por participação em protestos e atos violentos ou de vandalismo no enclave palestino mais a norte ou em Jerusalém Oriental.

Embora a tensão deva permanecer pelos próximos quatro dias, tempo acordado de trégua para a conclusão da troca de prisioneiros, Miragaya afirma que ao menos o prazo mínimo deva ser cumprido pelo Hamas, que tem mais interesse na pausa dos combates do que na recuperação dos cidadãos presos, em sua avaliação.

— O interesse [do Hamas] é pela trégua, para que possam pressionar por um cessar-fogo permanente. Cada dia a mais de cessar-fogo é mais um dia que o grupo tem para mostrar ao mundo a catástrofe humanitária em Gaza e aumentar a cobrança da comunidade internacional —explicou o historiador.

Dez presos por um dia de trégua

Ainda de acordo com Miragaya, os interesses do Hamas e de Israel no acordo ficam claros quando se observa um “gatilho” inserido nos termos, que compensa com um dia de cessar-fogo extra, cada grupo extra de 10 reféns devolvidos.

— Israel aceitou a condição porque sabe que o Hamas não tem o controle de todos os reféns. Muitos deles estão em mãos de outros grupos com quem eles perderam o contato em meio a catástrofe em Gaza. Israel entende que precisa dar tempo para o Hamas se reorganizar e encontrar mais reféns, porque tem interesse em recuperar todos eles com vida. O Hamas, por sua vez, deve tentar atrasar ao máximo as libertações, mas prolongar a trégua.

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