Duas cidadãs russas foram libertadas nesta quarta-feira pelo grupo terrorista Hamas: Yelena Trupanov, de 50 anos, e Irena Tati, 73 anos. Elas já estão em território israelense. Mais cedo, Moussa Abu Marzouk, membro do alto escalão do Hamas, disse que "vários" reféns russos seriam acrescentados "separadamente" à lista divulgada, "em agradecimento à postura do presidente [Vladimir] Putin". O acordo entre Israel e Hamas prevê a libertação de mulheres e menores reféns em troca de prisioneiros palestinos.
É o segundo aceno do grupo a Putin. No domino, o Hamas libertou o cidadão russo-israelense Roni Krivoy, de 25 anos. O técnico de som trabalhava no festival perto do kibutz Be'eri quando foi sequestrado, durante no dia 7 de outubro no ataque terrorista que matou 1,2 mil pessoas e fez 240 reféns.
Irena e Yelena são mãe e filha. A família, segundo o jornal Times of Israel, emigrou da Rússia há 25 anos. As duas foram levadas para a Gaza durante o ataque terrorista de 7 de outubro enquanto comemoravam o feriado de Shabbat — sagrado para o judaísmo —, no kibutz Nir Oz.
Além delas, o filho de Yelena, Alexander Trupanov, 28, e a namorada do filho, Sapir Cohen, também foram sequestrados. Eles continuam sendo mantidos reféns. Vitaly, marido de Yelena, foi morto durante o ataque.
No domingo, o técnico de som Roni Krivoy, de 25 anos, foi contemplado na terceira lista, "em resposta aos esforços do presidente russo Vladimir Putin e em reconhecimento da posição russa no apoio à causa palestina". Roni foi o primeiro homem adulto com cidadania israelense a ser libertado desde o início da guerra.
Boas relações desde 2006
As relações entre a Rússia e o Hamas vêm de antes dos ataques de 7 de outubro. Moscou jamais incluiu o grupo em sua lista de organizações terroristas, e mantém boas relações desde 2006, quando o Hamas venceu as eleições na Faixa de Gaza. No ano seguinte, quando houve o violento golpe através do qual o grupo assumiu o controle de fato de Gaza, Putin recebeu o então líder do Hamas, Khaled Mashal, em Moscou.
Com o início da guerra na Ucrânia, em 2022, analistas apontam que o Kremlin ampliou seus laços com o grupo, ao mesmo tempo em que via suas relações com Israel se estremecerem. Putin levou alguns dias para condenar os ataques do 7 de outubro, e mesmo quando o fez disse que ele era resultado do "fracasso das políticas dos EUA para o Oriente Médio". O presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a equiparar o presidente russo ao grupo palestino, em discurso no mês passado.
Essa relação ficou ainda mais evidente no dia 26 de outubro, quando representantes do Hamas estiveram em Moscou, uma visita duramente criticada pelas autoridades israelenses e americanas: o presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a equiparar o presidente russo ao grupo palestino, em discurso no mês passado. Um dos principais comandantes da inteligência da Ucrânia, Kyrylo Budanov, também acusou os russos de fornecerem armas capturadas em território ucraniano para o grupo palestino.
— Claramente vemos que os troféus de guerra da Ucrânia foram repassados para o Hamas. Em boa parte são armas de infantaria — disse ao jornal Ukrainska Pravda. As alegações não foram corroboradas por outros países, e foram refutadas por Moscou. (Com AFP)
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