O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira que disse ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, que a entrada do país a partir do ano que vem no Brics (grupo composto agora por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) "leva em conta" que é preciso "ajudar a fortalecer o Banco dos Brics" para "mudar a faceta dos bancos multilaterais".
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Durante discurso em encontro com empresários na Arábia Saudita, Lula afirmou que é preciso fazer com que os bancos financiem o desenvolvimento de países mais pobres "sem taxas de juros escorchantes" que impeçam "qualquer possibilidade de investimento dos países".
— Tenho o imenso prazer de ter cumprimentado sua alteza, o príncipe herdeiro, pelo fato de a Arábia Saudita ser o mais novo membro do Brics — disse Lula. — Inclusive disse ao príncipe herdeiro que a entrada da Arábia Saudita leva em conta que o país precisa ajudar a fortalecer o banco do Brics para que a gente possa mudar a faceta dos bancos multilaterais, para que possam tratar de financiar o desenvolvimento dos países mais pobres sem taxas de juros escorchantes que terminam por matar qualquer possibilidade de investimento dos países.
O Brasil defende que instituições multilaterais de crédito, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, deem prioridade às necessidades das nações em desenvolvimento, sobretudo na área de infraestrutura, e estudem formas de renegociação de dívidas de países em dificuldades, como a Argentina. Lula já afirmou em outras ocasiões que o Brasil na Presidência do G20, que começa no dia 1º de dezembro, "vai fazer essa grande discussão".
A entrada da Arábia Saudita no Brics foi anunciada em agosto, juntamente com Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irá e Etiópia, durante a cúpula com líderes do bloco, em Johannesburgo.
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Ainda durante o encontro com empresários, Lula afirmou que espera que o Brasil seja reconhecido no futuro como a Arábia Saudita da energia verde, em referência ao peso do país na produção de petróleo e gás.
— Quero aproveitar esse fórum em novembro de 2023 para dizer aqui na Arábia Saudita que daqui a dez anos o mundo vai dizer que, se a Arábia Saudita é o país mais importante da produção de petróleo e gás, daqui a dez anos o Brasil será chamado a Arábia Saudita da energia verde, da energia renovável, porque é para isso que nós estamos trabalhando.
Ao ressaltar a importância da relação entre os dois países, Lula citou como um possível exemplo uma parceria entre a Petrobras e a Arábia Saudita para a produção de fertilizantes, dando uma "garantia ao mundo com a incerteza criada pela guerra entre Rússia e Ucrânia".
— É esse desafio que queremos fazer aos nossos amigos da Arábia Saudita. É que vocês construam parcerias com os nossos empresários para que as empresas brasileiras gerem desenvolvimento no Brasil e na Arábia Saudita, emprego e que a gente possa vender ao mundo as coisas com melhor qualidade (...) — afirmou Lula. — A gente poderia fazer investimentos cruzados entre a nossa Petrobras e empresas da Arábia Saudita para produzir fertilizantes e dar uma garantia ao mundo com a incerteza criada entre a guerra da Rússia e da Ucrânia. Estamos falando em crescimento econômico e desenvolvimento enquanto parte do mundo fala em guerra.
Haddad defende parceria
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu um estreitamento da parceria entre Brasil e Arábia Saudita. Para Haddad, a relação entre os dois países vai “prosperar muito além do que podemos imaginar neste momento”.
— Nós temos um papel fundamental de dar suporte às nossas lideranças, tanto no Brasil quanto na Arábia Saudita, no âmbito do G20, no âmbito do Brics, para fortalecer os laços econômicos — comentou o chefe da equipe econômica. — E também colocar diante de nós, sobretudo no G20, uma perspectiva de estabilização regional e internacional.
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