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Por O Globo com agências internacionais

Israel lançou novos bombardeios contra a Faixa de Gaza no sábado, no segundo dia consecutivo de ataques após o fim de uma trégua na sexta-feira com o grupo fundamentalista islâmico Hamas, apesar da pressão internacional para estendê-la. Uma equipe do Mossad, serviço de Inteligência de Israel, recebeu a ordem de deixar o Catar após negociações que tentavam obter outra pausa nos combates chegarem a um impasse, informou a mídia israelense.

O Exército israelense informou que, desde o fim do cessar-fogo, atacou "mais de 400 alvos" em Gaza, 50 deles na região de Khan Yunis, no sul do enclave, onde o necrotério do principal hospital entrou em colapso, segundo um correspondente da AFP. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas, quase 200 pessoas morreram desde a retomada dos ataques.

Os dois lados culparam-se mutuamente pelo colapso da trégua. Israel acusou o Hamas de tentar atacá-lo com foguetes em plena trégua e de não apresentar uma lista de reféns a ser libertados.

— Agora estamos atacando alvos militares do Hamas em toda a Faixa de Gaza — disse Jonathan Conricus, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, a repórteres neste sábado.

O braço armado do Hamas recebeu “ordens para retomar o combate” e “defender a Faixa de Gaza”, segundo uma fonte próxima do grupo que pediu para não ser identificado porque não estava autorizado a falar com jornalistas. As autoridades internacionais e os grupos humanitários condenaram a retomada dos combates.

“Lamento profundamente que as operações militares tenham reiniciado em Gaza”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, no X, antigo Twitter.

Os temores de um conflito regional maior aumentaram depois que o Ministério da Defesa da Síria relatou bombardeios israelenses perto de Damasco, e o movimento xiita libanês Hezbollah disse que um de seus membros foi morto em um ataque israelense na sexta-feira. Os Estados Unidos garantiram que trabalham com seus aliados regionais para retomar a trégua.

— Continuaremos a trabalhar com Israel, Egito e Catar para reimplementar a pausa — disse o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, na sexta-feira.

'Maior de todos os golpes'

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando o Hamas realizou um ataque sem precedentes a Israel, matando cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, e sequestrando cerca de 240, segundo as autoridades israelenses. Em resposta, Israel desencadeou uma campanha aérea e terrestre que deixou ao menos 14 mil mortos, a maioria civis, segundo as autoridades do Hamas.

Os militares israelenses disseram na sexta-feira que cinco dos capturados pelo Hamas foram mortos e que o grupo mantém “136 reféns, incluindo 17 mulheres e crianças”. Durante a trégua, houve cenas de alegria quando os reféns libertados se reuniram com suas famílias e de júbilo na Cisjordânia ocupada, onde chegaram os prisioneiros palestinos libertados das prisões israelenses.

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, disse aos jornalistas em Dubai que seu país continua “intensamente centrado” na libertação de reféns e na retomada “do processo que funcionou durante sete dias” sob a trégua. Mas o porta-voz do governo israelense, Eylon Levy, disse aos jornalistas que, "ao optar por manter nossas mulheres, o Hamas sofrerá o maior de todos os golpes".

De acordo com os militares israelenses, “as forças terrestres, aéreas e navais atingiram alvos terroristas no norte e no sul da Faixa de Gaza, incluindo Khan Younis e Rafah”. Perto do Hospital Al Ahli, na cidade de Gaza, um homem de suéter azul ergueu o rosto e as mãos para o céu depois de ver uma criança morta em um saco para cadáveres, segundo imagens da AFPTV.

— O que ele fez de errado? Deus, o que fizemos para merecer isso? — ele gritou.

'Filme de terror'

Guterres alertou para uma “catástrofe humanitária” em Gaza onde, segundo a ONU, 1,7 milhão de pessoas foram deslocadas e carecem de alimentos, água e outros suprimentos.

— O serviço de saúde está de joelhos — disse Rob Holden, da Organização Mundial da Saúde (OMS), aos repórteres em Gaza, acrescentando: — É como um filme de terror — acrescentou.

Numa cama do hospital Nasser, em Khan Yunis, Amal Abu Dagga chorava, com o véu coberto de sangue.

— Nem sei o que aconteceu com meus filhos — declarou.

Sirenes alertando sobre possíveis mísseis foram ouvidas em várias comunidades israelenses perto de Gaza. As autoridades do país afirmaram ter retomado as medidas de segurança na área, como o encerramento de escolas.

Áreas de retirada

Durante a semana de trégua, o Hamas libertou 80 reféns israelenses em troca de 240 prisioneiros palestinos, enquanto mais ajuda pôde entrar em Gaza. Outros 25 reféns, a maioria tailandeses, foram libertados em acordos separados.

Os militares israelenses publicaram um mapa de “zonas de retirada” na Faixa de Gaza que, segundo eles, permitiria que os residentes “saiam de locais específicos se necessário para sua segurança”. Ele também enviou mensagens SMS a residentes em diversas áreas de Gaza com avisos.

As forças “iniciarão um ataque militar esmagador à sua área residencial com vista a eliminar a organização terrorista Hamas”, afirmavam os avisos. "Fique longe de todas as atividades militares."

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