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Por AFP — Caracas

A Venezuela divulgou o primeiro boletim eleitoral do referendo sobre a anexação do Essequibo, região da Guiana reivindicada por Caracas. De acordo com os números iniciais, mais de 95% dos cidadãos que compareceram à consulta pública votaram a favor da criação da província da Guiana Essequiba — cenário que os analistas já apontavam como provável, em um processo que, segundo agências internacionais que cobriram a votação no local, foi marcado pelo baixo comparecimento.

— Demos os primeiros passos de uma nova etapa histórica para lutar pelo que é nosso (...), e o povo venezuelano falou alto e em bom som — comemorou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que buscará a reeleição em 2024, para uma multidão na central Plaza Bolívar, em Caracas. — Foi um dia maravilhoso.

O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, classificou o referendo como "uma vitória evidente e esmagadora" a favor da anexação, afirmando que foram computados 10,5 milhões de votos.

Mas o número provocou polêmica, porque Amoroso não informou qual foi a participação e a abstenção nem esclareceu se falava de eleitores únicos ou do total de votos dados pelos que participaram da consulta. Líderes da oposição e alguns analistas interpretaram o anúncio como uma tentativa de disfarçar uma taxa de participação "pequena".

"Segundo Elvis Amoroso, a participação de hoje (ele não se atreveu a afirmar) foi de 2.110.864 eleitores. Foram cinco votos por eleitor (...)", destacou o ex-candidato à Presidência e líder opositor Henrique Capriles na rede social X (antigo Twitter), dividindo o total de votos divulgados de 10.554.320 pelas cinco perguntas da consulta popular. "Maduro transformou uma oportunidade de fazer algo bom para todos os venezuelanos em um fracasso estrondoso", completou.

Se a conta for confirmada, a participação seria de menos de 10% em um universo de 20,7 milhões de eleitores aptos a votar.

"É muito difícil compreender resultados dessa maneira", disse Luis Vicente León, diretor da empresa de pesquisas Datanalisis.

Sem consequências, por enquanto

O referendo sobre o território do Essequibo, uma região com 160 mil km2 com 125 mil habitantes, em princípio não tem consequências concretas. A princípio, o objetivo da Venezuela foi só reforçar sua reivindicação centenária sobre a área, negando que a iniciativa seja uma desculpa para invadir e anexar à força a região.

— Essequibo é nosso, foi nosso durante toda a vida — disse à AFP Mariela Camero, de 68 anos, uma das primeiras a votar em uma área popular de Caracas.

Território do Essequibo — Foto: Editoria de Arte
Território do Essequibo — Foto: Editoria de Arte

'Guerra' de bandeiras

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, que denunciou o referendo como “uma ameaça” à paz na América Latina e no Caribe, disse aos guianenses que “não tinham nada a temer”.

— Estamos trabalhando incansavelmente para garantir que nossas fronteiras permaneçam intactas, e que a população e o nosso país permaneçam seguros — disse numa transmissão no Facebook. — É uma oportunidade para eles mostrarem maturidade e responsabilidade.

O Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, e outros altos funcionários do governo, como a vice-presidente Delcy Rodríguez, divulgaram um vídeo no qual indígenas são vistos substituindo uma bandeira da Guiana em um mastro por uma bandeira venezuelana. Asseguraram que se tratava do mesmo levantado em 24 de novembro por Ali na Serra de Pacaraima, na área reivindicada.

'Senso comum'

A reivindicação da Venezuela intensificou-se desde que a ExxonMobil descobriu petróleo em águas disputadas em 2015, o que hoje deixa a Guiana com reservas de petróleo bruto comparáveis ​​às do Kuwait, no topo da lista de reservas per capita do mundo.

Milhares de guianenses formaram correntes humanas, chamadas de “círculos de união”, no domingo para mostrar seu apego à região. Muitos usavam camisetas com frases como “Essequibo pertence à Guiana” e agitavam bandeiras do país.

— O referendo é provavelmente significativo para eles, não para nós — disse à AFP Dilip Singh, empresário que participou de uma dessas manifestações na província de Pomeroon-Supenaam, em Essequibo. — Não temos as armas, os navios de guerra. Temos Deus e ele nos protegerá.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que reforçou militarmente a fronteira, disse no domingo que espera que "o bom senso prevaleça" na questão.

Mais recente Próxima Referendo da Venezuela sobre região da Guiana tem baixo comparecimento, apontam agências; 'sim' vence
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