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Por e — Brasília e Rio

O Exército brasileiro enviou 20 blindados a Pacaraima, em Roraima, em meio à tensão na fronteira por conta da disputa entre a Venezuela e Guiana pela região de Essequibo. A expectativa é que a situação não se agrave, mas a instituição se prepara para reforçar a presença no local. O deslocamento das unidades já estava programado para dar apoio em operações contra o garimpo, de acordo com o Ministério da Defesa.

O ministro da Defesa, José Mucio, disse que a operação já "estava planejada" para o "combate ao garimpo ilegal", mas as unidades blindadas também poderão ser usadas para garantir a segurança na região.

Os blindados são do modelo Guaicuru, e vão sair de unidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, onde ficam armazenados, segundo o Estadão. O tempo de transporte deve ser de pelo menos um mês.

Gráfico mostra o blindado brasileiro “Guaicuru”, (VBMT-LSR) 4X4 LMV-BR, da IDV — Foto: Arte O GLOBO
Gráfico mostra o blindado brasileiro “Guaicuru”, (VBMT-LSR) 4X4 LMV-BR, da IDV — Foto: Arte O GLOBO

As viaturas blindadas multitarefa – leve sobre rodas (VBMT-LSR) 4X4 LMV-BR, da IDV —, foram incorporadas há pouco tempo ao Exército, e receberam o nome de “Guaicuru” em homenagem a uma tribo indígena guerreira, que habitava os sertões do Centro-Oeste brasileiro e que era famosa por utilizar cavalos para caçar e atacar seus inimigos.

Recentemente, o Exército brasileiro aumentou para 130 o efetivo para patrulhamento na fronteira com a Venezuela. O Pelotão Especial de Fronteira de Pacaraima, em Roraima, que normalmente opera com 70 homens, ganhou o reforço de mais 60 militares na semana passada.

A ampliação do efetivo faz parte da ativação do 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado (18° R C Mec) com sede em Boa Vista, Roraima, a partir da transformação do 12º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado (12° Esqd C Mec).

O coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, mestre em Ciências Militares, explica que um regimento é composto por três esquadrões, o que significa que o Exército pretende triplicar a capacidade militar desse pelotão em Boa Vista.

— Os carros blindados que estão sendo enviados para lá fazem parte do equipamento deste regimento — disse Gomes Filho ao GLOBO. — Eles serão empregados em qualquer tipo de operação em que o regimento seja envolvido, desde uma operação de alta dificuldade, como uma guerra, até eventuais ações subsidiárias de combate a ilícitos transfronteiriços.

A crise entre Venezuela e Guiana também é acompanhada com atenção pelo Ministério das Relações Exteriores, segundo a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe no Itamaraty.

— Estamos falando em alto nível com os dois países e esperamos que a solução seja pacífica — afirmou a diplomata.

Mapa do território em disputa entre Venezuela e Guiana — Foto: Editoria de Arte
Mapa do território em disputa entre Venezuela e Guiana — Foto: Editoria de Arte

A crise

A Venezuela argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural, como foi em 1777, quando era a Capitania Geral do Império Espanhol. O país apela ao Acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido. Esse documento anulou um laudo de 1899 que definia os limites defendidos pela Guiana e pedia à Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal das Nações Unidas, que o ratificasse.

Único país da América do Sul que tem o inglês como idioma oficial, a Guiana se tornou oficialmente parte do Império Britânico em 1814, após o território ter sido cedido pela Holanda, que estava no poder desde o século XVI, depois de ser tomado por tropas britânicas em 1796. Antes disso, a região já havia sido explorada pelos espanhóis no século XV, mas não chegou a ser colonizada, como a vizinha Venezuela. Mesmo independente, até hoje a nação integra a Comunidade Britânica, grupo composto por 53 países que fizeram parte do antigo Império.

Até 1831, o território guianês era dividido nas colônias de Essequibo, Demerara e Berbice, mas foi unificado sob domínio britânico, quando passou a se chamar Guiana Inglesa. A raiz do problema atual, inclusive, remonta a este período, época em que as fronteiras eram estabelecidas por meio de acordos entre potências europeias.

De um lado, a Guiana se atém a um laudo arbitral de Paris de 1899, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Do outro, a Venezuela se apoia em sua interpretação do Acordo de Genebra, firmado em 1966 com o Reino Unido antes da independência guianesa, em que Londres e Caracas concordam em estabelecer uma comissão mista "com a tarefa de buscar uma solução satisfatória" para a questão, uma vez que o governo venezuelano na ocasião considerou o laudo arbitral de 1899 "nulo e vazio". No acordo, no entanto, Londres apenas reconhece esse posicionamento de Caracas, mas não respalda sua interpretação de que sentença de 1899 foi baseada em uma fraude. (Com Ansa)

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