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Por O Globo — Faixa de Gaza

Apesar dos planos para a retirada das suas tropas temporariamente da Faixa de Gaza, o cenário no enclave palestino ainda é preocupante. Para além das 22,3 mil mortes já registradas pelo Ministério da Saúde do Hamas em quase três meses de guerra, a Organização das Nações Unidas (ONU) chama atenção para um dado alarmante: mais de 400 mil casos de doenças infecciosas foram notificados na região desde o início dos combates.

O número, citado pelo site de notícias Middle East Eye, com sede no Reino Unido, aponta ainda que, do total, pelo menos 180 mil padecem com infecções respiratórias superiores. Na cidade de Rafah, no sul de Gaza, onde mais de um milhão de palestinos buscam abrigo após as sucessivas incursões israelenses no norte — e as ordens para deslocamento dadas pelo Exército —, centenas dormem ao ar livre com roupas de materiais inadequados para se protegerem do frio, alertou a ONU em uma publicação divulgada na terça.

As crianças menores de 5 anos, por sua vez, são acometidas pela diarreia. Ao menos 136 mil casos foram registrados — metade da população dessa faixa etária. Também há casos de sarna e piolhos (55,4 mil). No documento, a ONU reforçou o alerta para um “risco iminente” de surtos de doenças transmissíveis no enclave palestino.

Histórico trágico

Gaza, com seus mais de dois milhões de habitantes, já experimentava uma condição sanitária precária e era altamente dependente da ajuda de organizações internacionais. Com a guerra, porém, a crise foi elevada a uma escala sem precedentes.

Além das causas diretas, como as ofensivas militares israelenses, o deslocamento em massa contribuiu para o agravamento do cenário. Já nos primeiros dias do conflito, a população do norte de Gaza foi instada sucessivas vezes pelo Exército de Israel a se deslocar rumo ao sul.

Ao longo das semanas, a ordem se estendeu à população do sul que, com um norte destruído e sob um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo severo desde 2007 — imposto por Israel quando o Hamas chegou ao poder —, está agora sem opções. Até o momento, a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) estima que 85% da população já foi transferida, alguns dos civis, mais de uma vez.

Como consequência, hospitais e abrigos estão superlotados. No norte, o maior hospital de Gaza, o al-Shifa, palco de uma incursão do Exército de Israel em novembro, abriga milhares pessoas, entre equipe médica, pacientes e deslocados.

Em novembro do ano passado, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que, nos edifícios da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), as filas para tomar banho chegavam a demorar horas. Em uma atualização na terça-feira, a agência observou que, até o dia 30 de dezembro, pelo menos 486 pessoas dividiram um banheiro em instalações da agência, na cidade de Rafah.

A fome também segue assolando a população. No alerta de terça-feira, o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA), alertou que “pular refeições é a norma” e que “muitas pessoas passam o dia e a noite inteira sem comer”, em uma postagem no X (antigo Twitter).

Além dos milhares de mortos, a ONU apontou que pelo menos 7 mil pessoas foram dadas como desaparecidas ou soterradas sob os escombros.

Hospitais voltam a funcionar

Em novembro, o Unicef alertou que o enclave estava à beira de uma verdadeira “tragédia” devido à falta de combustível e de água. Sem a fonte de energia, com superlotação e chuvas constantes atingindo a região, os palestinos enfrentaram “uma séria ameaça de surto de doenças em massa” que, segundo a agência, poderia ser "letal”.

A agência de notícias turca Anadolu afirmou em dezembro que o Egito anunciou o aumento da entrada diária de combustíveis na região, passando de 129 mil litros para 180 mil. O novo volume deveria elevar o número entre 60 a 80 por dia — antes da guerra, 50 caminhões-tanque entravam diariamente. Também em novembro, o PMA denunciou uma crise no abastecimento da cadeia alimentar da região, alertando que toda a população do enclave palestino estava passando fome e corria o risco de morrer por inanição.

Como um fio de esperança em meio ao caos, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) afirmou que os hospitais do Norte de Gaza — que no fim de dezembro atingiram o colapso — estão conseguindo retomar aos poucos alguns serviços hospitalares. Entre eles, está o al-Ahli Arab, que ficou limitado a prestar atendimento a pessoas gravemente feridas.

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