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Por O Globo — Tel Aviv

O Exército de Israel começou uma nova e menos intensa fase de sua invasão na Faixa de Gaza, substituindo uma campanha aérea e terrestre em larga escala por operações mais direcionadas, disse o governo israelense nesta segunda-feira, após semanas de pressão dos EUA e de aliados para que o país reduza o escopo da ofensiva que vem causando ampla devastação e morte de civis. Privadamente, autoridades do país disseram a oficiais americanos esperar que a transição esteja completa até o fim deste mês, segundo o jornal New York Times.

O anúncio ocorreu enquanto ainda cresce a tensão na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde um alto comandante do grupo xiita libanês Hezbollah foi morto em um ataque israelense nesta segunda, quase uma semana depois do assassinato em Beirute do número dois do Hamas, Saleh al-Arouri, em ataque atribuído a Israel. Em um comunicado, o Hezbollah identificou o comandante como Wissam Hassan al-Tawil, que, segundo uma fonte de segurança libanesa, pertencia à unidade Radwan, apontada por Israel como tendo o objetivo de se infiltrar em sua fronteira norte.

No domingo, militares de Israel afirmaram ter atingido alvos do grupo xiita na região de fronteira e declararam que estavam prontos para atacar mais posições do movimento, que é apoiado pelo Irã. Segundo o contra-almirante Daniel Hagari, principal porta-voz dos militares israelenses, ao menos sete membros do Hezbollah morreram.

As mortes e a troca constante de hostilidades na fronteira com o Líbano aumentaram o temor de escalada regional do conflito entre Israel e Hamas, que começou em 7 de outubro, quando terroristas do Hamas lançaram o pior ataque em solo judeu desde a formação do Estado, em 1948, deixando 1,2 mil mortos e fazendo 240 pessoas como reféns. Israel respondeu ao ataque com uma ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza, deixando mais de 23 mil mortos — mais de 1% da população local —, segundo o Ministério de Saúde vinculado ao grupo palestino.

Por causa do risco de escalada, o secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken, iniciou seu quarto giro pela região desde o início da guerra na semana passada. Depois de passar por Turquia, Grécia, Jordânia, Catar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, o chefe da diplomacia americana chegou nesta segunda-feira a Tel Aviv. Na avaliação de Washington, um agravamento da crise com o Hezbollah seria um cenário negativo para Israel, seu principal aliado na região, que teria de lidar com uma guerra em duas frentes (no Líbano e em Gaza).

Menos soldados, menos bombardeios

Hagari, o porta-voz do Exército israelense, afirmou que a nova fase envolveria menos ataques aéreos e a continuidade da redução do número de soldados israelenses em Gaza, processo que começou no início do ano. Ao New York Times, autoridades americanas disseram esperar que a transição se concentre em missões mais cirúrgicas conduzidas por forças de elite que entrariam e sairiam de centros populacionais do enclave para procurar e matar líderes do Hamas, resgatar os 132 reféns ainda no enclave e destruir túneis construídos pelo grupo palestino.

— A guerra mudou um estágio — disse Hagari ao jornal The New York Times. — Mas a transição não terá nenhuma cerimônia: não se trata de anúncios dramáticos.

Já ao Wall Street Journal, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que a transição será entre a "fase de manobras intensas da guerra" para "diferentes tipos de operações especiais". No domingo, Israel afirmou que havia destruído a infraestrutura militar do Hamas no norte de Gaza, o que possibilitaria a mudança de táticas na área para incursões pontuais, em vez de amplas.

Segundo o ministro da Defesa, os soldados israelenses já detêm amplo controle da Cidade de Gaza, a maior do enclave, ao menos na superfície, já que na parte subterrânea há a rede de túneis. Assim, o foco agora seria combater o Hamas em seus redutos no sul e no centro de Gaza, particularmente ao redor das cidades de Khan Younis e Deir al Balah.

A informação sobre a nova fase da guerra também surge dias antes de a Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, começar as audiências sobre um caso apresentado pela África do Sul que acusa Israel de cometer genocídio contra os palestinos.

O porta-voz militar negou que Israel esteja cometendo genocídio, dizendo que o país tomou todas as precauções para evitar mortes de civis e que tentava entregar ajuda ao território.

Segundo Hagari, o Hamas pôs os civis em risco ao colocar sua infraestrutura militar dentro de áreas civis. Também acrescentou que, em vez do caso sul-africano, a CIJ deveria se concentrar em como a guerra começou, em 7 de outubro.

— Fomos nós que fomos massacrados — disse.

Crise humanitária

Enquanto multidões com dezenas de milhares civis lotam partes ao sul de Gaza, o ministro da Defesa israelense afirmou que a ofensiva militar precisaria ajustar suas táticas "levando em consideração o grande número de civis". Mas não está claro como a nova fase da ofensiva será menos perigosa para eles.

Autoridades de Saúde de Gaza relatam diariamente a morte de dezenas de pessoas por ataques aéreos, e alguns dos hospitais do território pararam de funcionar em meio a um cerco militar israelense — Israel acusa o Hamas de usar as instalações médicas para esconder infraestrutura militar.

Hagari afirmou que Israel planeja permitir a entrada de mais ajuda humanitária no território, incluindo tendas para abrigar os deslocados. No fim de dezembro, a ONU afirmou que quase 85% da população local, ou cerca de 1,9 milhão de pessoas, haviam sido forçados a deixar suas casas pelos bombardeios e pela campanha terrestre israelense.

O "imperativo absoluto" de evitar a morte de civis será um dos temas das conversas que o secretário de Estado dos EUA deve manter nesta terça-feira com autoridades israelenses. Blinken também prevê discutir a nova fase militar israelense, assim como o momento pós-guerra.

No Catar no domingo, o secretário de Estado reiterou a posição de Washington de que os civis palestinos deveriam ser autorizados a retornar a suas casas "assim que as condições permitissem" e que não deveriam ser "pressionados a deixar Gaza".

— Eles nem devem e nem podem ser pressionados a deixar Gaza — afirmou Blinken em uma coletiva de imprensa ao lado do premier Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, em Doha.

O comentário foi uma resposta a declarações de integrantes do Gabinete de Benjamin Netanyahu. Na semana passada, Itamar Ben-Gvir (ministro da Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (ministro das Finanças), defenderam a promoção de uma "solução para incentivar" a emigração dos residentes de Gaza e o restabelecimento de assentamentos israelenses no enclave palestino.

A proposta dos dois ministros já havia sido criticada semana passada por, além dos EUA, União Europeia, Estados do Golfo e ONU. No domingo, o presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que o reassentamento dos palestinos para fora de Gaza não é de "nenhuma forma" a posição israelense.

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