Os rebeldes houthis do Iêmen atingiram um navio comercial grego com um míssil no Mar Vermelho nesta terça-feira, relatou a empresa de segurança marítima Ambrey Analytics. O graneleiro Zografia foi atingido cerca de 122 quilômetros a noroeste da costa iemenita. Estima-se que este seja o terceiro incidente envolvendo a embarcação em 24 horas.
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Por sua vez, os Estados Unidos realizaram um terceiro ataque militar contra alvos houthis no Iêmen nesta terça-feira. O Comando Central militar americano afirmou que os ataques visaram quatro mísseis prestes a serem lançados, representando uma ameaça iminente para navios mercantes e da Marinha. Esse é o terceiro ataque que ocorre como parte de uma série de ações após uma barragem aérea e naval liderada pelos EUA contra alvos houthis na semana anterior.
Em 11 de janeiro, as forças americanas e britânicas lançaram uma ofensiva aérea em resposta a ataques do grupo apoiado pelo Irã a navios no Mar Vermelho desde novembro. As ações dos rebeldes seriam protestos contra a guerra entre Israel e o grupo extremista palestino Hamas na Faixa de Gaza. Segundo o grupo, os ataques têm sido direcionados a navios de propriedade, bandeira ou operados por israelenses – ou, ainda, os que estejam a caminho de portos de Israel.
Apesar disso, muitas das embarcações atingidas não têm conexões com o país. Desde sexta-feira, a Marinha dos EUA adverte os navios a se afastarem do sul do Mar Vermelho. Agora, várias linhas de navegação anunciaram que estão se desviando dessa rota para chegar à Europa. Isso gerou uma nova onda de interrupção do comércio, o que ameaça atrasos nas cadeias de abastecimento e pode causar inflação global. Cerca de 12% do comércio mundial passam pelo Mar Vermelho.
Ainda não está claro o motivo pelo qual o cargueiro grego foi atingido. No passado, dois navios que transportavam petróleo russo foram alvo por engano. O Zografia navega sob a bandeira de Malta e, após ser atingido, mudou de curso, segundo a Ambrey. O navio sofreu danos no porão de carga, mas conseguiu continuar a viagem.
Os rebeldes houthis assumiram a responsabilidade pelo ataque e alertaram que continuarão suas ações "para defender o Iêmen e em solidariedade ao povo palestino". Segundo um comunicado dos rebeldes, o Zografia dirigia-se para Israel quando foi "depois de "sua tripulação ter rejeitado ligações (...) e repetidas mensagens de alerta das forças navais" dos houthis.
A persistência dos ataques elevou o custo do seguro para navios que navegam pela região. As taxas de risco de guerra aumentaram 10 vezes nas últimas semanas, chegando a cerca de 1% do valor de um navio. Isso significa que um navio no valor de US$100 milhões pode ter que pagar US$1 milhão para navegar pelo Mar Vermelho.
Nesta terça-feira, os EUA afirmaram que a análise de armas apreendidas de um navio próximo da costa do Iêmen sugere que os houthis estavam usando o mesmo tipo de armamento em seus ataques no Mar Vermelho. A apreensão ocorreu perto da costa da Somália e no mesmo dia dos primeiros ataques aéreos dos EUA e Reino Unido.
Componentes de mísseis de cruzeiro e balísticos estavam entre os itens encontrados no navio, além de peças para equipamentos de defesa aérea. Segundo o Comando Central dos EUA, esta foi a primeira “apreensão de armas convencionais avançadas letais, fornecidas pelo Irã aos houthis, desde o início dos ataques dos houthis contra navios, em novembro”.
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