Os rebeldes houthis do Iêmen reivindicaram nesta quarta-feira a autoria de um ataque contra um navio americano na costa da cidade de Áden horas depois dos Estados Unidos incluírem o grupo novamente em sua lista de terroristas.
Segundo o porta-voz militar dos houthis, Yahya Saree, as forças navais do grupo atacaram o navio americano "Genco Picardy" com "vários mísseis" no Golfo de Áden. Saree prometeu, em declaração feita à TV, que o grupo continuaria os ataques em legítima defesa e em apoio aos palestinos em Gaza.
A agência de segurança britânica United Kingdom Maritime Trade Operations (UKMTO), por outro lado, afirmou que o ataque foi feito por um drone, ou "sistema aéreo não tripulado". O navio era um graneleiro com bandeira das Ilhas Marshall. Segundo a empresa, o incêndio provocado pelo ataque foi controlado e "a embarcação e a tripulação estão em segurança".
Um navio de guerra indiano estaria em contato com a embarcação atacada, acrescentou a empresa britânica de gerenciamento de riscos marítimos Ambrey.
Nesta quarta-feira, o porta-voz dos houthi, Mohammed Abdelsalam, disse à TV al-Jazeera que os rebeldes continuariam atacando navios no Mar Vermelho mesmo após a decisão dos EUA de colocar o grupo novamente na sua lista de entidades "terroristas". A sanção entrará em vigor em 30 dias e tem o objetivo de pressionar o grupo rebelde sem afetar a entrega de ajuda humanitária ao Iêmen, segundo o chefe diplomático dos EUA, Antony Blinken.
— Não desistiremos de atacar os navios israelenses ou os navios que se dirigem aos portos da Palestina ocupada... em apoio ao povo palestino — disse Abdelsalam à emissora, sediada no Catar.
O anúncio da classificação do grupo como terrorista veio horas depois dos EUA atingiram quatro mísseis houthi no Iêmen em um ataque preventivo na terça-feira, uma ação muito mais limitada do que a realizada em 11 de janeiro. Esses novos ataques ocorreram depois que dois navios comerciais no Mar Vermelho foram atingidos por mísseis em um espaço de 24 horas.
O graneleiro Zografia, de propriedade grega, foi atingido por um míssil enquanto navegava no sul da hidrovia iemenita na terça, ao passo que um dia antes, um cargueiro a granel de propriedade dos EUA, chamado Gibraltar Eagle, foi atingido. Isso sugere que a ação conjunta dos Estados Unidos e do Reino Unido na semana passada não impediu que os houthis realizassem outros ataques.
Ainda assim, as autoridades americanas e britânicas informaram que nenhuma carga foi atacada desde 11 de janeiro ao longo das rotas de suprimento que, segundo as autoridades, o Irã tem usado há anos para transportar armas para os houthis através do Mar Vermelho e do Golfo de Omã, inclusive através da Somália.
Desde meados de novembro, os rebeldes iemenitas houthis, alinhados ao Irã, multiplicaram seus ataques no Mar Vermelho e em águas vizinhas contra navios que consideram vinculados a Israel. Os rebeldes alegam que seus ataques são em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, onde Israel trava uma guerra contra o grupo terrorista Hamas em resposta ao ataque de 7 de outubro. Mais de 20 mil pessoas morreram em Gaza desde o início do conflito.
Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY