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Por O Globo e agências internacionais — Ancara

Vinte meses depois da Suécia tornar oficial sua intenção de fazer parte da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, o Parlamento da Turquia ratificou o protocolo de adesão do país à organização, deixando para trás sérias divergências políticas e comerciais. Agora, para os suecos se tornarem o 32º integrante da aliança, resta apenas um obstáculo: a Hungria. Para que um país se junte à Otan, é necessário o aval de todos os demais membros.

Ao todo, foram 287 votos a favor, incluindo partidos aliados ao governo e siglas de oposição, e 55 contra. No mês passado, a proposta já havia sido aprovada por uma comissão do Parlamento. Agora, texto segue para sanção do presidente Recep Tayyip Erdogan.

"O Parlamento turco votou agora a favor da aprovação da candidatura da Suécia à Otan. Um passo importante para a adesão plena à Otan", escreveu, no Instagram, o o premier sueco, Ulf Kristersson.

Anunciada em maio de 2022, em conjunto com a Finlândia, a candidatura sueca quebrou com décadas de neutralidade dos dois países nórdicos, e foi uma das respostas mais duras e imediatas à invasão russa da Ucrânia, iniciada meses antes. Os dois países já eram parceiros da Otan desde 1994, e a expectativa era de que o processo de adesão fosse extremamente rápido.

Adesão da Suécia garante domínio da Otan em um dos mares mais movimentados do mundo — Foto: Editoria de Arte
Adesão da Suécia garante domínio da Otan em um dos mares mais movimentados do mundo — Foto: Editoria de Arte

Para a Finlândia, tudo correu relativamente de acordo com o previsto: em abril do ano passado, o país se tornou o 31º membro da Otan, praticamente dobrando o tamanho da fronteira direta entre a aliança militar e a Rússia. Moscou, apesar de não usar o mesmo tom enérgico destinado a nações do Leste Europeu que se juntaram à organização, disse que agora "há problemas" entre os dois lados, e que seria criado um distrito militar específico na região que divide os países.

Para a Suécia, que não tem fronteiras com a Rússia, o maior obstáculo não estava em Moscou, mas sim em Ancara. Desde o anúncio da candidatura, o governo Recep Tayyip Erdogan acusou Estocolmo (e a Finlândia, com menor intensidade) de abrigar integrantes de grupos considerados terroristas pela Turquia, em especial do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que há décadas trava combates pela criação de um Estado independente. A queima de um exemplar do Alcorão durante um ato da extrema direita na capital sueca, em janeiro do ano passado, chegou a congelar temporariamente as conversas.

Em resposta, os suecos adotaram leis antiterrorismo mais duras, e se juntaram a Canadá e Holanda — também integrantes da Otan — em ações para facilitar as regras para exportação de itens militares pelos turcos. Ao mesmo tempo, Erdogan pressionava o governo dos EUA para que liberasse a venda de caças F-16 ao país, algo que Biden sinalizou que pode acontecer depois do sinal verde à adesão sueca à aliança militar.

Videográfico: A história e a evolução da atuação da Otan no mundo

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O atraso na confirmação também foi creditado à complexa relação entre Erdogan e a Rússia. Erdogan não condenou a invasão da Ucrânia, incrementou seu comércio bilateral com os russos e tem mantido contato constante com Vladimir Putin — em fevereiro, quando a guerra completará dois anos, ele deve fazer uma visita a Moscou, de acordo com a imprensa turca.

Ao mesmo tempo, os turcos venderam equipamentos militares cruciais aos ucranianos, incluindo os drones Bayraktar TB2, protagonistas nas primeiras semanas do conflito. Em julho do ano passado, Erdogan chegou a receber o presidente Volodymyr Zelensky em Ancara, e lhe disse que a Ucrânia "merecia" a adesão à Otan, mas que antes deveria iniciar conversas com Moscou. Com a demora na confirmação sueca, o líder turco conseguiu manter a amizade com os russos, seguir com o canal aberto com Kiev e atender suas próprias demandas, especialmente militares

Vencido o "obstáculo" da Turquia, agora a Suécia precisa convencer a Hungria, outro país que mantém boas relações com Moscou, a lhe dar sinal verde. O texto da ratificação está parado no Parlamento há mais de um ano, e parlamentares nacionalistas, aliados do premier Viktor Orbán, criticam as falas de autoridades suecas sobre a "erosão da democracia" no país. No começo do mês, Gergely Gulyas, chefe de Gabinete de Orbán, disse que os suecos "não estão dando passos para fortalecer a confiança na relação mútua" entre as nações.

— A relação agora [entre Hungria e Suécia] é de aliados, mas não pode ser considerada de amizade, então posso concluir que não é uma prioridade para a Suécia se juntar rapidamente à Otan — disse Gulyas, em entrevista coletiva, afirmando ainda que a Suécia deveria perguntar aos parlamentares húngaros quais são suas questões sobre a adesão.

Contudo, o impasse pode estar perto do fim. Nesta terça, Orbán afirmou no X (antigo Twitter) ter feito um convite a Ulf Kristersson para visitar o país e "negociar a adesão sueca". Estocolmo ainda não respondeu. Em declarações ao jornal norueguês VG, o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, pressionou os parlamentares húngaros por uma decisão.

— Espero também que a Assembleia Nacional da Hungria conclua o seu processo o mais rapidamente possível — disse Stoltenberg, cujo mandato termina em outubro. — Todos os aliados da Otan concordaram em Vilnius em convidar a Suécia a aderir à nossa aliança, e a Suécia cumpriu as suas obrigações. A adesão da Suécia torna a Otan mais forte e todos nós mais seguros.

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