Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo com agências internacionais — Tel Aviv

As Forças Armadas de Israel anunciaram que a segunda-feira foi o o dia com o maior número de mortes em suas tropas em Gaza desde o início da ofensiva terrestre contra o enclave palestino, no final de outubro. Segundo as autoridades israelenses, 24 soldados morreram, sendo 21 em um mesmo incidente. Ao todo, 219 militares já morreram desde o início da operação terrestre, de acordo com contagem do jornal Times of Israel.

O incidente mais grave do dia, e de todo o conflito, para o lado israelense, ocorreu a menos de 600 metros da divisa entre Gaza e Israel. Soldados estavam instalando explosivos em dois edifícios que seriam demolidos quando combatentes do Hamas dispararam granadas lançadas por foguetes (RPG) contra um tanque que fazia a segurança do local e contra os prédios.

Um dos projéteis fez com que explosivos fossem detonados antes da hora — em instantes as edificações ficaram em ruínas, e os militares soterrados sob os escombros. O porta-voz militar Daniel Hagari afirmou que os 21 soldados eram reservistas e trabalhavam na demolição de edifícios e outras infraestruturas perto da fronteira entre Israel e Gaza. Dos 21 mortos, 19 morreram no desabamento, e dois estavam dentro do tanque atingido por uma das granadas.

Hagari afirmou que os prédios seriam demolidos por estarem localizados em uma zona delimitada de segurança pelas tropas israelenses — desde o início da guerra, lideranças palestinas e ativistas dos direitos humanos vêm apontando para o que seria uma política ampla de demolição de estruturas no enclave. Na semana passada, uma explosão realizada pelos israelenses na Universidade Israa fez com que os EUA pedissem esclarecimentos ao governo do premier Benjamin Netanyahu. No domingo, os militares afirmaram que investigariam o incidente.

Em outro incidente, no Sul de Gaza, três militares morreram em um ataque também na segunda-feira, de acordo com o Ministério da Defesa. O presidente Isaac Herzog lamentou a morte dos soldados em uma publicação nas redes sociais, dizendo que a notícia das mortes trouxe “uma manhã insuportavelmente difícil”, tom similar ao usado por Netanyahu.

"Ontem [segunda-feira] vivemos um dos dias mais difíceis desde o início da guerra", escreveu o premier no X (antigo Twitter). "As FDI (Forças de Defesa de Israel, nomenclatura local para as Forças Armadas) lançaram uma investigação sobre o desastre. Devemos tirar as lições necessárias e fazer tudo para preservar a vida dos nossos guerreiros. Em nome dos nossos heróis, pelo bem das nossas vidas, não deixaremos de lutar até a vitória absoluta."

A morte dos militares ocorre em um momento em que Netanyahu, é alvo de forte contestação interna. Parentes dos mais de 100 reféns mantidos pelo Hamas e seus aliados em Gaza invadiram uma reunião da Comissão de Finanças do Parlamento na segunda-feira para exigir que o governo negocie sua libertação antes que seja tarde demais.

— Vocês ficam sentados aqui enquanto nossos filhos morrem lá — gritou Gilad Korngold, pai de um dos reféns.

O grupo, que é autorizado regularmente a falar com os parlamentares, entrou na sessão aos gritos de “todos e agora” para apelar pelo regresso de todos os reféns.

Netanyahu tem se mostrado resistente em interromper a atividade militar contra o enclave palestino mesmo que, dentro de seu próprio Gabinete, haja defensores da trégua para resgatar os reféns. No domingo, o premier disse que não diminuiria a atividade militar, mas com a pressão crescente, é incerto se ele conseguirá prevalecer.

Analistas mais críticos ao seu governo associam o ímpeto do premier a uma vontade de agradar a extrema direita, que compõe o Gabinete e que lhe dá suporte político, e à própria sobrevivência política de um líder que enfrenta processos na Justiça que podem levá-lo à cadeia..

Essa visão é corroborada por boa parte dos israelenses: uma pesquisa do Canal 13, divulgada domingo, aponta que 53% dos entrevistados dizem que os interesses pessoais do premier são os principais fatores levados em consideração na hora de tomar decisões sobre a guerra. Para 33%, Netanyahu está agindo "para o bem do país". A mesma pesquisa revela que Benny Gantz, rival do premier e que integra o Gabinete de guerra, venceria as eleições se elas fossem realizadas hoje.

Manifestantes protestam em frente ao Gabinete de Benjamin Netanyahu — Foto: Marco Longari/AFP
Manifestantes protestam em frente ao Gabinete de Benjamin Netanyahu — Foto: Marco Longari/AFP

Em meio à pressão, fontes israelenses ouvidas pelo site americano Axios afirmaram que Israel teria proposto ao Hamas uma pausa de dois meses nos combates em troca da libertação de todos os reféns. A proposta não implicaria o fim da guerra em Gaza, mas sim um segundo cessar-fogo após um primeiro temporário que permitiu o retorno de um grande número de reféns em novembro.

Ainda de acordo com o site americano, a proposta de Israel preveria o retorno dos reféns vivos em várias fases, a primeira delas para as mulheres, homens com mais de 60 anos e aqueles com condição médica crítica. Em seguida, seguiriam as mulheres soldados, os homens com menos de 60 anos que não são militares, soldados do sexo masculino e os corpos dos reféns mortos em cativeiro.

Contudo, horas depois da publicação, fontes ligadas ao Hamas afirmaram à agência Associated Press que o grupo rejeitou o plano, e reiterou que qualquer proposta do tipo deve estabelecer a retirada militar de Israel de Gaza e a libertação de todos os prisioneiros palestinos. A imprensa israelense afirmou que o governo ainda não foi informado oficialmente sobre essa resposta do Hamas. Segundo a pesquisa divulgada no domingo pelo Canal 13, 46% dos israelenses são contra libertar todos os prisioneiros palestinos e suspender os combates em troca do retorno dos reféns em Gaza, como querem muitos dos parentes deles. (Com NYT e AFP)

Mais recente Próxima Ataque com mísseis contra Kiev e Kharkiv, na Ucrânia, deixa 4 mortos e dezenas de feridos, dizem autoridades

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Gangue originária da Venezuela atua em diversos países da América do Sul e EUA e está ligada a extorsões, homicídios e tráfico de drogas

Texas declara grupo Trem de Aragua, da Venezuela, como ‘terrorista’ e assume discurso de Trump contra imigração

Trabalhador de 28 anos tentava salvar máquinas da empresa e foi cercado pelo fogo

Brasileiro morre carbonizado em incêndio florestal em Portugal

Marçal prestou depoimento nesta segunda-feira (16) sobre o episódio

Novo vídeo: ângulo aberto divulgado pela TV Cultura mostra que Datena tentou dar segunda cadeirada em Marçal

Polícia Civil deve cumprir mandados de prisão contra os suspeitos ainda esta semana

Incêndios florestais no RJ: 20 pessoas são suspeitas de provocar queimadas no estado

Além de estimativas frustradas, ministro diz que comunicação do BC americano levou analistas a vislumbrar possibilidade de subida na taxa básica americana

Haddad vê descompasso nas expectativas sobre decisões dos BCs globais em torno dos juros

Ministro diz que estes gastos fora do Orçamento não representariam violação às regras

Haddad: Crédito extraordinário para enfrentar eventos climáticos não enfraquece arcabouço fiscal

Presidente irá se reunir com chefes do STF e Congresso Nacional para tratar sobre incêndios

Lula prepara pacote de medidas para responder a queimadas

Birmingham e Wrexham estão empatados na liderança da competição

'Clássico de Hollywood': time de Tom Brady vence clube de Ryan Reynolds pela terceira divisão inglesa

Projeto mantém medida integralmente em 2024 e prevê reoneração a partir de 2025

Lula sanciona projeto de desoneração da folha de pagamento de setores intensivos em mão de obra