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Por O Globo, com agências internacionais — Moscou

Um avião militar russo Il-76 com 74 pessoas a bordo caiu na região de Belgorod, na fronteira da Ucrânia, sem deixar sobreviventes, anunciaram autoridades russas nesta quarta-feira, que ainda acusaram Kiev de ter abatido a aeronave. Contudo, a causa da queda não está clara, e há relatos conflitantes sobre quem ou o que estava a bordo.

De acordo com a imprensa local, a aeronave caiu nos arredores da vila de Yablonov, perto de Belgorod, cidade próxima à fronteira com a Ucrânia e que tem sido alvo de ações recorrentes vindos do lado ucraniano — no fim de dezembro, ataques deixaram ao menos 25 mortos. Destroços foram achados a até cinco quilômetros do local final do impacto, e alguns corpos também foram localizados em propriedades de toda a região.

Com 46,7 metros de comprimento, o Ilyushin Il-76 também tem 50,5 metros de envergadura da asa, e a altura no solo é de 14,8 metros — Foto: Reprodução
Com 46,7 metros de comprimento, o Ilyushin Il-76 também tem 50,5 metros de envergadura da asa, e a altura no solo é de 14,8 metros — Foto: Reprodução

Em comunicado, o Ministério da Defesa da Rússia declarou que a aeronave decolara da base de Chkalovsky, nos arredores de Moscou, rumo a Belgorod, levando 65 prisioneiros ucranianos, que seriam envolvidos em uma troca por russos capturados em combate. Além deles, a bordo estavam seis tripulantes e três integrantes do Ministério. Um outro Il-76, transportando mais 80 prisioneiros de guerra, foi desviado da mesma rota.

Às 11h15 pelo horário local, 5h15 pelo horário de Brasília, a aeronave desapareceu dos radares, e começaram a surgir relatos sobre a queda e sobre o que teria acontecido com o Ilyushin Il-76, o avião de carga mais popular da história do transporte aéreo civil e militar: no mesmo comunicado, o Ministério da Defesa afirmou que a aeronave foi abatida por mísseis lançados pela Ucrânia, da região de Kharkiv, próxima à fronteira.

"A liderança ucraniana sabia que, de acordo com a prática estabelecida, o transporte de militares seria realizado em aeronaves de transporte militar. De acordo com o acordo previamente alcançado, este evento aconteceria à tarde no posto de controle de Kolotilovka, na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia", diz o texto.

Sem citar fontes, o senador e ex-comandante das Forças Aeroespaciais Russas, Viktor Bondyrev, disse em entrevista que a tripulação chegou a receber um alerta ainda durante o voo.

— O fato do avião ter sido abatido é 100% claro, visível e compreensível. Além disso, a tripulação conseguiu relatar: houve uma influência externa — afirmou ao canal Vmeste-RF.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores russo chamou o incidente de "atrocidade da camarilha criminosa do [presidente ucraniano Vladimir] Zelensky", e disse que os ucranianos estavam cientes de que haveria uma troca de prisioneiros naquela área nesta quarta-feira.

"Em Kiev, eles estavam bem cientes da troca iminente. Eles sabiam como e por qual rota os prisioneiros de guerra seriam entregues. O ataque ao avião foi uma ação deliberada e consciente. O ataque terrorista demonstra claramente a incapacidade do regime de Kiev para negociar”, diz o texto. Também foi solicitada uma reunião urgente no Conselho de Segurança da ONU.

Questionado em sua entrevista coletiva diária, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não comentou os acontecimentos devido ao caráter demasiado “recente” da informação.

— Vamos esclarecer tudo isso — disse ele.

Pelo lado ucraniano, as reações iniciais foram de certa confusão. Inicialmente a imprensa local, citando fontes do Estado-Maior da Ucrânia, afirmou que o avião levava mísseis para o sistema de defesa aéreo S-300, e não combatentes do país. Com o passar das horas, surgiram confirmações de que realmente havia uma troca de prisioneiros prevista.

— Sim, a troca foi planejada para hoje [quarta-feira]. Mas até o momento não há informações de que havia prisioneiros de guerra no avião. Espere informações de autoridades ucranianas que possam comentar a situação — disse uma fonte no governo ucraniano ao site Meduza.

Sem citar prováveis causas, a Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia disse, em publicação no Telegram, não ter informações sobre quem estava a bordo da aeronave, afirmou ter cumprido sua parte na entrega dos prisioneiros russos e, em tom crítico, sugeriu que os russos puseram o avião deliberadamente em uma área de conflito sem aviso prévio.

"O pouso de um avião de transporte em uma zona de guerra não pode ser segura e deve ser discutida em qualquer caso por ambas as partes, pois caso contrário colocará em risco todo o processo de troca." diz a publicação. "O lado ucraniano não foi informado da necessidade de garantir a segurança do espaço aéreo na área da cidade de Belgorod durante um determinado período de tempo, como tem sido feito repetidamente no passado. A Ucrânia não foi informada sobre o número de veículos, rotas e formas de entrega dos prisioneiros. Isto pode indicar ações deliberadas da Rússia destinadas a criar uma ameaça à vida e à segurança dos prisioneiros."

Em outro comunicado, as Forças Armadas ucranianas apontaram para um aumento do número de mísseis lançados contra Kharkiv e prometeram reagir de todas as formas, embora não tenham mencionado diretamente o incidente com a aeronave russa.

"Tendo isto em conta, as Forças Armadas da Ucrânia continuarão a utilizar medidas para destruir veículos de entrega e controlar o espaço aéreo para eliminar a ameaça terrorista, inclusive na direção Belgorod-Kharkiv", diz o texto.

Avião militar russo cai com prisioneiros ucranianos a bordo, segundo agências russas

Avião militar russo cai com prisioneiros ucranianos a bordo, segundo agências russas

Desde o início da ofensiva contra a Ucrânia, a Rússia perdeu várias aeronaves militares. Na semana passada, por exemplo, Kiev afirmou ter destruído um avião espião A-50 e um avião de comando Il-22.

Um avião que transportava o chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigojin, também caiu em agosto de 2023 num voo entre Moscou e São Petersburgo. As autoridades russas negaram qualquer envolvimento no incidente, que ocorreu semanas após um motim do grupo Wagner.

Aeronave de transporte militar russo Ilyushin-76

Projetado para transportar militares, equipamentos e cargas, o Il-76 foi o primeiro avião na URSS com propósitos militares de transporte e motores a jato. O avião é capaz de transportar de 20 a 60 toneladas de carga. Além disso, pode acomodar até 145 soldados com armas pessoais (ou, na versão de dois andares, 225). Ele também pode transportar até quatro unidades de equipamento de combate. Seu alcance máximo de voo é de 6,7 mil km, com carga máxima de combustível de 109 mil litros.

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