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Ex-funcionários do serviço de Segurança Nacional de Israel e das Forças Armadas, grandes empresários e até prêmios Nobel pediram nesta semana a destituição de Benjamin Netanyahu do cargo de primeiro-ministro do país. Em uma carta enviada ao presidente Isaac Herzog e ao presidente do Parlamento, Amir Ohana, os 43 signatários afirmam considerarem o premier uma “ameaça existencial” ao Estado judeu.

O texto, citado pela emissora americana CNN, critica a atual coalizão governista formada no Parlamento pelo premier, que pavimentou o caminho para a posse do governo mais à direita e antiárabe da história do país, e condena a reforma judicial apresentada em janeiro do ano passado, que visava acabar com o poder da Corte de analisar a razoabilidade das decisões do governo.

Para os signatários, o somatório desses eventos teria culminado nas falhas de segurança e inteligência que desembocaram no ataque do Hamas no dia 7 de outubro, o mais mortal em 50 anos: 1,2 mil pessoas foram mortas e ao menos 250 foram levadas como reféns para Faixa de Gaza, segundo as autoridades israelenses. O documento sublinha que Netanyahu, “o principal responsável pela criação destas circunstâncias”, tem nas mãos “o sangue das vítimas”.

“Os líderes do Irã, do Hezbollah [milícia xiita libanesa] e do Hamas elogiaram abertamente o que consideraram corretamente como um processo desestabilizador e erosivo da estabilidade de Israel, liderado por Netanyahu, e aproveitaram a oportunidade para prejudicar e deteriorar a segurança de Israel”, disse o documento.

O texto acusa ainda o premier de ter financiado por anos o Hamas, que controla Gaza desde 2007, às custas da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Segundo a CNN, o Catar, sob o consentimento do premier, teria destinado dinheiro para o pagamento de funcionários públicos e benefícios dos aposentados.

Carta será entregue ao Knesset

Netanyahu, assinala a carta, se recusa a assumir a responsabilidade pelo 7 de outubro. Na época, mesmo o principal jornal do país, o Haaretz, chegou a apontar o dirigente como responsável. Ainda assim, os signatários observam que a postura do premier vai na direção contrária, “culpando outros e incitando aqueles que lutaram para salvar a democracia israelense das suas ações e planos destrutivos, e agora mobilizam-se de todo o coração para apoiar os esforços de guerra nacionais de Israel.”

A carta foi entregue na quinta-feira a Herzog e na sexta a Ohana. Ela é assinada por quatro ex-diretores dos serviços de segurança de Israel, entre eles, Moshe Yaalon, um ex-aliado que foi ministro da Defesa do país e que já pediu a renúncia de Netanyahu em uma rede social. Há também dois ex-chefes das Forças Armadas, três ganhadores do prêmio Nobel de Química, ex-CEOs e embaixadores. O documento conclui com o apelo para a destituição: “A nação israelense e a história judaica não os perdoarão se não cumprirem sua maior responsabilidade nacional.”

A emissora explica que nem o presidente nem o dirigente do Parlamento têm o poder de remover unilateralmente o primeiro-ministro do cargo. Por isso, a carta também será destinada aos parlamentares do Knesset — Parlamento judeu —, que têm o poder real para substituir Netanyahu.

Queda na popularidade

Netanyahu foi o líder de governo mais jovem, o primeiro nascido no país após a independência e quem ficou no poder por mais tempo, de 1996 a 1999 e de 2009 a 2021. Também foi o primeiro a ser julgado por corrupção enquanto ocupava o posto, retornando ao cargo um ano e quatro meses após ser deposto por uma coalizão heterogênea.

Voltou ao cargo de primeiro-ministro após os resultados das eleições legislativas anunciarem sua vitória. Foi nomeado premier em novembro de 2022, com o governo considerado o mais direitista da História do país, reunindo partidos de direita, extrema direita e ultraortodoxos.

Já em meados de 2023, uma onda de manifestações invadiu o país contra o controverso projeto de reforma do Judiciário, cuja peça-chave chegou a ser aprovada em julho, mas foi invalidada pela Suprema Corte em janeiro deste ano. Pouco depois, a guerra eclodiu e a pressão no governo — interna e externa — aumentou.

Netanyahu prometeu aniquilar o Hamas após o ataque terrorista. Desde então, tem perpetrado pesados bombardeios na Faixa de Gaza, além de uma incursão terrestre. Já são mais de 25 mil mortos e milhares de deslocados, além da acentuação da crise humanitária devido a implementação de um "cerco total" no enclave palestino, que já estava sob um severo bloqueio marítimo, terrestre e aéreo. Órgãos e atores internacionais têm instado o governo a proteger os civis palestinos e encontrar soluções pacíficas para o conflito. Mesmo seu principal aliado, os EUA, com quem Netanyahu tem tido divergências sobre o pós-guerra, alertaram o premier de que suas ações poderiam diminuir seu apoio internacional.

As ações israelenses na guerra levaram o governo da África do Sul a apresentar uma queixa na Corte Internacional de Justiça (CIJ), acusando as autoridades israelenses de cometerem um "genocídio" contra os palestinos. A acusação começou a ser avaliada pelo tribunal internacional há duas semanas e, nesta sexta-feira, a CIJ determinou que o Israel tome todas as medidas em seu poder para evitar violações da Convenção das Nações Unidas sobre Genocídio, de 1948, e permita a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino.

Internamente, familiares insistem para que o governo organize novas tratativas para trazer os cerca de 130 reféns restantes em Gaza — 105 foram libertados em troca de 240 prisioneiros israelenses, em um acordo entre as partes — e vêm endurecendo suas manifestações. Pelo terceiro dia seguido, familiares protestaram na passagem de Kerem Shalom para impedir a passagem da entrada de ajuda humanitária até que todos fossem libertados. Dias antes, parentes dos sequestrados invadiam uma sessão do Parlamento, em Jerusalém. Até o gabinete de guerra, convocado pelo premier Benjamin Netanyahu na tentativa de unificar a resposta do país após o ataque do Hamas, tem apresentado fissuras.

Segundo uma pesquisa feita esta semana pelo Canal 13 de Israel, e citada pela CNN, a popularidade do Likud, partido de Netanyahu, e da maioria de sua coalizão caiu nas pesquisas desde o ataque do Hamas, e o Partido de União Nacional de Benny Gantz — ex-ministro da Defesa e membro do gabinete de guerra — agora lidera por ampla margem. Se as eleições fossem hoje, o Likud ficaram em segundo lugar, com uma diferença grande.

O sinal de corrosão do apoio popular fez com que dois grandes jornais israelenses, o The Jerusalem Post e o Haaretz, publicassem que a chance de uma eleição para substituir o governo, planejadas para o fim de 2026, deveria ser antecipada para 2024.

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